Pe. José Kentenich na saída do Campo de Concentração de Dachau
20 de janeiro! Lutas! Perseguição!
Ir. Adriane Maria Andrade Barbosa / Ir. M. Nilza P. da Silva – Schoenstatt é considerado o inimigo “número um” do Nacional Socialismo, sabemos disso por meio de fontes seguras, bem próximas a Hitler.
Mas, por que Schoenstatt pode ser considerado tão perigoso para a polícia secreta no tempo de guerra?
O que traz de tão importante essa data que a Família de Schoenstatt a denomina de Segundo Marco histórico?
Pe. José Kentenich, Fundador da Obra Internacional de Schoenstatt, sempre anunciou o homem livre e, em sua atuação como educador, se empenhou pela formação de personalidades autênticas, que tomem decisões a partir de uma convicção interior. Sua proposta de liberdade e autonomia iam contra todas as inciativas manipuladoras do Nazismo. “Os que se deixam cativar por Schoenstatt, estão perdidos para o nazismo”, dizia-se na época.
Tendo sido preso, pela pela Gestapo (Polícia Secreta na Alemanha no período da guerra), foi decretado inimigo do estado e por isso, condenado ao Campo de Concentração na cidade de Dachau, sul da Alemanha. Para isso, precisava da aprovação de um exame médico e este foi feito de modo muito superficial, não levando em consideração que Pe. Kentenich tinha uma grave deficiência pulmonar. Portanto, havia a possibilidade de solicitar um novo exame, que comprovaria sua inabilidade para um Campo de Concentração. Ele tinha, assim, a possibilidade de se esquivar do Campo por ter uma saúde debilitada, se fizesse o requerimento para esse novo exame.
Toda a Família de Schoenstatt implorava que ele assinasse tal pedido. Mas, ele queria para isso um sinal claro da vontade de Deus. O último prazo para o pedido era o dia 20 de janeiro de 1942, às 17 horas. Pe. Kentenich passou essa noite em oração, implorando a clareza sobre o que Deus desejava dele. No dia 20, pela manhã, ao celebrar clandestinamente a santa missa, teve clareza: Deus desejava sua disposição para ir a Dachau, ou seja, a entrega incondicional de sua liberdade. Ele mesmo nos conta:
“A noite inteira lutei comigo mesmo para reconhecer a vontade de Deus. Então tive clareza. Não vou aceitar a solicitação. Se posso escolher e decidir, então, para mim deve ser a morte, algemas, e para a Família (Movimento de Schoenstatt), a liberdade. […] Assim, no dia 20 de janeiro de manhã, durante a Missa, ofereci conscientemente minha liberdade.”[1]
No 20 de janeiro simplesmente ele sacrifica e doa tudo, realmente tudo: liberdade e honra, bens e propriedade, a própria vida e também o destino da Obra.
“Adsum! (Eis-me aqui) Dispõe de mim! Faze comigo o que te aprouver. Usa-me como queres, onde queres e quanto tempo o quiseres. Estou pronto para tudo!”[1]
Em Dachau, perante as atrocidades do nazismo, ele lutou pela verdadeira liberdade interna, para estar inteiramente livre de si mesmo e de tudo o que é contrário aos planos e à vontade de Deus. Tornou-se um ponto de apoio para muitos detentos e uma fonte de paz no meio de tantas injustiças, porque estava profundamente ancorado em Deus.
Qual é o meu pequeno Dachau? Como posso vencer em mim as algemas do comodismo, da indiferença e do relativismo no pequeno espaço de minha vida?
Peçamos ao Pe. Kentenich que nos ajude a sermos livres, como ele: Queremos ir junto contigo, em tua atitude do 20 de janeiro de 1942, escolhendo livremente e por amor alguma coisa que seja difícil! Ensina-me a viver hoje, confiante na Aliança de Amor, os seus passos heroicos e a doar a Deus toda a minha liberdade!
Fonte de pesquisa:
Manuscrito de Pe. José Manuel Lopes Herero – Por tuas cadeias, Pai de nossos povos – para o jubileu do 20/01 de 1992
[1] KENTENICH, José. Livre em algemas, pág. 6
Fonte: maeperegrina.org.br
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