“Se namoram um jovem e seu coração está inflamado por ele, não esqueçam nunca que sua tarefa consiste em cuidar que Cristo nasça no coração dele” (Pe. José Kentenich) [i]
Yana Barbosa – Existe uma frase da qual gosto muito, creditada a São João Paulo II, que expressa: “O amor me explicou o sentido de todas as coisas. Por isso, eu nunca posso desistir do amor”. Devemos sempre reconhecer a atuação do Espírito Santo e por isso, foi inevitável perceber que, ao ler essa frase pela primeira vez, muito do que penso e sinto se tornou ainda mais consciente para mim.
Digo isso, pois dentro do meu ser sempre existiu uma sede de amar: sempre quis que esse sentimento me dominasse de tal maneira que norteasse minha conduta em todas as situações. Mais do que isso, sempre desejei encontrar nos outros esse mesmo anseio e poder perceber em outro alguém a atuação desse sentimento que, para mim, é uma das forças mais poderosas entre o Céu e a Terra.
O meu amor por Nossa Senhora sempre foi tão forte e fecundo que fez com que eu permitisse questionar a mim mesma se a minha vocação não seria a consagração de toda a minha vida à Deus como Irmã de Maria. Portanto, me permiti silenciar o coração e escutar o que Deus esperava de mim e, assim, perceber que gostaria de seguir outro caminho, que minha vocação era o matrimônio.
Consciência do amor e da Providência Divina
Minha formação dentro da Juventude Feminina de Schoenstatt sempre me fez entender que, sendo meu corpo um templo do Espírito Santo, não poderia entregá-lo, no sentido físico, a qualquer um, aí consiste a preservação da pureza. Mas, ao tentar encontrar o amor em alguns relacionamentos, aprendi algo com os meus erros: se em meu coração existia o amor, e o amor tudo cura e resignifica, por que eu dedicaria minha energia e mais do que isso, entregaria esse amor (que é o que de mais precioso eu poderia dedicar aos demais) também para quem não o merecesse?
E então, quando percebi isso, aprendi que eu não deveria querer que minha vontade prevalecesse diante da vontade divina. Eu sabia qual era minha vocação e o que poderia fazer era, simplesmente, rezar e pedir à Deus que eu pudesse realizar meu desejo, não com qualquer um, mas sim com aquele que Ele elegeria para mim. Quando eu realmente amadureci minha percepção acerca do amor, Deus me presenteou ao me permitir conhecer (e reconhecer o que eu sentia) o amor em outra pessoa: meu namorado, Mateus.
Ser filho e ser filha diante de Deus
Sempre colocamos nossa relação sob a condução do olhar materno de Maria, implorando à ela que nos abençoasse e guiasse. Sob a proteção dela, aprendemos que o diálogo, companheirismo, respeito e cuidado deveriam ser mútuos, pois nos fortalecíamos um ao outro. Tive a graça de encontrar alguém que, assim como eu, cresceu em Schoenstatt e, além de crer nos mesmos ideais que eu, também sempre desprende-se de si para entregar sua juventude à Mãe.
Um ensinamento do Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, que levo comigo é de que aprende-se amar na medida em que sabemos que somos amados. Com isso, ao reconhecer a subjetividade do amor, aprendi que não temos outro meio de nos prepararmos para o namoro de outra forma senão pedindo a Deus sua bondosa intercessão e que, como filha ou como filho diante do Pai, não podemos aceitar nada menos do que alguém que também se coloque nessa posição. Somente assim, entregues primeiramente ao amor Dele, podemos crescer em maturidade no amor para cumprir o plano que Ele tem para nossa vida.
* Contribuição da Juventude Feminina de Schoenstatt do Regional Sul
Foto: Renee Fisher, via unsplash.com
[i] Pe. José Kentenich. Eu saúdo os Lírios. Palestras para a Juventude Feminina de Schoenstatt no Brasil. Santa Maria/RS, 18.10.1949.