Suellen Figueiredo – O dicionário da língua portuguesa define Esperar como “estar ou ficar à espera de; aguardar” e Esperança como “Ato de esperar aquilo que se deseja obter”. Estamos as vésperas do Ano Santo e o Papa Francisco nos convida a olhar a nossa fé com as “lentes” da Esperança.
“A sala de Espera de Deus”
Uma grande sala, com muitas cadeiras, relógio na parede e o tempo que parece estar congelado. Esse é para muitas pessoas a imagem que a espera causa. Quem nunca se pegou com essa imagem na cabeça quando pensa em esperar? Com certeza em algum momento da sua vida, você pode viver essa cena, seja no consultório de dentista ou para aquela entrevista de emprego.
No início, uma ansiedade, empolgação por não saber como será, depois que passar pela porta. Porém, logo outros começam a ser chamados e você ainda não. É aí que a espera pode se transformar em algo angustiante. A esperança de início já parece não ser suficiente para manter a fé.
No Evangelho de Mt 25, 1-13 lemos sobre a parábola sobre as 10 virgens a espera do noivo: “O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram imprevidentes, e as outras cinco eram previdentes. As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo consigo. As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo junto com as lâmpadas. O noivo estava demorando e todas elas acabaram cochilando e dormindo. No meio da noite, ouviu-se um grito: ‘O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!’ Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas. As imprevidentes disseram às previdentes: ‘Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando’. As previdentes responderam: ‘De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar aos vendedores’. Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas entraram com ele para a festa de casamento. E a porta se fechou.”
A verdade é que não existe “sala de espera”. Mas, o que você faz enquanto espera é que vai ser o resultado desse tempo. Deixar de estar em uma grande “sala vazia” e passar a viver um tempo de conhecimento e preparação.
Viver a Aliança de Amor
A nossa história de Aliança é uma história de espera, de esperança. Desde o início, o Fundador, Pe. José Kentenich, soube esperar e observar, para saber o desejo de Deus para cada passo. No final do documento de pré-fundação, ele escreve: “Vamos criar esta organização. Nós – não eu. Porque, neste sentido, não farei nada, absolutamente nada, sem vosso pleno consentimento.” Esperar para nós, significa construir junto.
Em Schoenstatt conhecemos o conceito de autoeducação e, com ele, as esperas passam a ter mais sentido. Os nossos oferecimentos ao Capital de Graças são uma forma de esperar com confiança filial. Oferecemos à Mãe e Rainha o cuidado por nossa vida e, ao mesmo tempo fazemos a nossa parte nesse cuidado.
Esperar é sinônimo de Esperança
Aprendemos muitas vezes a relacionar a espera com algo difícil. Mas, uma Mãe que espera para conhecer o rostinho do seu primeiro filho, espera com Esperança e se prepara para esse dia.
O Papa Francisco, na Bula de proclamação do Jubileu 2025, Misericordiae Vultus, nos ensina: “Deste entrelaçamento de esperança e paciência, resulta claro que a vida cristã é um caminho, que precisa também de momentos fortes para nutrir e robustecer a esperança, insubstituível companheira que permite vislumbrar a meta: o encontro com o Senhor Jesus (MV, 5).
Testemunho de vida
Em Schoenstatt, temos muitos exemplos de como a espera pode ser um meio para viver a esperança. No livro Filialidade Heroica, o Pe. Kentenich nos ensina o conceito da Filialidade heroica que significa: “desprendimento heroico de si e o abandono heroico a Deus”. Este ideal vemos na Ir. M. Emilie Engel que com seu testemunho de vida, soube viver as esperas que Deus lhe apresentou com esperança oferecendo tudo pela fecundidade do Movimento de Schoenstatt.
O prelado Pe. Schmitz, sacerdote pertencente à Família de Schoenstatt, em uma homilia destacou sobre a vida e o atuar da Ir. M. Emilie Engel: “Quem esteve em contato com a Ir. Emilie nos últimos meses, não pode subtrair-se ao encanto de sua personalidade. Uma calma transfigurada refletia de seu ser, ela revelava sabedoria e maturidade de seus juízos e na prudência de seus conselhos, e presenteava um amor maternal e compreensivo que foram seu verdadeiro carisma; percebia-se que estava mergulhada no amor do Pai, na Providencia Divina”.(Meu sim é para sempre – Margareta Wolff)
“Esperançar o tempo”, trazer a esperança ao foco do tempo de espera, traz para junto de nós o próprio Deus da Esperança e do Amor. Que sejamos capazes de ter um coração docil para enxergar com as “lentes da esperança” o Ano Santo e vive-lo em nossa Aliança de Amor.
Referencias:
Meu sim é para sempre – Margareta Wolff
Filialidade Heróica