Domingo da Alegria: Um caminho de inspiração para buscar a nova terra
Renata Orsato – O 3º Domingo do Advento é conhecido como “Domingo da Alegria”, pois, por meio das palavras de João Batista, traz o testemunho da luz que virá com o nascimento do Salvador para iluminar os caminhos da humanidade.
No Evangelho (Jo 1,6-8.19-28), o profeta coloca Cristo no centro de sua missão, assim como nós devemos fazer para sentirmos a verdadeira alegria. Um contato sincero e direto com Cristo nos leva ao encontro amoroso com os pequeninos e, consequentemente, ao impulso de transformar suas realidades, tendo como exemplo João Batista. Com pregações e batismos, ele tocou muitos corações, preparando-os para a chegada do Deus que se fez homem a fim de curar feridas, libertar os oprimidos e conduzir todos a uma nova terra.
Essa nova terra ainda é um ideal a ser conquistado nos dias atuais, visto que as realidades sociais permanecem apresentando relações de desigualdade e muitos contextos distintos do que o evangelho coloca. Por isso, a Família de Schoenstatt do Brasil Tabor assume o desafio de lutar para construir um mundo novo, com grande desejo de contribuir na transformação do cenário atual do país.
A inquietação que nos move
Por meio da Aliança de Amor firmada com Maria, que nos leva a um encontro direto com seu Filho, somos despertados para a necessidade de “sair da zona de conforto” e anunciar a Boa-Nova aos mais necessitados, sedentos da Misericórdia Divina.
Pe. José Kentenich, em sua homilia de Natal de 1963, falou sobre o Deus que se encontra no presépio, o qual, envolto em humildes faixas, demonstra um amor misericordioso pela humanidade, difícil de ser compreendido até pelos mais sábios. A chegada do Messias leva à inquietação dos homens, que perdura ao longo dos séculos e provavelmente nunca cessará:
“Uma santa inquietação que se torna sempre mais viva como o desejo, o desejo sempre crescente de uma vinculação ao Deus em faixas. Encontramos essa inquietação, inquietação santa, também no estábulo de Belém: parte no coração da Mãe de Deus, parte no coração de São José. Encontramos esta inquietação nos pastores: o desejo de Deus, do Deus em faixas, leva-os de seu lugar de trabalho para o estábulo. Desejo, desejo santo, santa inquietação, leva também os três Reis Magos do Oriente para o presépio”.
“Que inquietação é essa que se torna viva em nosso coração quando vemos diante de nós o Deus em faixas?” – questiona o Pe. Kentenich. Essa inquietação, quando inspirada pelo Espírito Santo, impulsiona a buscar Cristo e, por meio do encontro com ele, transformar a realidade social.
Um novo Belém
No presépio está inscrita, a seu modo, a imagem da nova terra – a nova ordem social – que atualmente inquieta os corações. Ali todos são irmãos e não há distinção de pessoas: os pastores, os reis, a Sagrada Família… todos formam uma só família, carregando-se mutuamente no coração, com Cristo no centro. Há a sintonia e a valorização da natureza, dos animais e de tudo o que Deus criou. É uma realidade de família, que vence as dificuldades do dia a dia e que se deixar guiar pela estrela – pela Divina Providência, poderíamos dizer com um olhar schoenstattiano – para cumprir o plano de Deus.
O Ano do Laicato veio para acender uma chama nos corações de todos os católicos, não importando suas origens, condições sociais ou posicionamentos políticos. O respeito às diferenças e uma boa dose de caridade contribuem para a inclusão social e ajudam a construir uma nova realidade.
Para nós, schoenstattianos, a espera vivenciada durante o Advento traduz-se em um tempo a ser aproveitado para se aprofundar na pedagogia da Aliança de Amor, cujos valores podem ser disseminados e multiplicados por meio da educação de homens e mulheres novos. Também em gestos concretos para o Capital de Graças que, a seu modo, ajudam diretamente na transformação do mundo e na busca pela desejada nova terra.
Fontes consultadas:
– Livro Cristo Minha Vida, Pe. José Kentenich (Sermão para a Comunidade Alemã de São Miguel em Milwaukee, EUA, 25 de dezembro de 1963)
– Portal paulus.com.br
– Diário Bíblico de 2017, Editora Ave Maria
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