Neste dia festivo de celebrar e agradecer a vida e a vocação das mães, Adriana Cominato, do Instituto de Famílias de Schoenstatt, nos conta como a Mãe de Deus inspira sua família:
Sou casada com o Ronaldo há 18 anos e temos quatro filhos. Sou administradora de empresa e comércio exterior de formação.
Meu exemplo de mulher, mãe, esposa e filha é e sempre foi Maria, nossa Mãe.
Ainda no ventre, minha mãe me consagrou à Mãe de Deus no Santuário de Schoenstatt. Minha infância e juventude foram nessa atmosfera cristã e mariana e minha vida é assim até hoje.
A Mãe de Deus é minha Mãe e Educadora e sempre lutei para resgatar a dignidade feminina, especialmente por meio do ser e do agir.
Cresci tendo as respostas para a minha vida na pedagogia do nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich.
Há 11 anos renunciei minha vida profissional, minha carreira, pelo meu marido e filhos, minha família! Para decidir isso foi um longo e difícil processo, pois eu tinha uma excelente remuneração. Amava o que fazia e foram muitos anos de estudos e investimentos. Trabalhava no M.I.S. (Management Information System) de uma grande instituição financeira e, na semana que pedi o meu desligamento da empresa, havia sido promovida e assumido um novo desafio, uma atividade que me identifiquei muito.
A geração “mulher maravilha”
Eu e o Ronaldo estávamos conscientes de que o ideal era eu ficar no lar em período integral, mas não conseguíamos ter a atitude, apesar de sonharmos desde o namoro ter muitos filhos (no mínimo cinco), e de saber que minha missão era na família.
Entre o ruim e o bom é fácil escolher, mas entre o bom e o melhor, aí está a grande questão!
Sou de uma geração da “mulher maravilha”, na qual precisa se provar que é possível dar conta de tudo: ser mãe, esposa, profissional de sucesso… Pura ilusão!
“Onde está meu coração, aí está o meu tesouro!”
Educar os nossos filhos para o Céu, esse foi sempre o nosso anseio e o mundo muitas vezes nos escraviza e não nos deixa parar para realizar a nossa vocação.
Almejávamos que nossa família fosse um pedaço do Céu aqui na terra e tínhamos a convicção de que a família é o lugar fundamental da formação do homem, tanto em sua dimensão humana como sobrenatural, por isso necessita ser fortalecida.
Enxergávamos que para alcançar tudo isso eu precisava ficar em casa, precisávamos transformar nossa casa – que estava praticamente igual a um hotel – em um autêntico lar.
Sozinhos não conseguíamos, então, coroamos a Mãe de Deus em nosso Santuário Lar, com uma coroa singela, feita por nós, e suplicamos: “Mãe, ajuda-nos, mostra-nos a vontade de Deus, clarifica-te!”
A Divina Providência conduz
Daí por diante ficamos atentos a tudo, a cada detalhe, pois acreditávamos que Deus nos fala por meio das pessoas e coisas, Ele é Deus da História e da Vida.
Lembramos o “Fiat” (faça-se) da Mãe de Deus. Foi um Sim aos planos de Deus com apenas uma pergunta: Como será isso?
Vários questionamentos nos permeavam, um deles era construção de nossa casa. Morávamos num apartamento pequeno e tínhamos conquistado o terreno onde construiríamos nossa casa. Mas, sem o meu salário, como poderíamos construir? E os investimentos com o colégio dos filhos, …?
“Quem tem uma missão a cumprir, deve cumpri-la, mesmo que tenha de passar pelos mais profundos escuros abismos, ainda que um salto mortal siga a outro” (Pe. Kentenich)
E foram surgindo vários acontecimentos cruciais…
Minha mãe cuidava das minhas duas filhas, a Leticia, de 2 anos, e a Isabella, com 4 anos, enquanto eu trabalhava fora. Ela precisava dar broncas, educar, sendo “dura” às vezes. Com isso, não estava realizando o papel de avó. Um dia, a Isabella: “Gosto mais da outra vó”.
Através dessa situação, enxerguei que estava transferindo meu papel de mãe para minha mãe e estava impedindo que ela fosse uma autêntica avó.
Também chegou às minhas mãos, por aqueles dias, um texto informando que se quiséssemos destruir a família era somente dar muito trabalho à mulher.
E duas frases do nosso Pai e Fundador, Pe José Kentenich:
“As grandiosas obras do amor não são possíveis sem a renúncia de si mesma”
“O amor deve facilitar-nos a dar pelo outro tudo quanto nos é caro”
Lembro-me como se fosse hoje, dia 2 de março de 2007, entreguei a carta de demissão. Quanta alegria e liberdade!!!!
À noite, no Santuário Lar, eu e o Ronaldo comunicamos para nossas filhas:
“O papai e a mamãe, a Mãezinha do Céu, nosso Pai e Fundador queremos dizer-lhes algo muito importante: A mamãe não trabalhará mais para ficar com vocês. E a mamãe renunciou por amor a vocês”.
Abraçamo-nos!!! E o Ronaldo concluiu: “Hoje é o início da construção de nossa santidade!”
Há 11 anos sou muito feliz!
Tivemos mais dois filhos, o Pedro Miguel, com 7 anos, e o Samuel José, com 4 anos, atualmente. São graças dessa renúncia!
São muitos os frutos dessa decisão. A saúde foi a primeira a ser notada, passamos a almoçar todos os dias juntos. Anteriormente, o Ronaldo vivia com problemas no estômago e agora, com a alimentação preparada por mim, foi solucionado.
A importância de estar no momento certo para interferir algo com nossos filhos, pois muita, muita coisa acontece durante o dia com eles, detalhes fundamentais para o desenvolvimento deles, e se não estamos presentes, eles não nos contarão quando chegarmos, pois não lembrarão e estarão cansados e nós também.
Quantos benefícios minha família tem pela minha volta ao lar, poderia enumerar mais centenas…
Sempre me chamou a atenção a nobreza de Maria e hoje entendo perfeitamente porque Ela é Rainha do Céu e da Terra, porque soube servir com alegria! E esse é o serviço à vida que busco, esforçando-me todos os dias pela minha autoeducação, pois somente assim conseguirei educar meus filhos.
Agradeço os instrumentos de Deus nesse processo de discernimento, nossas filhas, meus pais e nossa Comunidade do Instituto de Famílias de Schoenstatt.
Sou muito feliz, não porque sou uma profissional de sucesso, mas porque entendi qual a missão que Deus Pai pensou para mim. E assim compreendo o que é ser sal da terra e luz do mundo: É realizar a vontade de Deus!