Uma grande dádiva
Na prisão de Coblença e também no campo de concentração de Dachau, os sacerdotes não tinham oportunidade de celebrar. Somente era-lhes permitindo participar de uma Santa Missa, aos domingos, na capela da prisão. Não passou muito tempo e o Pe. Kentenich teve a audaz ideia de celebrar clandestinamente. Mesmo sob constante risco de morte. Um guarda católico transmitiu esse desejo às Irmãs de Maria, em Schoenstatt. Elas arranjaram logo uma espécie de cálice e patena de pequenas dimensões. Como corporal foi utilizado um lencinho. E como conseguiu ele as partículas? Por ser prisioneiro preventivo, era-lhe permitido conservar medicamentos em sua cela. As hóstias eram-lhes, então, colocadas sobre o peitoril de sua janela, dentro de uma latinha de “Pastilhas de Sem”, juntamente com um pouco de vinho num frasquinho conta-gotas, de Sympato
Assim, a partir de então, em cada madrugada Pe. Kentenich podia celebrar a Santa Missa. E isto até que foi transportado a Dachau, em 11 de março de 1942. Um sacerdote que estava com ele, na mesma cela, por algumas semanas, pôde receber aí a santa Comunhão. Porém, nunca ousou celebrar.
Também em Dachau era proibido aos sacerdotes a celebração Eucarística. Somente um, designado pelo comandante do Campo, podia celebrar de manhã bem cedinho, em condições paupérrimas, na capela do campo. Os sacerdotes procuravam sempre uma maneira de proporcionar a algum confrade a alegria de ir ao altar.
“Foi no dia de São José que, após um ano cheio de acontecimentos, tomei pela primeira vez em mãos,
a taça do Sacrifício, diante do pobre altar, …
Quando todos se prostraram para a consagração, todos os que alguma vez encontraram seu lar rodearam o altar, entoando jubilosos hinos de gratidão…
As chagas de Jesus resplandeceram claramente e seus lábios pronunciaram baixinho o nome do Pai.
E, do trono do Pai, na sala do céu, ressoou vigorosamente: Amém, Amém!”
Ao longo dos quatorze anos do exilo, durante a semana, Pe. Kentenich celebrava sempre no Santuário de Schoenstatt; e aos domingos, na Igreja de São Miguel, para a comunidade alemã, de quem era vigário. Uma estudante alemã, que ali o conheceu, escreve:
“Após a reforma da liturgia, aos domingos, na Igreja São Miguel, o Pe. Kentenich celebrava voltado para o povo. Alguém que o observou, disse: ‘Mas como este padre celebra a Missa com tanta piedade! Agora a gente tem ainda mais alegria de participar dela!’ Apesar de o Pe. Kentenich estar totalmente concentrado na Santa Missa, também reconhecia as pessoas que dela participavam – provavelmente na distribuição da santa comunhão – e rezava por elas”.
Talvez alguém imagine que o Pe. Kentenich se demorasse demais na celebração da Santa Missa. Ao contrário, empregava o tempo normal; antes, a mais breve. A distribuição de tantas comunhões, naturalmente, exigia-lhe um pouco mais de tempo junto ao altar.
Será que sua apreciação da Santa Missa tem alguma relação com a sua morte? – perguntamo-nos espontaneamente. Muitos interpretam o seu pensamento ocorrido imediatamente após a Missa como especial “atenção do céu”.
Texto do livro: Pe. José Kentenich como nós o conhecemos. Ir. M. Annette Nailis.