“O meu Imaculado Coração triunfará”
Karen Bueno – A Família de Schoenstatt de Portugal celebrou, com alegria e gratidão, os cem anos das aparições da Mãe de Deus em Fátima no ano de 2017. Nesse contexto, o casal português João Monteiro e Joana Cardoso, da Liga de Famílias de Schoenstatt, coordenou em 2017 a peregrinação nacional, realizada todos os anos pelo Movimento de Schoenstatt, até Fátima. Respondendo algumas perguntas – com a colaboração do diretor nacional do Movimento em Portugal, Pe. José Melo –, eles nos ajudam a compreender, um pouco mais, a profundidade desse encontro da Mãe de Deus com seus filhos. A entrevista foi realizada em parceria com a Revista Tabor, acompanhe:
Schoenstatt e Fátima são duas manifestações de Nossa Senhora muito próximas, com apenas três anos de diferença (1914-1917). O que isso quer nos dizer?
Parece que o Céu, para conter a voracidade do pensar mecanicista que quer massificar o homem e desagregá-lo, separá-lo de si mesmo e da ligação umbilical ao Pai, envia a Mãe de Jesus, que em seguida nos oferece o seu Imaculado Coração que nos acolhe, transforma e envia. Ou seja, como é próprio das mães, um coração que nos cuida e protege, que nos ama e educa, que nos deixa crescer e aponta o caminho a seguir no mundo, cheios do que precisamos: o Amor de Deus. É como se o Pai do Céu, vendo que o seu ‘filho pródigo’ tarda a chegar, envia a Mãe para guiá-lo ao caminho de regresso à casa do Pai.
É curioso, ou melhor, é providencial, como as duas manifestações estão associadas a um lugar concreto, mas com mensagens de alcance mundial, muito concretamente ligadas à história dos homens e ligadas à renovação do mundo.
Qual o núcleo da mensagem de Fátima e da mensagem de Schoenstatt? Ambos se relacionam? De que forma?
O núcleo da mensagem de Schoenstatt é a Aliança de Amor, o ‘Nada sem Ti, Maria, Nada sem Nós’. Passa por vivermos imersos nessa cultura de Aliança, nessa vinculação à MTA na vida diária, para podermos ser, a partir do que somos e empenhados na conquista da santidade das coisas pequenas, os seus instrumentos.
Em Fátima, Maria pede que se estabeleça no mundo a devoção ao seu Imaculado Coração e assegura-nos que o seu coração triunfará. Essa devoção que nos pede a Senhora de Fátima passa pela conversão individual, pela oração do Terço, pela conversão dos pecadores.
Apesar da linguagem diferente, ecoam logo na nossa alma schoenstattiana ideias como Fé Prática na Divina Providência; Capital de Graças; santidade da vida diária; tudo para todos; solidariedade de Destinos… E, por isso, acreditamos que não podiam estar mais relacionados! Especialmente quando olhamos para as duas realidades a partir da vinculação ao coração de Maria, a partir do “Meu coração no Teu coração”. Não é isso que Maria nos pede em Schoenstatt e em Fátima? Não é o seu coração que ela nos oferece? Não é o nosso compromisso, a nossa oferta pessoal que nos é pedida? Mais, em Fátima é também Maria que se compromete conosco assegurando-nos que o seu Imaculado Coração triunfará.
Em 18 de outubro selamos uma Aliança com a MTA e chamamos essa consagração de “troca de corações”. Já em Fátima, a Mãe aponta seu Imaculado Coração como “refúgio e caminho que conduz até Deus”. A Aliança de Amor pode ser considerada uma resposta às mensagens da Iria?
Não pode ser, deve ser! Especialmente para nós, brasileiros e portugueses, povos irmãos e filhos de Maria, filhos da Terra de Santa Maria. “Ela é a nossa Rainha” não é apenas uma ideia bonita. Deveríamos ser os primeiros na fila para servir nessa missão de conduzir mais e mais corações ao Imaculado Coração de Maria. E aqueles de nós que Maria atraiu ao Santuário, temos na divulgação da Aliança de Amor a tarefa evidente a cumprir nisso que Nossa Senhora disse muito claramente em Fátima – “estabeleçam no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”.
O que é a Aliança de Amor senão uma consagração ao seu Imaculado Coração?
Quando rezamos “Queres o meu trabalho? Queres a minha morte? Aqui estou”, não é uma consagração que estamos a fazer? Não estamos a rogar que sejamos os instrumentos do triunfo do Imaculado Coração? Não foi isso que fizeram os Pastorinhos em Fátima? Trabalhar e morrer por Ela?
Continuação da entrevista – Fátima: A Mãe vem até nós (Parte II)