“Mãezinha… não me abandones nem um instante para que assim, sustentada por teu amor de Mãe e companheira, chegue a ser pura, transparente, revelando unicamente nobreza e amor, mas, acima de tudo, Cristo” (Barbara Kast).
Karen Bueno – “…porque, se Bárbara cooperava, a coisa daria certo”. Essa frase, dita por uma Irmã de Maria de Schoenstatt, caracterizava a vida de Bárbara Kast Rist. Neste final de 2018, a Família de Schoenstatt recorda os 50 anos de falecimento dessa jovem, que se tornou modelo e inspiração para aqueles que vivem a Aliança de Amor. Bárbara foi um lírio colhido bem cedo, aos 18 anos, para o jardim do céu. Ela faleceu no dia 29 de dezembro de 1968, em um acidente automotivo, deixando um testemunho vivo de entrega à missão de Schoenstatt.
Da Alemanha para o Chile
Bárbara nasceu em Thalkirchdorf, um pequeno povoado do sul da Alemanha, no dia 24 de julho de 1950. No ano seguinte seus pais imigraram ao Chile, por consequência da guerra, e ela tinha apenas oito meses quando deixou a Alemanha e mudou-se para Santiago.
Os primeiros anos foram de intenso trabalho e dificuldade econômica, também de muita unidade familiar. O Natal de 1958 trouxe uma grande dor para essa família, pelo falecimento de Mônica, a pequena irmãzinha de Bárbara, que faleceu afogada, aos dois anos, em um canal na frente de sua casa. A recordação desse dia deixou uma marca profunda em Bárbara Kast: por muito tempo ela teve medo de sua própria morte e da morte de qualquer membro de sua família.
Ingresso no Movimento
Seus anos de juventude foram tranquilos e felizes: gostava de todos os esportes, de andar a cavalo, natação, saltos mortais… Bárbara era caracterizada por um temperamento forte, com muitos traços de liderança e determinação. Em 1966, pouco antes de completar 16 anos, passou a estudar no Colégio Mariano, das Irmãs de Maria de Schoenstatt, para estar junto com suas irmãs. Essa novidade não a agradou muito, pois teria de deixar suas amizades e o ambiente que já estava acostumada. Mas, sem dúvida, seu ingresso no Colégio Mariano foi um momento decisivo em sua vida, pois ali conheceu o Movimento Apostólico de Schoenstatt.
Em setembro de 1967 ela ingressou no Movimento e entregou forças, trabalho e todo o amor pela missão. Logo se tornou dirigente de seu grupo, da Juventude Feminina, e se esforçava para cultivar o espírito de família e fortalecer os vínculos, direcionando todas para o alto: “Mãezinha, ajuda-me tu a comunicar ao meu querido grupo toda tua riqueza e beleza e, igualmente, o meu adorado Cristo. Quero realmente muito ao meu grupo e morreria de tristeza se alguma não se sentisse bem nele”.
Portadora de Cristo
Bárbara tornou-se um dos grandes modelos para a Obra de Schoenstatt, em especial para a Juventude Feminina – o ramo a que pertencia. A transformação de sua vida, pela Aliança de Amor, continua inspirando muitas jovens. Bárbara permitiu que a Mãe e Rainha lhe educasse e, aos poucos, foi transformando suas atitudes e se tornando o “homem novo”, a “mulher nova”, que Schoenstatt quer formar.
Ela faleceu no dia 29 de dezembro de 1968, em um acidente automotivo. Seu corpo foi velado no Santuário de Bellavista, em Santiago, e uma longa carreata a acompanhou até a cidade de Buin, onde moravam seus pais. Na capela da casa celebrou-se, uma vez mais, a Eucaristia. Cerca de 150 carros acompanharam o sepultamento, no cemitério de Buin.
Mas, Bárbara não tinha medo da morte? Quando aconteceu o acidente, fazia apenas 21 dias que ela tinha selado a Aliança de Amor, e esse era seu pensamento e sua certeza: “Mãe, tu sabes, eu estou feliz em te oferecer a minha vida, sei que me farás sempre plenamente feliz, mesmo na dor”.
Atualmente, quem visita o mausoléu da família Kast, encontra uma imagem da Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt, colocada na parede, e a inscrição, em letras pretas sobre um fundo branco: “TABERNÁCULO DE DEUS, PORTADORA DE CRISTO E SCHOENSTATT AOS HOMENS” – o ideal pessoal pelo qual ela lutou e viveu.
“Peregrinar”
Caminhar é peregrinar e peregrinar é algo que encerra dor, que significa deixar algo para ir a Algo maior que o que deixamos.
Peregrinar é difícil… muito difícil se não se faz ao ritmo de um canto de esperança que nos diga que além, no final do caminho, Alguém nos espera.
Peregrinar é lento, muito lento se não se faz em companhia de alguém que nos alenta… nos indica o caminho… nos recorda o fim, que não caminhamos sozinhos.
Peregrinar é caminhar anelando… em busca desse Infinito que nos atrai… desse Alguém que nos espera; esse caminhar anelando não nos pode fazer desesperar se o fazemos abrigados na realidade de um Amor que é Deus, se o fazemos abrigadas nas mãos do Pai.
O mundo ávido de amor, carente da verdadeira paternidade corre buscando com afã a felicidade; mas a felicidade que busca não preenche seus anelos e o faz pedir cada vez mais.
O mundo ávido de amor, revolto e confuso, marcado pelos vestígios de lutas entre brancos e negros, entre pobres e ricos, pede paz, pede a paz do coração. Os homens lutam, mas no fundo de sua alma, cada um quer ser irmão do outro, quer ser acolhido pelo outro, espera ser escutado pelo outro, não quer ficar sozinho.
É este mundo que nos espera… para ele vamos e vamos confiantes; dispostas a abrir sulcos com a mensagem que recebemos… vamos abertas ao diálogo sincero…. vamos peregrinando com Ela, que nos amou primeiro, que abrigou nossos passos, que é a Virgem fiel porque sempre peregrinou conosco.
Vamos com Ela e como Ela… certas de uma realidade que nos faz felizes… não estamos sozinhas… hoje e sempre, estamos nas mãos do Pai…. seguindo o caminho que ele desde sempre traçou para nós… peregrinando juntas rumo à eternidade..
Bárbara Kast Rist
*Editorial da Revista Caminando, do Colégio Mariano, N°5, ano de 1968