Regininha, uma apóstola feliz*
Maria Regina Sakura Tokano, descendente de família japonesa, nasceu em 12 de fevereiro de 1943 em Pirianito/PR (antigo nome de Uraí/PR), registrada em Jataizinho/PR. Passou sua infância com seus pais e quatro irmãos em Uraí. Fez o curso normal e formou-se “professora” para o então magistério primário.
Depoimento de sua amiga
Sua colega Maria Inês Nardim relata: “Enquanto criança levava uma vida normal como as demais de seu tempo, com os mesmos brinquedos, sonhos brincadeiras e aspirações.
Como filha de mãe parteira, recebeu dela lições de doação humano e testemunho de uma profissional competente e consciente de seus deveres e missão. Como filha de pai engenheiro, entrou em contato com os ‘livros e papéis’ antes que suas colegas de sua idade.
O ingresso no Ginásio Assunção dirigido pelos Padres Capuchinhos, além de habilitá-la nos estudos, abriu-lhe larga porta que modificou a sua vida: teve a oportunidade de ingressar na Igreja Católica.
Foi batizada em 05.06.1954, na Igreja de Nossa Senhora Aparecida. Por ocasião do Batismo, os alunos escolhiam um nome cristão. Sakura (que em japonês é o nome da flor de cerejeira) escolheu o nome cristão Maria Regina, em clara homenagem a Maria Santíssima, sob o título de Nossa Senhora Rainha.”
Deus a conduz para Schoenstatt
Com grande idealismo soube enfrentar com fortaleza, perseverança e responsabilidade grandes lutas consigo mesma e com o meio ambiente, pela conquista do elevado ideal que descobriu como meta de sua vida e aspiração.
Em 1961, veio para Londrina/PR, a fim de continuar seus estudos no curso de história, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na atual Universidade Estadual de Londrina.
Hospedou-se no pensionato do Colégio Mãe de Deus, assumindo o cargo de bibliotecária, para ajudar no custeio de suas despesas pessoais. Apesar da timidez que lhe era característica, aos poucos foi adquirindo uma certa confiança nas pessoas e ao mesmo tempo uma autoconfiança em si mesma.
Desperta a filha heroica
Aceita o convite para pertencer ao grupo da Juventude de Schoenstatt, lentamente estabelece seu contato muito íntimo com a Mãe e Rainha de Schoenstatt, o fundador Pe. José Kentenich e a Família de Schoenstatt. Isto a levou a uma transformação completa de vida.
Sempre mais cresceu em seu coração o ardente desejo de ser uma outra Maria. Para isso, não mediu esforços em sua autoeducação como contribuições ao Capital de Graças. Prova eloquente desta realidade são as profundas anotações de seu diário. A exemplo de José Engling, quis fazer de seu coração um florescente canteiro de lírios, expressão de seu ideal pessoal: Amar pelo servir em prontidão filial.
Esta jovem é santa!
Terminados seus estudos, retornou a Uraí, onde lecionou no Ginásio Estadual e na Escola Normal Coelho Neto. A disciplina de História abriu-lhe o campo para estar perto da adolescência e da juventude uraiense.
Sentiu-se chamada por Deus à vida religiosa, porém não conseguiu concretizar este ideal porque muito cedo foi colhida pela mão paternal de Deus, que a chamou para junto de si, aceitando sua oferta heroica, no dia 5 de julho de 1966, em Curitiba/PR.
O vigário, Frei Tito Oliveto, seu confessor, após sua morte comentou: “Esta moça é uma santinha; não perde missa e a comunhão diária…”
Uma semente lançada
Ao encontrar se com uma diretora de escola de Uruaí, Regininha havia pedido para construir ali uma capelinha e mostrou-lhe uma foto do Santuário. Alguns anos após sua morte, numa Escola de segundo grau que recebeu o nome de Regina Tokano e foi construída uma capela dedicada a Mãe e Rainha de Schoenstatt.
Na escola onde lecionava, encontra-se um memorial com sua fotografia, como expressão do carinho e da sua amizade de seus colegas. Tudo isto nos fala de sua influência apostólica no meio onde atuava. Regininha foi uma pequena semente que se lançou com amor e ousadia no solo sagrado de Schoenstatt para a glória de Deus e louvor de Maria.
Veja também: O que dizem seus conterrâneos
Do seu diário
21.06.1961 – “Mãezinha, alcança-me a graça de ser ‘tudo para todos’ como José Engling; de fazer ‘tudo direitinho’, como João Wormer; de dizer ‘sempre SIM à vontade do Pai’ como Irmã M. Emilie.”
08.12.1961 – “Mãezinha, como és bela! Como és boa! Como eu te amo!… Hoje é o grande dia da minha primeira consagração, de minha primeira Aliança de Amor contigo. Sou tão feliz que gostaria de dizer a todo mundo que tu me amas, que Te amem, pois tudo receberão de ti. Estou num paraíso terrestre, onde sou imensamente feliz, só porque amo a Ti, ao Pai Celestial e tudo aceito como sua vontade. Sou fraca, mas Tu tens me ajudando tanto, que nem sei como agradecer-Te. Obrigada, Mãezinha!”
22.12.1961 – “Mãezinha, eis-me novamente em casa. Ajuda-me a ser uma pequena Maria, também aqui, aceitando tudo como vontade do Pai. Já sinto grande saudade de Londrina, mas – por outro lado, estou contente, pois sei que estás comigo, aqui em casa, poderei oferecer muitas coisas ao Capital de Graças e juntar peninhas para o berço do Menino Jesus.”
Trechos de sua consagração de Carta Branca
“Querida Mãezinha, eis-me aqui, tua filha pequeninha que hoje, como prova de gratidão por tudo, vem consagrar-se a ti. Aceita o meu corpo e minha alma, meus talentos e defeitos, minha inteligência e vontade, liberdade e querer e este meu coração juvenil abrasado de amor por ti. Aceita-me com tudo que possuo e sou. Usa-me como agrada ao Pai. Amar pelo servir em prontidão filial.
Neste dia jubilar, aceita minha pequena vida pelos interesses de Schoenstatt… Ofereço-me como holocausto se isto não for contra os desígnios do Pai.
Aceita-me Mãe e Rainha de Schoenstatt. Faz-me um pequeno grão de areia e enterra-me bem fundo, na grande catedral de Schoenstatt, para ser o grande alicerce da geração do Pai.
Londrina, 18 de outubro de 1963 – Schoenstatt, 18 de outubro de 1914
Tua filha pequenina Maria Regina Sakura Tokano”
*Artigo enviado por Ir. Lucia Maria Menzel