Não há distância para quem o carrega dentro de si.
Ir. M. Nilza P. da Silva – Por que o Santuário é tão longe? Quão freqüentemente ouvimos essa expressão. Ela manifesta, para alguns, a saudade de estar mais vezes nessa fonte de graças, para outros, uma certa justificativa de quem sabe a importância de vincular-se ao Santuário, mas, ainda não conseguiu vencer um certo comodismo.
Olhemos para um exemplo concreto de quem vence barreiras para encontrar a Mãe e Rainha. É a senhora Celeide de Luca, coordenadora da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt na Diocese de Tocantinópolis/TO. Sim, é isso mesmo! Se ela atravessa o rio Tocantins, está no estado do Maranhão e se atravessa o rio Araguaia, está no estado do Pará.
Pois é, Celeide mora há 2.500 quilômetros do Santuário de Atibaia/SP, no qual participou do encontro de coordenadores diocesanos. Só pode fazer isso porque seu esposo a apóia em tudo e aceitou cuidar das duas filhas, na semana em que ela estava fora de casa. Por isso, deixemos que ela mesma nos fale de suas experiências:
Como o descobriu o Movimento de Schoenstatt e o Santuário?
Eu morava em Palmas/TO e comecei a ser missionária da Mãe Peregrina de Schoenstatt lá. Depois, fui embora com minha família para Araguaína/TO, lá também tinha o Movimento e fui me integrando. Comecei como missionária e hoje sou coordenadora diocesana.
Qual é o maior desafio de trabalhar com a Mãe Peregrina numa distância tão grande de um Santuário?
O desafio para mim é a falta de Irmãs lá na nossa diocese. Mas, a Mãe é tão generosa e a gente trabalha pelo amor a ela. É por isso que estou aqui: por amor.
O que é o Santuário para a senhora?
Acho que o Santuário está como que encarnado em mim. Ele é tudo! Não consigo mais viver sem o Santuário da Mãe e Rainha.
Como se faz, nessa distância, para vincular os missionários a um Santuário?
A gente procura todos os meios. Tem os livros, eu sempre me informo pela internet também, e passo tudo o que consigo para eles. Mas, em primeiro lugar, lá em Araguaína, a gente tem muita oração, graças a Deus.
Porque, se você não tiver o Espírito Santo, você não consegue agir. A gente se esforça, reza e a Mãe faz a outra parte. As pessoas vão conhecendo o Movimento de Schoenstatt por meio das Missas da Aliança, nas quais a gente faz uma divulgação. Tudo é com muita dificuldade, mas é muito importante divulgar e fazer crescer.
Como ajudar a família a crer nas graças do Santuário?
Nesta distância toda do Santuário, a gente procura passar o que aprende. A gente passa para elas quais são as três graças do Santuário: o abrigo, a graça da transformação e do ardor apostólico. A cada dia, a gente vai passando algumas coisas sobre as graças do Santuário. Logo mais, estarei de volta com um bom grupo de romeiros, lá de minha diocese. Eles querem vir ao Santuário.
E se a senhora morasse perto do Santuário?
Nossa Mãe! Eu acho que eu estaria aqui todo dia. Às vezes, lá em casa, fico pensando no Santuário, faço minhas orações dentro dele. Eu gosto muito de uma oração do Diácono Pozzobon, que é assim: “Querida Mãe, de hoje em diante quero ser um instrumento sacrifical, pioneira do teu Santuário, disposta a consumir-me. Um único anseio vive em minha alma, consumir-me por Ti”. E repito sempre essa oração, com saudades do Santuário.
O que é morar perto do Santuário?
O que é perto? Perto é assim como eu, eu moro perto do Santuário. Eu vejo assim!
Gosto muito daquela passagem do evangelho sobre Nossa Senhora, que Ela foi a primeira Assistente Social, quando Ela disse o seu sim sem reservas, e foi atrás de sua prima. A gente não tem nem noção da distância que Ela caminhou. Ela foi servir.
Eu acho que isso é o importante: nós temos que servir e não sermos servidos. É que tem alguns missionários e coordenadores que não vão para servir, mas, para serem servidos. A gente precisa mudar um pouco essa figura. Nós estamos aqui para servir o Santuário, a Mãe e Rainha. E eu vim para cá, nessa distância, e faria tudo de novo, com todas as dificuldades, porque eu estou fazendo simplesmente o meu dever.
Que mensagem dá para os missionários e coordenadores que não moram tão longe como a senhora?
Eu acho que eles têm que frisar a importância do Santuário. Porque a graça do Santuário é muito importante para as famílias e quando você assume uma missão, você tem que ir adiante, não tem que deixar nada para trás. Tem que se frisar e passar para as famílias as graças do Santuário, a presença da Mãe Peregrina. A gente deve amar a Mãe de Deus não somente pelos seus prodígios – podemos acabar ficando só atrás dos seus milagres. Temos que amá-la porque Ela é nossa Mãe e não pelos prodígios que Ela nos dá.
O que significa assumir a missão?
Assumir missão é não olhar para trás! O que vier você tem que ir, ir onde Deus propõe! Por exemplo, estou dando essa entrevista, sem achar que sei fazer isso! A gente tem que ver muito sobre aquela “lei da porta aberta” que o Pe. Kentenich sempre usava. A gente deve ter um amor orgânico, um falar orgânico, um pensar orgânico. Estar a disposição para aquilo que Deus precisa de mim. Estar a disposição.
Qual é o seu desejo para este novo século da Obra de Schoenstatt?
Que muitas famílias conheçam a Mãe Peregrina. Que elas possam conhecer e receber a graça da transformação. Não a graça de cura física, mas da transformação. Nós precisamos ter uma família santa, uma família orgânica, pais santos, filhos santos. A minha proposta é que vamos ser santos hoje: agora e não amanhã! Santo de todo dia.
Uma vez, eu estava lendo o livro do Diácono Pozzobon, e ele disse que tinha uma saudade muito grande. Eu também senti essa saudade e quando eu li disse: nossa! Meu Deus, isso caiu em cima de mim! Logo que me casei, senti uma saudade, assim insaciável. Tive as minhas filhas, às vezes eu chorava por causa dessa saudade. Meu Deus, que vazio! Acho que eu assimilava até um tipo de depressão. E depois que comecei a trabalhar com o Movimento de Schoenstatt, com a Mãe Peregrina, um dia eu disse: Meu Deus, cadê aquela saudade? Ela sumiu! Então, era saudade d’Ela, era saudade da Mãe. Ela preencheu-me com Jesus.
Na bíblia está escrito “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Primeiro veio o Verbo e se encarnou em Maria. Ele se fez carne e habitou entre nós. Então, Maria é tudo. Não existe Mãe Peregrina sem Jesus! Ninguém chega ao Pai sem Cristo, sem passar por Ela que nos trouxe ele. Ela é sua Mãe.
Sempre falo para as famílias que tem muita gente que fala assim: eu sou fã de Jesus e faz aquele “auê”. Então, eu disse até para o padre: Padre, não existe Jesus sem Maria! A gente tem que passar primeiro por Ela. E isso é tão bonito! É bonito, porque a gente entende! Por isso, em Schoenstatt, a Aliança de Amor é a base de tudo.
Lá em Araguaína a gente sempre faz a renovação da Aliança de Amor. A gente convida os zeladores, os coordenadores e as famílias. Sempre fazemos um chá e, depois, tem missa. É muito bom. A missa precisa ser muito mais assistida e participada!
Agora, eu peço encarecidamente: rezem por nós! Para que possamos fazer crescer essa missão de Schoenstatt em Tocantinópolis e levar muitas famílias a Jesus, por meio da Mãe e Rainha e seu Santuário.
Para finalizar, quem é o Pe. José Kentenich?
Pe. Kentenich é um pai. E um pai não tem explicação, é simplesmente um pai!