Schoenstatt tem uma resposta aos desafios deste tempo.
Ir. M. Nelly Mendes – Quando nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, se referiu à importância do significado das palavras de Jesus, ele utilizou uma imagem muito bonita. Ele dizia que as palavras de Jesus eram como “aberturas (fendas) na rocha”, como, por exemplo, aquelas que se pode encontrar em uma caminhada pela montanha, quando, repentinamente, essas fendas nos permitem dar uma olhada sobre uma ampla paisagem.
De maneira similar a vida do nosso Pai e a rica espiritualidade de Schoenstatt também podem ser entendidas como uma “fenda na rocha”, que nos possibilita uma visão sobre a paisagem da alma do nosso Pai e Fundador e, ao mesmo tempo, é por essa “fenda na rocha”, pelo seu coração, que queremos contemplar o mundo e a vida de hoje. E encontrar as respostas.
Em cada situação da vida, para tatear o que Deus queria nos dizer, nosso Pai utilizava o método de “observar – comparar – resumir/extrair um princípio e aplicar”.
O Pai e Fundador vivia com “o ouvido no coração de Deus e a mão no pulso do tempo”. Atentamente ele procurava averiguar com todo o cuidado aquilo que Deus desejava; queria discernir a manifestação de Deus e assim cumprir somente a sua vontade.
Nos últimos tempos, estamos vivendo novamente uma luta acirrada contra a vida, contra a família, contra o ser humano. Diante de diversos fatos, podemos nos questionar: Que reflexão faria nosso Pai e Fundador diante deste acontecimento? Olhando pela “fenda na rocha” de seu coração, o que encontraríamos?
Nosso Pai observava, mas também comparava: por que essa luta tão ferrenha contra a família e o ser humano? Vivemos tempos apocalípticos, é uma luta permanente entre o bem e o mal. Hoje, mais do que nunca, somos influenciados pela mídia, pela moda, por uma massa que grita. É preciso seguir a própria consciência, fortemente arraigados nos valores que cremos na Igreja e em Schoenstatt. Precisamos ser católicos convictos e coerentes!
Deixar-se levar pela liberdade absoluta de pensar, de agir só pode ocasionar no caos que estamos vivendo. Neste caos, três valores são amplamente visados:
1) Em primeiro lugar, a vida é fortemente atacada,
2) em segundo lugar, a fé é diminuída ou até roubada, se nós o permitirmos. Só perderemos a fé se deixarmos nos roubar a fé.
3) E em 3º lugar, a família é fortemente ameaçada, diminuída, despedaçada, desvalorizada, instrumentalizada ao bel prazer de quem quer simplesmente destruir o essencial.
Sabemos que a família é compromisso do homem e da mulher, é dom de Deus.
Mas como ela foi ferida, tudo está se desfazendo, a família está em crise, não porque o mundo está em crise. É bem o contrário: o mundo está em crise, porque a família está em crise.
Qual é a crise que a família hoje vive? A crise interna, a crise de valores, a crise da maturidade… isso são pragas que foram se espalhando pouco a pouco, já há muito tempo, e vem ruindo por baixo até que tudo vai desmoronando.
Isso tudo é para desanimar? De jeito nenhum.
Estamos fazendo uma constatação de fatos e, neste conjunto, nosso Pai resumiria tudo, extraindo um princípio fortemente vital e real: “Salvai a família, custe o que custar!” e assim salvaremos o ser humano.
E onde aplicar este princípio reconhecido?
Na realidade de cada um de nós: na própria família, no trabalho, no estudo (acompanhemos os nossos jovens nas escolas, universidades, na balada, na diversão sadia, no namoro…), devemos aplicar este princípio na paróquia, na sociedade em que cada um de nós vive.
Schoenstatt quer formar o novo homem na nova comunidade. A nova comunidade é a família.
Nosso Pai, quando se refere à formação da nova ordem social, à transformação do mundo não discorre sobre mudanças de estruturas, políticas ou econômicas, não começa a procurar culpados para a situação de caos, mas sempre remete à própria consciência e à formação da própria atitude. A nova ordem social começa dentro de nós, começa conosco, em nossa casa, em nosso ambiente.
Assim como ele, outros santos pensaram dessa forma. Madre Tereza de Calcutá falou certa vez: Você quer fazer algo pela paz mundial? Vá para casa e ame a sua família!
Em outra ocasião, se dá o fato: Em 1979, ao voltar da Noruega, após receber o Prêmio Nobel da Paz, Madre Teresa de Calcutá passou pela casa humilde das Missionárias da Caridade em Roma, onde um jornalista lhe fez uma pergunta provocadora: “Madre, a senhora tem setenta anos. Quando a senhora morrer, o mundo vai ser como antes. O que mudou depois de tanto esforço?”
Madre Teresa então lhe respondeu:
– Veja, eu nunca pensei que poderia mudar o mundo. Eu só tentei ser uma gota de água limpa em que pudesse brilhar o amor de Deus. Você acha pouco?
O repórter não conseguiu responder. No silêncio de escuta e emoção que tinha surgido, Madre Teresa retomou a palavra e pediu ao repórter:
– Tente ser você também uma gota limpa e, assim, seremos dois. Você é casado?
– Sim, madre.
– Peça também à sua esposa, e assim seremos três. Tem filhos?
– Três filhos, madre.
– Peça também aos seus três filhos e assim seremos seis.
A lição é muito simples. Para colocá-la em prática, basta a nossa boa vontade.
Assim começa a mudança, quando nos empenhamos em sermos íntegros, transparentes, cristalinos. Especialmente começando em nossa própria casa.