O que temos a oferecer no Ano Mariano?
Lia Hurtado – Há muito que falar sobre a Fé Prática na Divina Providência. Vamos ter um olhar sobre ela, mesmo que modesto, e enfocá-la como a um presente, um grande e especial presente para nossa vida, Igreja e Sociedade. É por meio dela que conseguimos olhar a ‘estrela’, como a de Belém, e nos orientar, seja de forma pessoal ou comunitária.
São Francisco de Salles disse: “A Fé Prática é viver guiado pela Mão de Deus!”
O Movimento Apostólico de Schoenstatt toma isso por base e lei, daí surge, se desenvolve e se difunde.
Pe. José Kentenich, nosso Fundador, sempre procurava dar passos seguindo a vontade de Deus, adentrando as ‘portas abertas’ que a Providência lhe indicava no dia a dia. Ele nos afirmou que era necessário estar “com o ouvido no coração de Deus e a mão no pulso do tempo” para praticar bem a vontade de Deus.
A realidade e o mundo nos falam
Os acontecimentos do mundo devem nos interessar, sejam eles bons, ruins ou até mesmo catastróficos. Por meio dos acontecimentos, Deus nos fala, nos comunica suas mensagens e pede nossa contribuição. Podemos meditar: o que o bom Deus quer dizer para mim com esse ou aquele acontecimento?
Ouvir a voz de Deus, estarmos vinculados a ele – pois é amoroso e pessoal – é a maneira de cultivar uma vinculação que penetre a nossa vida, que dê pleno sentido a ela. Saber que sou olhado e cuidado por Ele, que sabe até mesmo quantos fios de cabelo possui a minha cabeça, que o meu nome está escrito na palma de sua mão, me assegura que não lhe sou indiferente. Deus me ama incondicionalmente, apesar de todas as minhas fragilidades; sou sua criação única, ele me amou antes que eu habitasse o ventre de minha mãe.
Minha mão na tua mão
Uma historinha verdadeira, contada por um sacerdote, que escutei em minha adolescência, falava de uma pequena criança que atravessava uma rua muito movimentada, com muita gente, muitos carros de cá para lá, sem critérios de trânsito organizado. A criança caminhava, pulando, brincando, sorrindo e olhava para a mão forte e o rosto do pai que a conduzia, como se não houvesse perigo nenhum ali.
A historinha da criança, apesar de tão simples, traduz a maneira como devemos nos sentir, nos abandonar na condução de Deus em nossas vidas. Assim como essa criança pequenina, deixar-se conduzir por mãos que sabem a melhor e mais segura maneira de caminhar. Faz-se necessário esse diálogo pessoal, a confiança irrestrita e uma resposta de amor àquele que me amou primeiro. Devemos confiar em sua mão bondosa, sendo partícipes, por meio de nossos dons e confiança filial.
Dessa forma, a Fé Prática é um presente para a Igreja na medida em que os cristãos não se tornam só o “santo do domingo”, mas, alimentados do pão da palavra e da Santa Eucaristia, levam para a sua vida diária a prática dessa palavra com a força dos sacramentos.
Viver orgânico
O Santo Padre, Papa Francisco, nos alerta a respeito de sermos simples, generosos e a confiar na Eterna Sabedoria, pois seus planos nunca fracassam. “O Senhor se revela a nós não de modo extraordinário ou sensacional, mas na quotidianidade de nossas vidas”, diz ele. Diversões e deveres, trabalho e descanso, êxito e fracasso, alegrias e sofrimentos, tudo tem lugar nesse plano e dá sentido e segurança em nossa vida.
O Pai Eterno realiza no mundo o seu plano a respeito de cada ser criado, abrigando e oferecendo segurança a tudo e a todos. É importante, dessa forma, fazer com que o plano de nossa vida seja também o plano de Deus. Seus planos com respeito a nossa vida têm uma única finalidade: fazer-nos voltar a Ele.
Então guia-nos, segundo os teus sábios planos!
Se o bom Deus dispõe, para minha vida, que eu seja professora de crianças, deve brotar do meu coração muita alegria. Se o bom Deus me muda de trabalho, também posso dizer: guia-me segundo seus sábios planos.
Se me quer como missionária da Mãe Peregrina ou servir em outro apostolado, guia-me…
Se tenho alguma desilusão: guia-me …
Se me vem uma doença: que seja feita a vossa vontade!
Quanta tranquilidade deve brotar de nosso coração, por podermos experimentar conscientemente que estamos abrigados nesse amor Divino. Nosso coração tem que orientar-se sempre na vontade de Deus, pois ele sabe o que é melhor para nós.
Nos passos do Pai
Nosso Pai e Fundador sempre acreditou na missão que lhe foi dada por Deus, por meio de nossa Mãe e Rainha. Sabemos, pela história, que nem sempre foi compreendido, que passou por duras provas, mas sentia-se guiado pelas mãos de Deus e de nossa Mãe. Nada aconteceu por acaso. Em cada situação que viveu, Schoenstatt foi difundido, seu mistério foi descortinado, Pe. Kentenich pode pessoalmente ajudar a muitos.
Da mesma forma, nós, filhos e filhas de Schoenstatt, precisamos somente colocar nossos pés nas pegadas do Pai, passo a passo, e segui-lo com confiança filial, às vezes renunciando aos nossos planos, deixando de lado as necessidades, deixar-se conduzir pela Fé Prática na Divina Providência.