Como reagimos em ambas as situações?
O Papa Francisco realiza nesta semana os Exercícios Espirituais da Quaresma, junto com os integrantes da Cúria Romana, em Ariccia, nas proximidades de Roma. O pregador do retiro, Pe. Giulio Michelini fez sua reflexão nesta terça-feira, dia 7 de março, com o tema “A oração no Getsêmani e a prisão de Jesus” (Mt 26, 36-46). Ele compara a oração de Jesus no Monte das Oliveiras com a passagem do Monte Tabor, na Galileia. No contexto dos 70 anos do Ideal Tabor – o ideal nacional do Movimento Apostólico de Schoenstatt – e na vivência da Quaresma, as perguntas lanças ao Papa e à Cúria são também próprias para a Família de Schoenstatt no Brasil:
As duas situações têm semelhanças impressionantes: em todas as duas, a situação existencial de Jesus é de provação. No primeiro caso, Pedro e os outros não compreenderam o sentido do primeiro anúncio de Jesus, que dissera que deveria morrer em Jerusalém; no segundo, Jesus acabara de anunciar que alguém haveria de entregá-lo.
Em todos os dois casos, Jesus chama a si os discípulos, Pedro, Tiago e João, e estes não entendem plenamente o que está acontecendo com Jesus. Porém, um elemento separa as duas cenas: no Tabor se ouve a voz do Pai que consola o filho; no Getsêmani, ao invés (exceto na versão de Lucas), não se ouve nenhuma voz, observou o pregador.
Ao invés, é Jesus que se dirige ao Pai, acolhendo que seja feita a Sua vontade. Essa vontade originária não quer a morte do Filho, mas a salvação, como escreveu Romano Guardini:
“Jesus veio para redimir o seu povo e, com ele, o mundo. Isso deveria cumprir-se mediante a dedicação da fé e do amor; mas tal dedicação vacilou. Todavia, permaneceu o mandato do Pai, mas este mudou de forma. Quando se concretizou por consequência da rejeição, o destino amargo da morte tornou-se a nova forma da redenção – aquela que para nós é a redenção em sentido puro e simples”.Também a parábola dos vinhateiros homicidas nos apresenta um pai que envia o filho dizendo “Respeitarão meu filho” (Mt 21,37).
Mas o anúncio e a pessoa de Jesus não são acolhidos e o Reino passará, portanto, de outro modo, aquele que Jesus, no Getsêmani, é chamado a aceitar: “depende da disponibilidade dos homens em qual forma se possa desenvolver a sua obra. O fechamento do mundo não lhe permite ser o príncipe da paz, diante de cuja vinda tudo deveria desabrochar na plenitude que o vaticínio preanunciava. Por isso (…) o Messias torna-se aquele que vai ao encontro da sua ruína. O sacrifício de seu ser torna-se o sacrifício da morte” (R. Guardini).
Jesus exorta ainda seus discípulos, como Ele fez no Getsêmani, colocando em prática o shemà, a oração de Israel, a amar “Deus de todo o coração, com todas as forças e a ponto de dar a vida, frisou Pe. Michelini.
Ao término da reflexão, as habituais perguntas:
Como nos colocamos diante da angústia do nosso próximo?
Mantemos os olhos abertos, rezamos, ou adormecemos como os três discípulos?
A vontade de Deus é compreendida por nós como uma “extravagância”, algo que “se deve fazer” porque “Alguém decidiu”, ou vejo nela a santa vontade do bem para todos?
Fonte: Rádio Vaticano
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