Ir. M. Nilza P. da Silva – Há duas semanas o mundo foi tomado de surpresa pela tragédia que tirou a vida de 71 pessoas: principais jogadores do time de futebol Chapecó, toda a sua equipe técnica, jornalistas e comissários de bordo, em um acidente de avião que os levava para o jogo final do campeonato sul americano. Apenas seis pessoas, graças a Deus, sobreviveram. Os meios de comunicação tornaram-se verde, em homenagem às vítimas, pessoas e associações do mundo inteiro enviaram mensagens ou de algum modo expressaram solidariedade e preces pelo ocorrido. Os colombianos e chapecoenses cresceram, como nunca, diante do mundo, pela forma como reagiram a essa tragédia. As causas do acidente estão sendo analisadas.
Rezemos, justamente agora, quando retorna a rotina
Duas semanas após, a vida vai retornando a rotina de sempre. Nas mídias, as delações da Lava-Jato tomam o lugar nas manchetes dos noticiários. A tragédia do Chapecó se torna notícia secundária. Mas, é justamente agora que os familiares precisam de nossas orações. Quem já perdeu um ente querido sabe muito bem, que o momento mais difícil acontece quando se passam alguns dias e todos os amigos retornam à sua rotina. A vida continua com seu ritmo normal para todos, menos para aqueles que já não tem mais ao lado os amados que se foram. Aos poucos, a gente vai-se dando conta que a pessoa esperada nunca mais vai chegar, que o seu lugar, em cada espaço na casa, está vazio para sempre, que seus pertences precisam ganhar um destino final e, aos poucos, ninguém mais pergunta se ainda dói, se precisamos de ajuda, pois cada um tem ocupação suficiente com os seus próprios compromissos.
Por isso, intensifiquemos nossas orações, justamente agora! Vem o Natal! O primeiro sem a presença de quem se despediu e subiu cheio de esperança na vitória, mas, nunca mais foi visto. Foi recebido dentro de um caixão. Na lista de presentes, há um nome a menos, na missa de Natal, um lugar estará vazio, na ceia familiar, um espaço que todos notarão e muitos não saberão se falam ou se silenciam, no coração a saudade e a fé.
Mão no pulso do tempo
Como aliados da Mãe e Rainha de Schoenstatt, queremos ouvir o que Deus nos fala por meio de tudo isso e procurar responder por meio de atitudes. Agradecemos as grandes lições que nos foram dadas pelos chapecoenses. Em toda parte, orações pelas vítimas e familiares, santas missas em quase todos os velórios, mensagens e presença das autoridades eclesiásticas, familiares rezando – a dor sofrida se supera mais fácil com a fé. Do mundo todo, mensagens e ações concretas de solidariedade. Entre elas: o time adversário renuncia ao título de campeão e o prêmio financeiro ao qual tinha direito, para que estes sejam dados ao Chapecó que não entrou em campo – tem mais valor o que somos do que a honra e o dinheiro que temos. Na data e hora em que seria o jogo, o estádio está lotado, não para levantar a taça da vitória, mas, para rezar e para dizer: “Nós estamos juntos, força Chapecó!” – Os adversários esportivos não são inimigos, mas, irmãos que merecem amor e respeito. O técnico de voo, Erwin Tumiri, mesmo ferido, tenta salvar sua colega de profissão e pede aos bombeiros que a socorram antes dele – amar os outros como a si mesmo. O policial da guarda nacional que não desistiu das buscas, quando todos os bombeiros já haviam se retirado, por acharem que não havia mais corpos, e atuando sozinho encontrou o jogado Neto ainda com vida, preso entre os destroços – Quem tem uma missão há de cumpri-la, não importa quão difícil seja.
O Brasil todo se torna verde, não importando mais a cor do próprio time; associações esportivas se prontificam a ceder por alguns anos, seus membros já treinados, para que ressurja um novo Chapecó – a partilha vale mais do que as disputas. A mãe do goleiro Danilo, Sra. Ilaídes, representa as mães de todos: é forte na fé e desprendida! Ela revela de onde vem a sua força: “Tive de pedir a Nossa Senhora que me ajudasse quando soube da tragédia: ‘Vamos, me dê forças para ficar em pé.””Com voz embargada, na mais profunda dor de mãe, é capaz de abraçar o repórter e consolá-lo pela perda de seus colegas de profissão. Nesse momento, ela abraça o mundo todo – É preciso olhar muito além de nossas dores, para ver as dores dos que estão ao nosso lado. À vista de um escapulário de seu esposo, Giovane Klein, morto no acidente, sua esposa lhe escreve uma carta, plena da certeza de que ele continua junto a ela, porque se encontra com Deus – A morte não é o fim, há a comunhão dos santos que nos mantém unidos aos que estão junto de Deus. Alan Ruschel que, ao chegar ao hospital, em alto risco de morte, faz um pedido comovente à Equipe Médica que o atende: “Guardem a minha aliança!” e, em estado de choque, pergunta insistentemente se sua família está bem – A família é o maior tesouro que possuímos e deve ser defendida, custe o que custar! O novo presidente do time que não aceita a proposta da CBF de que o time permaneça na série A, mesmo se perder os jogos futuros, porque o esporte precisa manter-se fiel aos seus princípios – O sofrimento que sentimos não deve alimentar nossos sentimentos de vítimas e coitados, é preciso levantar a cabeça e seguir em frente.
Vamos Chape!
Estas são apenas algumas lições! Não há espaço para citar todas! Mas, você pode continuar essa relação: O que quer levar como mensagem desse acontecimento? O que Deus lhe fala quando coloca a mão nesse pulso do tempo? Que essa mensagem se torne a estrela que orienta a sua vida, assim como a estrela que o Chape colocou em emblema, para nunca mais se esquecer da solidariedade. Não esperemos uma tragédia para sermos solidários, os atos heroicos de fé e amor só estarão presentes nas horas pesadas, se nós as exercitarmos no dia a dia. Rezemos, justamente agora! “Vamos Chape!” Vamos juntos, justamente agora, quando tudo retorna ao seu lugar! Deus está conosco e a Mãe e Rainha nos abraça!