Os desafios da Família de Schoenstatt na Diocese de Roraima
Karen Bueno – “A dignidade da pessoa não depende de ela ser cidadã, migrante ou refugiada. Salvar a vida de quem foge da guerra e da miséria é um ato de humanidade”. Assim escreve o Papa Francisco, via Twitter, neste 20 de junho, Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, instituído pelas Nações Unidas.
É comum, nos meios de comunicação, ver cenas em que aparecem centenas de pessoas chegando à Europa, levadas de barco, numa tentativa de fugir da miséria e dos territórios de conflito. Na mesma linha, já faz algum tempo, essas imagens de dor deixaram de ser distantes para o povo brasileiro. A realidade das imigrações cresce a cada dia no país e, com ela, o desafio de viver a Aliança de Amor nesse contexto.
Segundo o governo do estado de Roraima, cerca de 800 venezuelanos cruzam todos os dias a fronteira com o Brasil. 3 milhões deles deixaram o país nos últimos cinco anos e 200 mil imigraram para o Brasil. É nessa realidade que a Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt (CMPS) está inserida na Diocese de Roraima.
“A nossa missão é ajudar”
A coordenadora da CMPS em Boa Vista/RR, Jaqueline Costa Cotrim, conta que “a população em geral tem ajudado muito, mas é uma situação bem difícil. Nós temos um número muito grande [de imigrantes] e cada vez está chegando mais. É uma situação difícil e complicada, mas a diocese está tentando colaborar da melhor forma”. Ela também salienta que “todas as paróquias da diocese estão envolvidas. Seguindo uma escala, toda a comunidade se reúne e servimos almoço e jantar. A Campanha da Mãe Peregrina entra nessas escalas. Não somos nós do Movimento [de Schoenstatt] que organizamos, mas vamos junto com cada paróquia”.
A comunidade da Paróquia Nossa Senhora da Consolata é responsável por um dos alojamentos. “Nessa comunidade, os coordenadores e missionários estão bem envolvidos. O padre celebra uma Missa para eles (os imigrantes) e a gente participa junto”.
Já faz um tempo os missionários da Campanha se mobilizam para recolher alimentos, fraldas, redes… entre as famílias que recebem a Mãe Peregrina. “Nós, enquanto missionários, temos essa tarefa de ajudar. A nossa missão é ajudar e fazer o possível para acolher essas famílias”, diz a coordenadora.
Missa da Aliança solidária
Nesse dia 19 de junho toda a Campanha se reuniu na Paróquia São Francisco das Chagas para renovar a Aliança de Amor. Como gesto concreto, cada pessoa levou consigo alguns itens de doação para os venezuelanos, que depois serão distribuídos conforme a necessidade. “São vários acampamentos. O sexto Batalhão do Exército organiza e as equipes da paróquia cuidam de toda a alimentação, recebem as doações e ali tem uma escala de grupos entre os movimentos que vão para preparar as refeições”, explica Jaqueline.
Apesar de todos os desafios nesse processo de acolhida, ela acredita que o coração dos brasileiros está se abrindo cada vez mais para receber as famílias estrangeiras. “Tem pessoas que só veem o lado ruim, mas agora até que diminuiu. Não tem como ver uma criança, uma família sem abrigo e não ajudar, então as pessoas estão sensibilizadas para isso”.
Um olhar de Mãe a acolher
Nesse mês de maio, a Diocese de Roraima conquistou sua primeira Ermida da Mãe Três Vezes Admirável. Ela também representa, a seu modo, a acolhida que os membros do Movimento desejam levar aos refugiados. O intuito de cada missionário é ser um Santuário Vivo de graças, para que a Mãe e Rainha possa realizar milagres de vida entre seus filhos pequeninos.
A realidade das imigrações se espalha por todo o Brasil, não é um desafio isolado para o povo de Roraima. Isso faz recordar as palavras e expectativas que o Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, deposita sobre nós: “Se não se faz um esforço em grande escala para resolver o problema social; se não descermos para ajudar aos pobres e conseguir justiça social e amor para eles, a Igreja não pode chegar a ser uma Igreja do povo. Se o Movimento Apostólico, se nós, portanto, não nos introduzirmos com força e vigor nas engrenagens de nossa época, quando temos ocasião e fazê-lo, somente teremos sonhado um belo sonho de renovação do mundo. Falamos de renovação moral do mundo. A justiça e o amor fazem parte do código moral. Devemos colaborar, portanto, para que os problemas sociais ao nosso redor sejam resolvidos” (Desafio Social, 1930, p. 134-136).
Foto: Felipe Larozza, via caritas.org.br