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Imagem de Syed Ali Mehdi em Pixabay
Homilia do Pe. Carlos Padilla*, VIII Domingo do Tempo Comum, Ano C
Jesus me pede para olhar com pureza de coração. Mas eu costumo ver o mal no mundo, nos outros, em mim mesmo. Ele me diz: “Por que você olha para o cisco no olho do seu irmão e não percebe a trave no seu? Como você pode dizer ao seu irmão: “Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho, sem prestar atenção na trave no seu?” Hipócrita! Primeiro tire a trave do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.
Com facilidade vejo o cisco no olho de outro
Eu olho para o que os outros fazem de errado e os condeno… Eu sei o que os outros precisam fazer para melhorar suas vidas. Talvez porque não preste tanta atenção no que eu faço de errado. Para o meu erro, sempre encontro desculpas… Para outros, tenho um olhar atento que descobre o mal e denuncia o pecado. À distância, sou capaz de ver o que não funciona, interpreto gestos, analiso as pessoas e as classifico. Eu sei o que os outros devem fazer para serem pessoas melhores.
Falta-me humildade
Costumo julgar o mundo do topo do meu ponto de vista, como se eu não tivesse pontos fracos. É por isso que é bom olhar para o meu coração, ver minha própria fraqueza, para assumir minha imperfeição. Se eu tivesse consciência da minha fragilidade, do meu pecado, olharia com mais humildade para os outros. Eu desceria da minha torre, me colocaria em pé de igualdade com os fracos e não os condenaria tão facilmente. Eu observo tudo e não fico calado, às vezes a raiva me move e explodo. Mas, na verdade, não me importo se isso é o melhor para outros, mas, quero só o meu bem estar: O que me incomoda é o que importa. Esqueço que eu tenho defeitos que também incomodam outros.
Essas imperfeições enfraquecem minha entrega e meu amor. Preciso estar mais consciente do que posso mudar em mim mesmo. Qual é o cisco que não consigo ver? Eu olho para o meu coração como Jesus olha: com misericórdia. Eu vejo minhas deficiências e pecados. Sim, existem muitos e não são piores nem melhores do que os outros. Se começo a trabalhar (para melhorar a mim mesmo), não presto muita atenção aos outros. Em vez disso, meu olhar se torna um olhar cheio de admiração para a beleza das pessoas ao meu redor. Elas têm mais luz do que eu. Olho-as com alegria, quando vejo aquela originalidade que Deus colocou em suas vidas.
Jesus fala-me hoje também sobre a importância dos frutos
Ele me diz algo óbvio: “Não há árvore sã que dê frutos danificados, nem árvore danificada que dê frutos saudáveis. Cada árvore é conhecida por seus frutos; pois os figos não são colhidos das silvas, nem os cachos de espinhos são colhidos.” O fruto que dou é o que corresponde a minha originalidade. Jesus não me pede para dar frutos que não têm a ver comigo. Se eu for uma macieira, não darei uvas.
Que eu não fique angustiado quando não der o fruto que esperava. Ele talvez não seja meu fruto, é de outra pessoa. Gosto da imagem das frutas, mas às vezes me assusta, porque penso no fruto como um homem e não como Deus pensa. Acredito que Deus vai exigir de mim uma série de frutos no final da minha vida e vivo exigindo o impossível de mim mesmo. Na vida profissional, os estímulos oferecidos a uma pessoa tem o objetivo de aumentar a sua produção e melhorar o desempenho: Se eu atingir um certo número de frutos, receberei mais como recompensa.
Mas Jesus não quer que eu permaneça nas categorias humanas. O fruto de tudo o que faço e dou não é graças a mim, é Deus em mim que dá frutos infinitos. Acreditar mais na gratuidade de Deus, não tanto no pagamento pelos meus méritos. “Os dons de Deus são gratuitos, não por esforço humano, são fruto de sua misericórdia. Receber com um coração humilde e pobre. A religião cristã não é uma religião de esforço, mas de graça. Pequeno e humilde diante de Deus.” Temos uma religião da graça: Eu só trabalho a terra, o fruto é de Deus. O maior fruto é que minha alma esteja cheia de Deus, de Sua bondade, que meu coração seja aberto e preenchido com sua presença.
“A boca fala do que transborda o coração”
De que meu coração está cheio? Gostaria que fosse de sentimentos nobres, bondade, misericórdia, alegria. Mas, muitas vezes sinto raiva, ressentimento, desprezo, preguiça, inveja. De que minha alma está cheia? De mim mesmo? De vaidade, orgulho, dos meus sucessos e conquistas? Eu falo daquilo que tenho dentro, o mal não vem de fora.
“Quem é bom, da bondade que entesoura em seu coração, tira o bem, e quem é mau, do mal, tira o mal.” Meus frutos são bons quando há paz dentro de mim. Então, o que sair será construtivo e edificante. Que Jesus venha e me limpe com o seu Espírito: Jesus, tirai de dentro de mim o que não lhe pertence. Eu gostaria de ter um coração maior, mais dócil à vontade de Deus, mais vazio de mim mesmo para deixá-lo entrar. Preciso que Seu Espírito me encha de luz interior.
Pe. Kentenich ensina: “Deus Pai tem uma ‘fraqueza’, ele não pode resistir a fraqueza de seus filhos, quantos eles as reconhece. Filialidade significa a ‘fraqueza’ de Deus todo poderoso e ao mesmo tempo a ‘fortaleza’ do ser humano, tão pequeno e insignificante.” (Kentenich Reader Vol 3, Peter Locher, Jonathan Niehaus)
Leia aqui a homilia na íntegra
Leituras do dia:
Eclesiástico 27:4-7; 1 Coríntios 15:54-58; Lucas 6:39-45
*Pe. Carlos Padilla pertence ao Instituto dos Padres de Schoenstatt, na Espanha.
Ameeii essa mensagem ,trouxe ela para dentro de mim e vou corrigir meus erros.
Vou procurar estar mais presente as pessoas que amo.