Um pequeno e relevante acontecimento no percurso de uma grande história
Geni Maria Hoss – Quem conheceu a cidade de Hoerde, em 1919, e as circunstâncias do Congresso de Hoerde, talvez tenha se perguntado: Pode vir algo de grande deste lugar? Hoje, no entanto, podemos afirmar que esse acontecimento foi relevante na história de Schoenstatt para que estivéssemos aqui, não apenas alimentando grandes ideais de santidade, mas tendo a nosso dispor um caminho seguro para alcançá-los.
As circunstâncias que levaram à preparação, realização e desdobramentos de Hoerde são, na verdade, portas abertas por Deus reconhecidas pelo Fundador, Pe. José Kentenich, e os pioneiros na história de Schoenstatt. Essa é a lei de Schoenstatt desde o começo. O que se sabe sobre Hoerde? A principal fonte sobre o Congresso é a revista periódica MTA-Zeitschrift.
Queremos celebrar o centenário do Congresso de Hoerde no mesmo espírito manifestado por um dos responsáveis na época, Fritz Ernst. Após 40 anos do evento, então pároco, ele diz: “Vale a pena ocupar-se com o Congresso de Hoerde, porque ali o Movimento Apostólico se desprendeu da Congregação Mariana e trilhou o caminho que foi apresentado: tornar-se movimento de educadores e de educação, escola do apostolado leigo, comunidade mariano-apostólica.” (DdH, 1969, p. 47).
E agora?
Recordando o contexto histórico, logo que a Primeira Guerra acabara, alguns jovens soldados retornaram com uma pergunta instigante: E agora? A questão se levantou porque os congregados schoenstattianos que foram para a guerra continuaram sua missão nos campos de batalha e a adesão de outros jovens, não-seminaristas, aos ideais dos congregados trouxe consigo, entre outros, uma nova realidade: nem todos os soldados que aderiram aos ideais de Schoenstatt aspiravam ao sacerdócio. Havia então congregados seminaristas e aqueles que queriam seguir um caminho de santidade como leigos.
A troca de correspondências entre os congregados dava conta da grande preocupação pela continuidade da Organização criada pelos jovens leigos. Em carta de 7 de dezembro de 1918, Claus Scheuffgen pergunta ao seu dirigente: “O que será da nossa Organização? Ela vai continuar existindo, ela será transformada ou ela será extinta?” (DdH, 1969, p. 50).
O Congresso de Hoerde não foi o único encontro dos jovens naquela época. Por ocasião dos cinco anos da fundação da Congregação Mariana em Schoenstatt, em 19 de abril de 1919, houve um evento comemorativo da referida data, onde foram abordados três temas que se confirmaram como pilares da identidade de Schoenstatt:
– a veneração a Maria
– a santificação própria
– o apostolado.
O espírito estava preparado para uma relevante decisão sobre a continuidade da Organização em si e também sobre o modo como ela continuaria a existir. O Congresso de Hoerde foi preparado com entusiasmo, mas um balde de água fria foi a notícia da ausência do Pe. José Kentenich. Decepcionado, um dos principais responsáveis, Alois Zeppenfeld, chegou a cogitar o cancelamento do evento. A decisão final, no entanto, foi pela realização do congresso. No discurso de abertura, ele próprio, Zeppenfeld, apresenta o objetivo: “Para que nos reunimos aqui? Deve ser de conhecimento de todos que por várias vezes foi dada a sugestão nos grupos para nos reunimos após o fim da guerra em Schoenstatt para uma celebração do reencontro e gratidão. E, mais vezes ainda, foi levantada a questão? A Organização Externa deve continuar depois da guerra ou se extinguir com o fim da guerra?” (DdH, 1969, p. 68).
Logo depois, no encerramento do congresso, Fritz Ernst, em poucas palavras, dá conta das conclusões em Hoerde: “Para nós se trata de promover, em medida particular, a honra de Deus e o bem de nossos semelhantes. É para este fim que nos encontramos. Uma meta especial exige meios especiais. Nós os temos e, na verdade, os melhores: no exame particular e horário espiritual, no ideal pessoal e na escolha de um diretor sacerdotal.” (DdH, 1969, p. 76).
Um relato da revista MTA (15/12/1920) revela que no encontro de outono (europeu) se confirmaram importantes pontos de Hoerde e os jovens manifestam igualmente a preocupação em manter vivas as propostas do congresso. Eles reafirmaram alguns tópicos relevantes do recente desenvolvimento do Movimento:
(1) Ampliar a educação dos membros e o pensamento apostólico;
(2) Confirmar que a Mãe de Deus continua sendo a Protetora e o Apóstolo Paulo o segundo patrono;
(3) O nosso lema é: Caritas Christi urget nos!
(4) A Central tem sua sede em Schoenstatt.
(5) O Movimento Apostólico é composto pela União Apostólica e a Liga Apostólica (DdH, 1920, p. 78ss).
100 anos depois
O jubileu nos convida a reassumir, com novo vigor missionário, a nossa missão como partícipes do carisma do Fundador: “Vós todos participais do meu carisma pessoal.”. Para bem celebrarmos o jubileu será realizado, de 16 a 18 de agosto de 2019, em Schoenstatt, um encontro internacional. Para esse encontro a Presidência Geral do Movimento convida todas as pessoas, também de outros movimentos eclesiais e amigos, para partilhar o legado do Congresso de Hoerde, identificar sua eficácia nas realidades de hoje e, fortalecidos na fonte, renovar nosso compromisso de sermos Schoenstatt em saída para uma cultura da vida, uma cultura da aliança, em todos os campos possíveis.
Bela explicação a respeito do movimento a sua fundação em 1919 nos faz comemorar o centenário.