Qual a mulher que não se interessa pela beleza?
Um senhor visita seu amigo artista e leva o filho junto. Chegando à casa do amigo, este está batendo com martelo e cinzel num bloco de mármore. A criança pergunta, admirada, com toda candura: “O que você está fazendo?” A resposta foi muito breve: “Estou descobrindo um anjo!”. A criança não entende nada vai se ocupar com outras coisas…
Passadas algumas semanas, o pai volta à casa do amigo, novamente acompanhado pelo filho. Quando chegam, muito alegre, o amigo cumprimenta a criança e, sorrindo, lhe diz: “Aqui está o anjo que descobri!”. A criança, ainda mais admirada, diz: Oh… eu não sabia que lá dentro tinha um anjo!
Será que todos nós conhecemos o “anjo”, a beleza da imagem da mulher, que Deus traz em seu coração e coloca no ser feminino?
Ir. M. Dioneia Lawand – Se quisermos compreender uma obra de arte e captar toda sua beleza, devemos consultar o próprio artista. Por isso, se quisermos conhecer a imagem ideal da mulher, devemos consultar o artista divino, Deus, que criou tão grande obra de arte.
Qual o sonho de Deus ao criar a mulher?
Encontramos esta imagem de mulher descrita na Sagrada Escritura e anunciada pela Igreja. Podemos contemplar esta imagem, realizada, de maneira plena, em Maria, a Mulher revestida de sol, coroada de estrelas, como a descreve São João no Apocalipse. Maria, a Cheia de Graça, é a mulher por excelência, na qual se reflete o esplendor do divino, que toca o infinito e faz resplandecer no mundo, em toda a plenitude, a grandeza, dignidade e beleza do ser feminino.
Referindo-se à beleza feminina, Pe. José Kentenich disse: Tudo o que se pensa e se pode imaginar da grandeza e da beleza da mulher, no aquém e no além, de beleza celestial, tudo, tudo, o eterno Deus colocou na imagem da bendita entre as mulheres [1]. Ele estava convicto que a Mãe de Deus se estabeleceu no Santuário de Schoenstatt com a tarefa de, por meio das graças que ali jorram, educar um modelo belo, luzente de seu próprio ser feminino [2].
João Paulo II (1987), contemplando a beleza de Maria, diz que mais do que dos traços puríssimos da Virgem de Israel, trata-se aqui da beleza do ser humano, do ser completo, reintegrado na sua dignidade total, como nasce da imagem e semelhança Daquele que é a beleza suprema.
A beleza e a missão feminina
Pe. Kentenich vai desvendando o ser, a beleza e o valor da mulher, seu valor característico que decorre de sua feminilidade. As diferenças que apresenta em relação ao homem não são simplesmente exteriores. Ela possui uma essência que se manifesta por seu dinamismo e missão próprias.
Para Edith Stein, a vocação da mulher resume tudo que indica dignidade, caminho, subida ascensional, espiritualidade e também realização humana pessoal. Trata-se de uma relação pessoal e comunitária. Sabe-se que homem e mulher estão mutuamente relacionados. Ambos possuem a mesma vocação fundamental que os diferencia e os une.
Gertrud von le Fort complementa: Em todo dom de si brilha um raio do mistério da Mulher eterna. Mas, este raio se extingue quando a mulher procura a si mesma. Este eterno na mulher pode-se ver corporificado em tantas figuras de mulheres, que por sua grandeza e beleza feminina, vivida no mistério de seu ser, projetam luz indestrutível no decorrer da história da Igreja, dos povos e das nações. Quando exerce a missão que Deus lhe confia, constatamos que a projeção da mulher se dá de maneira correta, clara, convincente, envolta pela modéstia e simplicidade que caracteriza a beleza feminina: Ela acompanha a marcha da história e, muitas vezes, contribui decisivamente em momentos singulares de seu destino.
Madre Teresa de Calcutá, diante da qual se calaram os Parlamentos, com seu ser simples e sua modéstia, mas também com seu sentido para a verdade, sabia dar a resposta certa no momento certo. Seus pronunciamentos a favor dos mais necessitados marcaram o século que conduziu ao novo milênio. Seu funeral foi o testamento mais eloquente do que representou esta grande e bela mulher: Teresa de Calcutá.
A Condessa Gertraud von Bullion é a primeira mulher a ingressar na Obra de Schoenstatt. Como enfermeira da Cruz Vermelha, na Primeira Guerra Mundial, seu serviço de doação dirigia-se não somente às necessidades físicas dos feridos, mas também não se descuidava de suas necessidades espirituais e religiosas. Por causa do seu apostolado e empenho nos hospitais militares, foi chamada de “potência católica”. Seu impulso missionário encontrou sua realização máxima em Schoenstatt. Pe. Kentenich referindo-se a ela, diz: Devemos esta ilimitada fecundidade do ramo feminino da Obra de Schoenstatt, em primeiro lugar, àquelas que se consumiram por ela com sua singela grandiosidade feminina. Penso, antes de tudo, em Gertraud von Bullion. Reverencio sua grandeza. Ela está diante de nós como uma grande mulher!
Pode-se nomear ainda uma multidão de grandes mulheres: políticas, notáveis na ciência e na cultura, rainhas, sem esquecer as escravas negras, que, em seu anonimato, foram grandes mulheres e educadoras. Tais mulheres marcaram os séculos com sua presença atuante, envoltas no véu de sua feminilidade vigorosa, da beleza de ser mulher.
Vocação: olha com o coração
De fato, é no doar-se aos outros, na vida de cada dia, que a mulher encontra a profunda vocação da própria vida, ela que, talvez mais que o homem, vê o homem, porque o vê com o coração. Vê-o independentemente dos vários sistemas ideológicos e políticos. Vê-o na sua grandeza e nos seus limites, procurando ir ao seu encontro e ser-lhe de auxílio. Deste modo, realiza-se na história da humanidade o fundamental desígnio do Criador e aparece à luz incessantemente, na variedade das vocações, a beleza — não só física, mas, sobretudo, espiritual — que Deus prodigalizou desde o início à criatura humana e especialmente à mulher.
Onde há manifestação de vida, ali se encontra uma figura de mulher
Na mulher, quando autêntica, fiel a si mesma e a sua essência metafísica, brilha uma luz, a beleza do ser feminino. Diz o Papa Francisco: “Este é o grande dom de Deus: nos deu a mulher. […] Mas é algo mais: a mulher é a harmonia, é a poesia, é a beleza. Sem ela o mundo não seria bonito, não seria harmônico.” (Missa na casa Santa Marta 09/02/2017)
“Obrigado a ti mulher, pelo simples fato de ser mulher” (Papa João Paulo II, 1995).
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[1] bloss Konvention? Pater Kentenich über das ideal der Frau (Mera convenção? Padre Kentenich sobre o ideal da mulher), Coletânea de pensamentos do Padre Kentenich por M.A. Klaiber – Secretariado da Liga Feminina de Schoenstatt.
[2] Agosto de 1936 – Conferência para as Irmãs
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