Pai, fomos e vamos sempre contigo!
Karen Bueno – “Quem tem uma missão extraordinária deve também suportar provas extraordinárias”: com essa consciência e a confiança total na Mãe de Deus, o Pe. José Kentenich embarcou rumo a Milwaukee/EUA em 20 de junho de 1952, portanto há 65 anos, para os seus 14 anos de exílio determinados pela Igreja.
“Com esta prova de autenticidade, inicia-se uma nova etapa na história da Família. […] Provemos agora nossa fidelidade a ela [à Igreja] suportando e superando todas as provas. Assim, mais tarde, seremos dignos, assim o esperamos, de lhe prestar um grande serviço”, escreveu o Fundador em carta aos seus filhos espirituais.
Tamanha confiança e abertura aos cuidados de Deus e da Mãe é recompensada com muitos frutos. O exílio foi um período duro para a Família de Schoenstatt, exigiu muitos sacrifícios, mas, ao mesmo tempo, trouxe páginas muito bonitas e fundamentais para a história de Schoenstatt. Vejamos algumas delas:
Trabalho com as Famílias
“O exílio trouxe frutos enormes que agora podemos usufruir largamente, através dos ensinamentos e da bibliografia resultantes do trabalho muito fecundo que o Pai realizou naqueles 14 anos”, dizem Olindo e Marilene Toaldo, da União de Famílias de Schoenstatt.
O Pai sempre transmitiu atenção e carinho especial às famílias – a Obra Familiar de Schoenstatt fora fundada em 1942 –, mas, nesse período em Milwaukee ele conseguiu se dedicar muito mais intensamente à formação dos casais e dar maior atenção pastoral às famílias da comunidade que atendia.
Dos encontros com casais, durante o exílio, surge um rico material de estudo e direcionamento para a Obra Familiar. Esse período “foi uma era de ouro para as famílias, porque o Pai nunca poderia ter se dedicado tanto a elas como o fez em Milwaukee/EUA, nas reuniões que realizava ‘às segundas feiras ao anoitecer’. Foram mais de 400 palestras proferidas nessas reuniões – com debates e esclarecimentos a dúvidas e perguntas dos casais – nas quais focalizou não somente os diversos aspectos da vida matrimonial e familiar, mas também toda uma variedade de temas ligados à espiritualidade e à pedagogia de Schoenstatt. É uma preciosíssima herança do exílio para toda a Família de Schoenstatt”, comenta o casal Toaldo.
Santuário Lar
Ainda no contexto do trabalho com as famílias, surge nesse período a corrente de Santuário Lar. A inspiração para convidar a Mãe de Deus a habitar nos lares e fazer deles um Santuário vivo – sinal concreto de uma ‘Igreja doméstica’ – nasce entre os casais que o Pai e Fundador acompanhava.
“Uma iniciativa importante havia sido dada e esta levaria posteriormente a uma nova corrente de vida que se espalhou para Família Internacional de Schoenstatt”, escreve o Pe. Jonathan Niehaus em seu livro ‘O Nascimento do Santuário Lar’.
Unidade da Família
Conforme as dificuldades iam aumentando, a união e o espírito de Família se fortaleciam ainda mais no Movimento de Schoenstatt. Ir. M. Fernanda Balan recorda: “Nós experimentamos tempos muito dolorosos, mas também de muitas esperanças. Em Santa Maria/RS ficava nossa sede provincial, como Irmãs de Maria. Por isso, uma ou outra vez recebíamos visitas de várias pessoas que haviam se encontrado com o Fundador nos Estados Unidos e traziam notícias ‘fresquinhas’ e fotos do nosso Pai exilado e de suas atividades como pároco da comunidade alemã de Milwaukee. Era tão belo e consolador ouvir sobre as suas atividades com as famílias. Experimentávamos um profundo ambiente de amor fraterno e solidariedade entre todos nós, seus filhos. Ao mesmo tempo que este era um período de duras provações, foi também um tempo lindo, muito intenso de vinculação com o Fundador. Crescia o desejo forte de até doar a nossa vida para libertar nosso Pai e a sua Obra do exílio”.
Confiança em um nível mais profundo
Nesse período a Família de Schoenstatt é convocada a viver mais profundamente sua Aliança de Amor, evidenciando o grau de confiança total em Deus e de aceitação, com alegria, de todas as cruzes impostas, sendo esse um caminho fecundo de santificação para a Obra. “Assim como pela tempestade as raízes centrais se aprofundam na terra, e a árvore é capaz de resistir às tempestades mais violentas e a furacões, assim deve ser conosco. […] Mesmo que tenhamos de caminhar nas trevas, estamos sempre nas mãos do Pai, que nos abrigam e nos conduzem até que sejamos novamente envolvidos pela luz do dia. Nossa Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável é a garantia disso, desde que lhe sejamos fiéis” (Carta do Pe. José Kentenich datada em 18 de novembro de 1951, do Convento de Sião, na Suíça).
Santuário Coração
A expressão “Santuário Coração” também surge concretamente no período do exílio. Em 3 de fevereiro de 1964, em uma palestra das “Segundas-feiras ao Anoitecer”, o Pai diz aos casais: “Agora penso que poderia somar ainda uma quarta forma de santuário. Nós estamos familiarizados com isto, é claro, mas isto pode soar estranho neste contexto. Esta quarta forma de santuário somos nós mesmos. O que isto significa? Eu mesmo devo me tornar um santuário”.
E muito mais…
Encontros pessoais de muitas famílias e pessoas com o Fundador, momentos onde a Mãe e Rainha se mostrou Admirável, várias situações bonitas permeiam o exílio. O grande momento de beleza chega, enfim, no dia 22 de outubro de 1965, quando o Papa Paulo VI assinou o decreto que reabilitava o Pe. José Kentenich para as suas atividades frente ao Movimento, é a data que põe fim ao período do Exílio e marca um novo começo para a Obra, agora com o olhar confiante e terno da Igreja, que aceita e confirma a vocação concedida pelo Espírito Santo à Obra Internacional.