Uma decisão para o Tabor.
Ir. M. Rosequiel Fávero – A Família de Schoenstatt celebra, no dia 20 de janeiro, um marco de sua história: a decisão do Pe. José Kentenich de renunciar à possibilidade de não ser enviado para o Campo de Concentração de Dachau.
Ao comentar este fato, nosso Pai e Fundador sempre ressaltou que a grandeza do 20 de Janeiro não estava no ato em si, que equivalia – praticamente – a caminhar deliberadamente para uma morte quase certa no campo de extermínio, mas sim na busca e decisão livre pela vontade de Deus, mesmo que ela incluísse o caminho mais difícil.
Neste ano celebramos também 70 anos da coroação da Mãe como Rainha da Filialidade Heroica – o Pai e Fundador a coroou no Santuário Tabor, em Santa Maria/RS, no dia 20 de agosto de 1949. Com muitas visitas que ele realizou ao país, temos a grande alegria de possuir algumas palestras do Pe. Kentenich no Brasil, em que ele fala sobre o significado do 20 de Janeiro. Esses textos encontram-se na coletânea ‘Brasil Tabor’. No terceiro livro desta série, nosso Pai e Fundador fala sobre o tema, nos retiros em preparação à coroação da Mãe de Deus como Rainha da Filialidade Heroica.
Com o 20 de Janeiro se vive o Tabor
O Pai explica que a “filialidade é o elemento essencial de nossa espiritualidade” (Brasil Tabor 3, p. 35) e apresenta a filialidade heroica como meta da ação educadora de Maria, no Santuário. Jesus, o ‘Filho amado do Pai’, assim proclamado no Jordão e no Tabor, é o Filho heroico, nosso ideal de vida, que sempre buscou ouvir e realizar a vontade do Pai.
A filialidade em grau heroico está intimamente ligada à Fé Prática na Divina Providência. Significa crer que Deus fala conosco, expressa a sua vontade por meio dos acontecimentos do dia a dia e busca dar-lhe a resposta em nossa vida. Pe. Kentenich nos diz: “Qual é a resposta da vida? Filialidade heroica! O elemento essencial de nossa espiritualidade é a filialidade, que responde à fé na Providência. Devem ter clareza a este respeito. Viver a fé na Providência exige ousadia da inteligência, da vontade e do coração. É preciso ousadia para decifrar a vontade de Deus” (Brasil Tabor 3, 74).
Referindo-se ao acontecimento de 20 de janeiro de 1942, Pe. Kentenich afirmou repetidas vezes que foi ‘ousado’, e que a partir dele aprendera mais profundamente a ‘ousadia na fé’: “Já tive ocasião de lhes dizer porque sou tão ousado. Por minha singela fé, a partir de 20 de janeiro de 1942 (…) sinto-me como um equilibrista sobre a corda, mas com singular confiança. (…) O meu cálculo (no 20 de janeiro) era sempre: já te desprendeste inteiramente…? Então está tudo certo. Deus pode atuar. Se Deus quer assim, eu também o quero. Não por mim, não pela minha vitória, quero somente o que Ele quer” (Brasil Tabor 3,72 e 73).
Quero somente o que Ele quer
No dia da coroação da Mãe de Deus como Rainha da Filialidade Heroica, em 20 de agosto de 1949, Pe. Kentenich explica: “(Esta) não é uma coroação no sentido comum. É a coroação da Mãe de Deus como Rainha da Filialidade Heroica. Esta coroação é para nós símbolo do 20 de Janeiro de 1942, é símbolo da filialidade heroica. (…) Recordem 1942. Havia grande perigo que o diretor (o próprio Pe. Kentenich!) morresse de uma morte gloriosa ou inglória. De certo modo, ele tinha nas mãos o meio para alcançar a liberdade. Mas não quis libertar-se, quis desfazer o problema somente pela confiança no poder do amor de Deus e da Mãe de Deus. Eles deviam conduzir a Família (de Schoenstatt) através de todas as dificuldades, no confronto com a onipotência do Estado. O único meio era a filialidade heroica” (Brasil Tabor 3, 84).
O que nos diz hoje essa reflexão, como filhos de Schoenstatt do Brasil? Como aconteceu no contexto de guerra, foi a filialidade heroica o caminho para nosso Pai e Fundador e para os nossos irmãos na Aliança. Da mesma forma, hoje nós somos chamados a seguir os seus passos. Se nosso Pai e Fundador coroou, aqui no Brasil e para o Brasil, a Maria como Rainha da Filialidade Heroica, nossa Mãe tem uma missão especial para conosco: educar-nos, na graça da Aliança de Amor, como filhos heroicos do Tabor. Como filhos sempre atentos à voz de Deus nos acontecimentos da vida, buscamos sempre descobrir e realizar a sua vontade.
Que, neste ano jubilar, nossa Mãe e Rainha nos conceda a todos esta graça!
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