“A filialidade é pura e simplesmente o caminho para o céu”[1] (Pe. José Kentenich)
Pe. Heitor Morschel – “Pela graça de Deus, sou filho!” A profundidade de tal afirmação decorre do fato de termos nascidos biologicamente de um pai e de uma mãe. Em circunstâncias normais, é o modelo mais espetacular de alguém vir ao mundo, por meio do amor de uma família. A Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, nos diz que “os filhos são o dom mais excelente do matrimônio e constituem um benefício máximo para os próprios pais”[2]. Assim, o homem e a mulher colaboram na obra da criação e na redenção de Deus para a humanidade (Gn 1,28). Em outras palavras, toda a carga biológica e todo amor dos pais continuam por meio de um novo ser, fruto do amor de uma família.
Podemos compreender a afirmação “ser filho”, também na ordem da redenção decorrente da fé. Pelo batismo nós nos tornamos, de fato e de direito, “filhos de Deus”. O Catecismo da Igreja Católica nos diz: “Pelo batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus, tornando-nos membros de Cristo, e somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão”[3]. De fato, nós nos tornamos filhos de Deus pela fé no “Filho Unigênito de Deus: Jesus Cristo, nosso Senhor” (Jo 1,12). Tal expressão do Apóstolo João, nos introduz no tema ao afirmar que aquele que crê no Verbo Encarnado, torna-se “filho de Deus”. É a maior dignidade que alguém pode receber na vida!
Ser filho pela Aliança de Amor
No Movimento Apostólico de Schoenstatt, a expressão “filho” recebe ainda outros coloridos. Ao dizer-se filho, dizemos que temos uma Mãe (MTA). De seu Santuário, “Maria se mostra de modo especial como a Mãe e Educadora que dá à luz Cristo em nós, formando-nos segundo sua imagem”[4]. Em sua iconografia, Maria carrega o seu Filho Jesus nos braços. Tal representação demonstra um carinho e uma identificação profunda no povo brasileiro, que vê em Maria uma Mãe amorosa e acolhedora. Não importa a idade, cor ou raça, Maria é a Mãe de todos nós: homens, mulheres, jovens e crianças.
A Virgem Maria era para o Pe. Kentenich “a mais perfeita realização do homem novo, da nova criação, objetivo da salvação realizada por Jesus Cristo”[5]. Essa afirmação veio muitos anos antes do Concílio Vaticano II, que não quis elaborar um documento próprio ao tratar de Nossa Senhora, mas quis inseri-lo no mistério da Igreja. Para o Concílio, “Maria é verdadeiramente a Mãe dos membros de Cristo… E, por causa disso, é saudada também como membro supereminente e todo singular da Igreja, como seu tipo e modelo excelente de fé e caridade”[6]. Em outras palavras, Maria é para a Igreja, “modelo perfeito daquilo que a Igreja será no futuro, na glória eterna”[7]. Nesse sentido, ao invocar Maria como Mãe, não devemos ter medo e nem vergonha de tal expressão. Ela é, de fato, a Mãe, Rainha e Vencedora de todos os que querem seguir o caminho de Deus pela santificação de suas vidas.
Ainda, Pe. Kentenich coroou a Mãe de Deus, em 20 de agosto de 1949, como Rainha da Filialidade Heroica, oferecendo à Mãe e Rainha o anseio de todo o ser humano que, muitas vezes, se confronta com a dor, a angústia e as dificuldades da vida, principalmente nos dias de hoje. Ela é a Mãe que acolhe a todos os seus filhos, pois um “Servo de Maria nunca perecerá”[8].
Referências:
[1] Pe. José Kentenich. Ser Filho Diante de Deus. Vol 1, segunda conferência
[2] Compêndio do Concílio Vaticano II. Constituição Pastoral Gaudium Et Spes. Petrópolis: Vozes, n.50.
[3] Catecismo da Igreja Católica. Petrópolis: Vozes, 1993, n. 1213.
[4] ANDRACA, Rafael Fernandez. 150 Perguntas sobre Schoenstatt. São Paulo: Nueva Patris, 2011, p. 18.
[5] MONNERJAHN, Engelbert. Schoentatt, uma introdução. São Paulo, p. 20.
[6] Compêndio do Concílio Vaticano II. Constituição Dogmática Lumen Gentium. Petrópolis: Vozes, n. 141.
[7] Idem. n. 159.
[8] ANDRACA, Rafael Fernandez. 150 Perguntas sobre Schoenstatt. São Paulo: Nueva Patris, 2011, p.57.