Schoenstatt está presente na cidade mais austral do planeta
Karen Bueno – Na “pontinha” do continente americano, bem lá em baixo, fica a cidade argentina de Ushuaia. Trata-se da cidade mais austral do planeta Terra, ou seja, não há nenhuma que fique abaixo dela olhando no mapa. Ela é a capital da Província da “Terra do Fogo, Antártida e Ilhas do Atlântico Sul”, foi fundada em 1884 e segundo o censo de 2010 tem pouco mais de 56 mil habitantes.
Em meios às celebrações jubilares do centenário da Aliança de Amor, falava-se muito dos diversos lugares que estariam comemorando os cem anos da Obra. Nessa época surge o anseio num casal brasileiro de descobrir como seria a vida do Movimento Apostólico de Schoenstatt no extremo do mundo.
Cláudio e Eliane Medeiros, de São Paulo/SP, viajaram, então, para Ushuaia no mês de novembro – é o período da primavera e a temperatura está mais amena, em torno de 9°C durante o dia e -5°C à noite. Passaram quatro dias em Ushuaia e mais alguns dias em outras duas cidades da Patagônia e também em Buenos Aires.
A Mãe está ali, na terra do gelo
“Descobrimos que no ‘Fim do Mundo’, como eles mesmos se denominam, existem duas comunidades de Schoenstatt, uma em Ushuaia e outra em Rio Grande, cerca de 200 km de distancia uma da outra. A comunidade de Rio Grande foi quem nos acolheu no primeiro dia de nossa expedição”, contam.
O primeiro contato que tiveram foi com a Ir. M. Alejandra Aguilar, assessora do Movimento na Patagônia. Ela os apresentou ao casal Leandro Stronati e Carolina Fernández, e desde julho de 2014 conversavam sobre a possibilidade de um encontro e até mesmo de comemorar o centenário juntos.
Claudio e Eliane queriam saber como os schoenstattianos de Ushuaia conseguem manter-se unidos à espiritualidade do Movimento, morando tão longe de tudo, num lugar que é totalmente coberto pelo gelo em algumas épocas do ano. “Há uma Ermida da Mãe e Rainha na Baía de Lapataia, distante 24 km do centro da cidade, e fica dentro do Parque Nacional Tierra del Fuego. Há 24 anos a Paróquia de Ushuaia promove uma caminhada de oração até a Ermida, e é assim que eles iriam celebrar os cem anos de Schoenstatt, com uma Missa presidida pelo bispo local”.
Foi uma surpresa para o casal saber que a celebração jubilar seria apenas em novembro, já que o mês de outubro é muito frio na região.
Distantes, porém com o coração no Santuário
“Descobrimos que os argentinos da Terra do Fogo têm uma maneira muito peculiar e extremamente positiva de viver a Aliança de Amor. Por eles não terem um Santuário – o mais próximo está a mais de 1.000 km ao norte – logo não existe um centro próprio para as atividades do Movimento. Assim, tudo gira em torno da vida na Paroquia Sagrada Família, onde recentemente conquistaram um Santuário-Paroquial”, contam. Mesmo nessa circunstância, morando numa cidade que fica a mais de 13.000 quilômetros em linha reta do Santuário Original, os casais de Ushuaia experimentam e participam da espiritualidade de Schoenstatt e formam um grupo da Liga de Família que, segundo Claudio Medeiros, é o “braço direito do pároco na comunidade”.
Algo que cresce e ganha ainda mais vida na Obra das Famílias de Schoenstatt no pós-jubileu é a corrente de Santuário-Lares. Na cidade do extremo sul da Argentina isso também é forte. Os brasileiros encontraram uma família que instituiu seu Santuário-Lar há mais de 40 anos, o que é muito importante para a vida do Movimento no local, já que são referências de Schoenstatt em Ushuaia. Neste ano vários casais participam de oficinas para também receber a bênção de seus próprios Santuários-Lares.
Uma única e grande Família
Para Claudio e Eliane, a viagem pela Patagônia argentina ressaltou o espírito de Família que há entre os schoenstattianos do mundo todo. Quando questionados sobre o que trouxeram na bagagem, Claudio responde: “Percebo que a Obra de Schoenstatt é diferente em cada lugar, e que as características locais devem ser respeitadas em sua essência. Aprendi que é preciso dar atenção a todas as pessoas que chegam ao Santuário, em especial àquelas que vêm pela primeira vez, pois isso foi muito importante para nós”.
Os brasileiros puderam observar de perto o poder da Mãe Três Vezes Admirável, que não mede distância para ir ao encontro dos filhos por toda Terra. “Schoenstatt ter chegar ao extremo do planeta demonstra uma força muito grande de pioneirismo e sobre tudo de evangelização dos primeiros grupos que foram até lá e riscaram uma ‘faísca’, agora o desafio é manter a chama acesa a ponto de incendiar outros lugares”, concluem.