Suellen Figueiredo – No ultimo dia 13 de janeiro, foi sancionado um projeto de lei de proibição do uso de celulares nas escolas de todo país. A nova lei proíbe o uso dos smartphones durante a aula, mas também no recreio ou nos intervalos entre os cursos.
Para o relator do projeto na Câmara, o deputado federal Renan Ferreirinha, a proposta não condena o uso da tecnologia da educação, mas defende um uso “consciente e responsável, de forma orientada e com propósito pedagógico… Do contrário, em vez de ser uma aliada, pode se tornar uma violadora do processo educacional… A intenção é que os alunos consigam interagir de forma mais significativa, tanto nas aulas quanto no recreio”.[1]
O uso consciente da tecnologia é um tema que Pe. Kentenich sempre aprofundou com seus seguidores, como vemos no Documento de Pré Fundação, de outubro de 1912.
A tecnologia nas raízes de Schoenstatt
O Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, em sua palestra de apresentação aos jovens seminaristas, após ser nomeado diretor espiritual: “É preciso decidir! Para a frente ou para trás! Para onde? Vamos então retroceder? Teremos, portanto, que voltar à Idade Média, arrancar as linhas férreas, cortar os fios dos telégrafos, devolver a eletricidade às nuvens e o carvão à terra, fechar as universidades! Não, nunca! Não queremos fazer tal coisa, não devemos fazê-lo, não podemos fazê-lo.”[2]
Hoje, 113 anos depois, chegamos a uma realidade em que a tecnologia simplesmente faz parte do dia a dia e a inteligência artificial (IA) “aprende” com nossos hábitos e consumo: Quando buscamos por nossas preferencias de produtos e serviços, quando compartilhamos nossas opiniões e questionamentos nas publicações das redes, todas as nossas ações deixam um rastro de como funciona nosso comportamento. Em contra partida a todo esse avanço, somos a geração com maiores índices de depressão e ansiedade.
Como lidar com a tecnologia?
Como então devemos lidar com a tecnologia sem nos deixar dominar por ela? O Pe. Kentenich também nos respondeu isso no Documento de Pré-Fundação quando disse: “Então avancemos! Sim, avancemos na pesquisa e na conquista do nosso mundo interior através de uma autoeducação consciente dos seus objetivos.
Quanto maior o progresso exterior, maior o aprofundamento interior. É este o brado, o lema que está a ser propagado por toda a parte, não só entre católicos mas também no campo inimigo. Também nós, de acordo com a nossa formação, queremos seguir estas aspirações modernas”.[3]
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Portanto, autoeducação
O caminho para o domínio consciente das tecnologias já nos foi dado: “O grau do nosso progresso no domínio das ciências tem que ser o grau do nosso aprofundamento interior, do crescimento da nossa alma. Caso contrário, cria-se também no nosso interior um vazio enorme, um abismo tremendo que nos faz sentir profundamente infelizes. Portanto, autoeducação!”[4]
Como podemos nós então trabalhar essa autoeducação? Listamos alguns pontos que podem nos ajudar:
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- Cultivar momento “off-line”, quando com amigos e família apreciar a conversa sem mexer no celular.
- Fazer tarefas do dia a dia sem o estímulo do celular, se permitir lavar uma louça ou tomar banho sem estar escutando música ou vendo vídeos.
- Ter tempo para leitura, um hábito que nos permite estimular a imaginação e concentração.
- Praticar escrita pessoal, nos ajuda a refletir sobre nossos pensamentos e ações de forma mais racional.
Em Schoenstatt, o horário espiritual é o meio onde podemos executar as ações que podem nos levar a um maior conhecimento de nós mesmos e a educar nossa vontade e a dominar nossos impulsos. Pela Aliança de Amor, colaboramos com a Mãe e Rainha Três Vezes Admirável na formação do homem novo e o esforço para o uso correto do celular é a oferta que depositamos na talha do Capital de Graças.
Fonte:
[1] https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/01/13/lula-sanciona-projeto-que-limita-uso-de-celulares-nas-escolas.ghtml
[2] KENTENICH, Pe. José. Documento de Pré-Fundação em Documentos de Schoenstatt. Santa Maria: Movimento Apostólico de Schoenstatt, 1995.
[3] Idem
[4] Idem