Pela primeira vez todos poderiam lê-lo
Karen Bueno – Há 100 anos não havia site, rede social “online” ou mesmo internet. Celular? Tablet? Nem precisa responder… O mais moderno com que se podia contar eram os meios de comunicação impressa: jornais, revistas, panfletos e até mesmo o telégrafo. Pode parecer prosaico e antiquado, mas eram meios muito importantes e “revolucionários” para a época.
Dentre esses meios está a Revista MTA (Mater Ter Admirabilis), a primeira publicação impressa periódica do Movimento Apostólico de Schoenstatt. Já sabemos de sua importância histórica no início da Obra de Schoenstatt (leia mais) e também da riqueza que suas páginas carregam. Pois é justamente nela que o Documento de Fundação do Movimento se torna público diante do mundo.
O Pe. José Kentenich – editor da revista – publicou o Documento de Fundação pela primeira vez na edição nº IV da MTA (p. 59-61) em 15 de junho de 1919, há 100 anos. A partir daí o mundo pode descobrir com profundidade aquilo que houve em Schoenstatt no dia 18 de outubro de 1914. As palavras que tocaram o coração dos meninos e os fizeram entregar tudo pela missão estariam registradas e anunciadas publicamente a todos.
O que é o Documento de Fundação?
O Movimento Apostólico de Schoenstatt foi fundado em 18 de outubro de 1914, na antiga capelinha de São Miguel, no vale de Schoenstatt, que fica na cidade de Vallendar/Alemanha. Nessa data, o Pe. José Kentenich se reúne com seus jovens alunos e, logo após as férias, dirige uma conferência na qual revela sua “ideia predileta”: Convidar Nossa Senhora a se estabelecer na capelinha, transformando-a num Santuário de graças. E isso só seria possível se todos eles vivessem com ardor uma vida de santidade.
O conteúdo dessa conferência é chamado de DOCUMENTO DE FUNDAÇÃO DE SCHOENSTATT.
Algumas versões
Geralmente, ao estudarmos o Documento de Fundação, encontramos no final do texto algumas modificações que ele foi ganhando. Existe a versão original de 1914 e mais duas (de 1915 e 1919) que trazem pequenas modificações, todas escritas pelo Pe. Kentenich e consideradas como oficiais; mas a versão publicada na Revista, essa de 1919, é a mais utilizada, inclusive pelo próprio Fundador.
E por que há mais de uma versão? Conforme novas turmas de estudantes iam se juntando à Congregação Mariana, o conteúdo da conferência era aplicado novamente pelo Fundador. Ao repetir a conferência, ele percebia a necessidade de adaptar alguns detalhes e expressões que achava necessário revisar. Por exemplo: na versão original está escrito “guerra europeia”, o que é substituído por “guerra mundial” em 1915. Também a expressão “Capital de Graças” entrou mais tarde no Documento, já que esse termo foi formulado em 1915 – os meninos já contribuíam com o Capital de Graças desde a fundação, porém ainda não tinham dado esse nome a ele (leia mais).
O que o Pe. Kentenich nos diz?
“É esta a grande mensagem do Primeiro Documento de Fundação: a Mãe de Deus e o Deus Trino amam-nos ternamente”.
(Conferência para a Juventude Feminina em Santa Maria/RS, 18 de janeiro de 1949)
“Cada povo […] deve tomar o Documento de Fundação de acordo com sua receptividade própria. É como se cada palavra fosse dita para si. A Mãe e Rainha Três Vezes Admirável quer formar e educar aqueles que se entregam e consagram a ela, de tal análise, na vanguarda do mundo quanto à perfeição religioso-moral”
(Da conferência ao Ramo dos homens, 3 de setembro de 1951)
Referências
KÄSTNER, Ferdinand. Sob a proteção de Maria – Pesquisas e documentos do início da história de Schoenstatt 1912-1914. Sociedade Mãe e Rainha, 1ª edição.
KENTENICH, Pe. José. Eu saúdo os Lírios, Palestras do Pai e Fundador para a Juventude Feminina de Schoenstatt no Brasil. Col Jufem Brasil, vol 1. 1ª edição.
NIEHAUS, Pe. Jonathan. Heróis de Fogo, A Fundação de Schoenstatt. Segunda Edição portuguesa.