“Aqui necessitamos de um caráter tremendamente firme e resoluto… Sentimos uma natural atração ao amor de Maria – que acima de tudo deverá ser o que nos identifica – quando nos recordamos das incontáveis provas de graças que a nossa Mãe do céu já nos concedeu” (Congregado Bezold)
Karen Bueno – Talvez você não tenha ouvido falar em Josef Koch, Johann Bezold ou Wilhelm Witte – provavelmente poucos os conhecem. Mas, se você pertence ao Movimento Apostólico de Schoenstatt, esses nomes, e muitos outros, são importantes na sua vida, são pilares de uma história revolucionária. Uma das formas mais belas que Deus escolhe para agir na história da humanidade é se apoiando na pequenez de seus instrumentos. Justamente por isso é que essas pessoas são tão pouco conhecidas, sua pequenez os faz grandes.
Ao citar esses nomes, estamos nos referindo a alguns jovens da primeira geração do Movimento Apostólico de Schoenstatt. Junto com o Pe. José Kentenich, eles sustentaram a fundação da Obra Internacional de Schoenstatt, ou seja, vivemos a herança de sua fidelidade à Aliança de Amor.
Hoje, 27 de abril de 2019, faz justamente cem anos que um memorial com esses nomes foi fincado na parede do Santuário Original de Schoenstatt. Estão ali com uma mensagem de gratidão aos primeiros e também como um impulso de ardor para as gerações vindouras.
Como surgiu esse memorial?
No final de 1918 a Primeira Guerra Mundial encerrou-se e, no ano seguinte, os seminaristas-soldados retornaram a Schoenstatt para continuar os estudos. Já há muito tempo eles queriam expressar sua profunda gratidão à MTA, logo que a guerra terminasse.
Na Revista MTA (15 de janeiro de 1919, p. 8) lemos o relato: “Há dois anos concebíamos o plano de construir um memorial de guerra, em recordação a esse grande período. […] Ele quer ser um sinal de gratidão filial à nossa Mãe e protetora celestial, mas também, para as gerações vindouras, um estímulo a extrair de nossa Aliança todo o valor que teve a autoeducação nesse período fatídico da nossa querida pátria alemã”.
É bonito notar como as decisões eram tomadas sempre em conjunto.
Os congregados reuniram muitas sugestões para o memorial, por exemplo: pendurar tábuas de mármore na capela, com os nomes dos congregados; colocar uma peça esculpida da Mãe de Deus como a protetora dos soldados; publicar uma biografia dos heróis caídos; falaram até em ampliar o Santuário Original (o que foi recusado por muitos). Para chegar a um acordo, todos participaram, como indica a mensagem publicada na Revista MTA: “Nós não podemos e não queremos tomar uma decisão final. Primeiro, todos os soldados devem ter expressado suas sugestões e opiniões. Pedimos que você faça isso o mais rápido possível” (15 de janeiro de 1919, p. 8).
109 sobrenomes gravados
Por fim, definiu-se que o memorial seria uma placa de pedra contendo os nomes de todos os congregados soldados que morreram na guerra ou estavam ativos em abril de 1919. Os 109 nomes foram agrupados pelas três seções remanescentes e seus 16 grupos. O custo de 800 Marcos pelo trabalho profissional da pedra e da gravação foi pago pelos próprios alunos. A colocação do memorial foi o acontecimento principal na celebração do quinto aniversário da Congregação, no segundo domingo da Páscoa, dia 27 de abril de 1919. “Ao meio-dia de hoje, a mão do padre deu a bênção à obra finalizada, selando seu grande significado para a Congregação”.
Ele foi colocado na parede direita do Santuário, onde até hoje permanece, revelando o testemunho daqueles jovens rapazes que constituíram a geração fundadora de Schoenstatt. Entre os mais conhecidos estão os sobrenomes dos herois José Engling, Max Brunner e João Wormer, também de sacerdotes que ajudaram a consolidar a Obra de Schoenstatt, como o Pe. Alexander Menningen e o Pe. Johannes Tick.
Apesar de sua fragilidade, a geração de congregados da Primeira Guerra Mundial realizou um trabalho que deveria sobreviver a eles. É por isso que a geração de então e todos os membros dela merecem um memorial. Mas, o que de fato os torna grandes não é ter o nome gravado numa pedra, é o testemunho de santidade na vida diária, pela Aliança de Amor. Se hoje somos parte da Obra de Schoenstatt, é graças a eles. Isso significa que o mesmo acontece conosco: as gerações futuras dependem de nós.
Fontes de pesquisa:
– Livro: Herois de Fogo, Pe. Jonathan Niehaus
– urheiligtum.de