Em uma homilia de 19 de março de 1966, o Pe. José Kentenich elenca algumas características de São José que, para ele, a Família de Schoenstatt deve aspirar na vida diária. Ele faz, assim, perceber que há muito de Schoenstatt em São José e que há muito de José em Schoenstatt…
Como é nosso perfil?
Como o Bom Deus quer ver a nós? Conhecemos a resposta: devemos representar o ideal do novo homem na nova comunidade, e ambos para a glorificação do Pai. O novo homem na nova comunidade! Que aspecto tem o novo homem na nova comunidade para a glorificação do Pai? A pessoa de São José nos dá uma resposta bem clara.
Vejamos, primeiramente, qual o aspecto dessa figura, como personalidade. Portanto, qual o aspecto do homem na nova comunidade.
A Sagrada Escritura caracteriza, em termos gerais, sua personalidade com as palavras: “Erat vir justus”. No evangelho de hoje encontramos de novo essa expressão? “Erat vir justus” (Era um homem justo)! Que significa isso no sentido do Antigo Testamento? Um homem que conhecia e considerava uma só coisa, que aspirava a uma só coisa durante toda a sua vida: submeter-se ao plano de Deus, cumprir a vontade de Javé. Vir justus!
Não é este também nosso ideal? Basta irmos ao “Rumo ao céu”… Em quantas páginas encontramos o pensamento: “Um só desejo acalentamos, nos guiem, Pai, teus sábios planos”.
Submissão ao desejo e à vontade de Deus![…] Se nos deixarmos impressionar pelos diversos traços dessa personalidade (de São José), se o fizermos à mão da Sagrada Escritura, muito em breve constataremos parentesco e semelhança pronunciada de ambos os lados e poderemos dizer que ele está diante de nós como o ideal da santidade da vida diária, como o ideal da piedade da aliança, como o ideal da piedade de instrumento.
Santidade na vida diária
É bom considerarmos aqui, por uns momentos, a imagem de São José…
Como ele está diante de nós? Com ferramentas nas mãos! Que significa isso? Operário! Ultimamente é considerado pela Igreja, pelo povo simples, como operário. Ele foi um simples operário, mas, como o sentimento cristão nos diz, um operário perfeito. Em nossa linguagem (schoenstattiana), o perfeito ‘santo da vida diária’.
Sanctus est qui sancte vivit! (santo é quem vive santamente). Logo, não é santo aquele que sempre fala com entusiasmo sobre santidade, que sabe filosofar brilhantemente sobre tais coisas, que sempre fala em santidade. Sanctus est. É um santo da vida diária quem vive santamente sua vida prática, isto é, quem realiza a missão que Deus lhe deu, o quanto possível de modo perfeito. Portanto, tudo o que faz – quer estude, quer ensine, quer cozinhe ou não sei o que mais – faz tudo por elevado amor a Deus e de modo tão perfeito quanto possível. Assim São José está hoje diante de nós.
Piedade da Aliança
Se olharmos mais profundamente, encontraremos caracterizado na representação de São José também o ideal da piedade da Aliança.
Aliança! Nas imagens vemos geralmente o Filho em seus braços. Para nós, schoenstattianos, é natural que sempre onde vemos o Filho de Deus, também vemos, unida a ele, a imagem da Mãe de Deus: Jesus e Maria em bi-unidade indissolúvel!
Ambos, Jesus e a Mãe de Deus, não selaram com São José uma Aliança sob o ponto de vista natural? Eles são conduzidos um ao outro numa comunidade de família sumamente terna e profunda. Aliança no nível meramente natural! Aliança! Por isso o sentido de suas vidas é fidelidade à Aliança, piedade de Aliança! De modo semelhante a São José, não selamos, também nós, uma Aliança com essas duas pessoas santas? E isso para a glorificação do Pai e a salvação do mundo!
Piedade de instrumento
Ouvimos a ele (São José) no evangelho de hoje. Ele nos fala que o prodígio que se realizou no seio de sua esposa é obra do Espírito Santo. E deve dar ao fruto de seu ventre o nome de Jesus. Quem lhe traz essa incumbência? O anjo, em nome de Deus. Portanto, ele age como instrumento quando dá ao Filho o nome de Jesus, isto é, Salvador do mundo. E, em nome do eterno Deus – que lhe enviou a mensagem – trata o unigênito de tal modo que Ele possa ser e tornar-se o Salvador do mundo. Por isso, piedade de instrumento.
Ser um contraste
O Pe. Kentenich, ao falar de São José, salienta também a “consciência de contraste”. Ele se refere à missão de se distinguir na massa, de ser um homem novo: “Consciência de contraste! Quão poucos homens encontramos hoje, quão poucas associações na Igreja vão ao encontro de tal ideal! Não queremos envergonhar-nos por sermos diferentes dos outros. Ao contrário, queremos alegrar-nos, sermos gratos, porque temos tão grande missão. Mas não poderemos cumpri-la se não estivermos compenetrados de profunda consciência de contrastes”.
Este ano em especial, como São José, é possível ser um contraste no mundo, vivendo os três pontos da ascese espiritual de Schoenstatt: a santidade da vida diária, a piedade da aliança e a piedade de instrumento. E, dessa forma, ser sal e luz.
Referências
O Fundador nos fala, vol. I – Conferências e alocuções para as Mães e a Família de Schoenstatt