Faz 70 anos, o Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, dava uma palestra para a Juventude Feminina de Schoenstatt, em Santa Maria/RS (18 de abril de 1948). Ele explica às meninas que todo dia 18 é dia de visitar o Santuário, seja física ou espiritualmente. Vejamos o que ele conta para elas e que diz hoje novamente a nós. Essa palestra aconteceu poucos dias após a inauguração do primeiro Santuário Filial do Brasil:
Hoje é dia 18. Sabem qual é o significado do dia 18 para nossa Família? No dia 18 de outubro de 1914, a Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt selou uma Aliança de Amor com a Família de Schoenstatt. Em toda a parte onde há filhos de Schoenstatt, tornou-se costume renovar todos os meses esta Aliança de Amor.
Costumamos chamar o dia 18 de dia de peregrinação. Talvez saibam que onde se venera Nossa Senhora de Fátima, o dia 13 de cada mês também é um dia de peregrinação. Visto que o dia 18 foi instituído entre nós como dia de peregrinação, podem imaginar que em todas as partes do mundo onde há filhos de Schoenstatt hoje se fazem peregrinações ao Santuário da Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt.
Desde domingo passado, 11 de abril, também temos aqui [em Santa Maria/RS] um Santuário da MTA. Por isso vale a pena esforçar-nos por fazermos uma peregrinação a este Santuário no dia 18 de cada mês. Podemos fazê-lo de duas maneiras: espiritualmente, ou seja, esforçando-nos durante o dia, talvez a determinadas horas, por tocar muitas vezes com fé o chão deste Santuário. Cada ato de fé em que a Mãe de Deus está presente e atua de modo particular aqui no Santuário pode ser considerado uma peregrinação espiritual neste sentido.
[…]Dar e receber: uma troca mútua
Quer se trate de uma peregrinação espiritual ou verdadeira, perguntemo-nos hoje: Que dádivas de romaria trazemos e que graças de romaria podemos esperar? Precisam gravar bem profundamente a originalidade de nosso lugar de peregrinações: aqui, a Mãe de Deus não quer apenas conceder graças, também quer receber. É um dar e receber recíproco, que supõe uma recíproca Aliança de Amor. As duas partes trazem algo e as duas recebem algo. Por isso já lhes disse certa vez: quando chegamos aqui com o coração e as mãos abertos e dizemos: “Mãe, mostra que és minha Mãe”, ela responde: “Filha, filho, mostra que és meu filho, minha filha”. Assim compreendem que eu diga: o dia de peregrinação não nos traz apenas dons e graças de romaria, mas também espera de nós dádivas de romaria.
Permitam que lhes diga primeiro as graças de romaria que nos são concedidas neste dia de peregrinação. Em primeiro lugar, a graça do abrigo espiritual; em segundo lugar, a graça da transformação interior; e, em terceiro lugar, a graça da fecundidade apostólica.
[…]A primeira graça
A Mãe de Deus quer conceder-nos, como primeira graça, o abrigo espiritual em seu coração para que, através dela, encontremos a Deus. Ela conhece nosso coração humano. Também sabe que a necessidade de lar do nosso coração só encontra resposta quando nos arraigamos no coração da Mãe de Deus e do Deus Trino. Por isso cuida, sobretudo enquanto somos jovens, que encontremos corações humanos nos quais possamos estabelecer nossa tenda e dos quais possamos dizer: aqui é o meu lar!
[…]Que exige a Mãe de Deus, como presente de retribuição por essa graça? Espera que tomemos em mãos nosso coração e o ofereçamos a ela. Contemplem a imagem. Não lhes chama a atenção a íntima e profunda relação de amor entre Jesus e a Mãe de Deus? Não notam com que profunda ternura o Filho está unido à Mãe? Vejam como uma cabecinha se aninha na outra. Também já se deram conta de como o manto não envolve apenas a Mãe, mas igualmente o Filho? O Filho está revestido apenas com o manto da Mãe. Olhando mais de perto, verão que o coração do Filho está exatamente onde pulsa o coração da Mãe. Esta relação de amor terna e delicada é um exemplo para nós. A Mãe deseja que nós também alcancemos uma semelhante relação de amor com ela. É quase como se a Mãe de Deus me bradasse: “Filha(o), dá-me o teu coração, assim como Jesus me dá o seu coração!”
[…]Vejam como se amam
Queremos fazer nossa peregrinação de hoje com grande fé em Schoenstatt, em que a Mãe de Deus habita e atua aqui e nos oferece o seu coração e o coração do Deus Trino. Queremos, igualmente, oferecer-lhe nosso coração como presente de retribuição. Sabemos que moramos no coração da Mãe de Deus e que nele pulsa para nós o coração de Jesus.
[…]Como forma a Mãe de Deus o meu coração? Ela o forma segundo o coração de Jesus, fazendo-o manso e humilde. Como filhos de Schoenstatt, temos um hino, o Hino do Instrumento, do qual uma estrofe diz: “Torna-nos semelhantes à tua imagem, como tu, passemos pela vida fortes e dignos, simples e bondosos, espalhando amor, paz e alegria. Em nós percorre o nosso tempo, prepara-o para Cristo”. Sabem agora como a Mãe de Deus forma e configura nosso coração, quando hoje nos conceder a graça do abrigo espiritual?
[…]Durante a Santa Missa, vamos colocar nosso coração sobre a patena. Quando eu erguer a patena no ofertório, nosso coração também será elevado ao coração da Mãe de Deus e assim ao coração do Deus Trino. Se fizermos isso dia por dia, virá o tempo em que se poderá dizer de nós: vejam como se amam!
Fonte:
Pe. José Kentenich. Eu saúdo os Lírios! – Palestras para a Juventude Feminina de Schoenstatt no Brasil, 1947 a 1949. Coleção Jufem Brasil, vol I. Secretariado da Jufem Regional Sul, 2014, 1ª edição.