Homens novos, educados por Maria à imagem de Cristo
Luciano Scaliza – Todo homem nasceu para ser um líder? Qual a essência da liderança masculina cristã? Schoenstatt surgiu como uma escola de homens novos, deseja formar personalidades autênticas, que assumam uma postura de liderança inspirada nos gestos de Cristo.
Nestes tempos em que o mal busca a desintegração da família, há uma evidente deturpação do perfil pensado por Deus (ethos) para ambos os sexos. Essa depreciação, além de conduzir à destruição das famílias, provoca um abismo entre Deus e a humanidade. Ao se deparar com tal cenário, o Pe. José Kentenich, em visão profética, deduziu a mais importante tarefa masculina:
CUIDAR QUE DEUS PAI SEJA RECONHECIDO EM TODA PARTE
Mas, Deus não pode ser reconhecido em parte alguma se, ao mesmo tempo, o homem não se dedicar à principal condição, segundo a ordem de seu ser, que é a de ser PAI. Por natureza, todo homem foi criado para ser um reflexo da paternidade divina a todas as pessoas. Assim, o ser humano pode experimentar, na figura do pai, ainda que de forma singela, o que é a paternidade de Deus. Temos, portanto, a missão de conscientizar as gerações de homens para o ideal da autêntica figura de pai, a fim de que Deus possa voltar a ser reconhecido como Senhor do mundo. Tal missão é tão importante que o próprio Fundador foi, em sua vida, um reflexo do amor paternal de Deus.
O pressuposto da educação do homem é a necessidade de formarmos personalidades sacerdotais. Além do seu sentido literal, inclui-se na expressão “sacerdote” a missão apostólica de construirmos na terra o Reino do Pai. Todos nós somos sacerdotes do Reino Eterno (v. CIC §941).
Somos chamados a exercer uma liderança paternal marcante e serviçal, como instrumentos aptos no apostolado de Cristo e da Igreja. Essa magnanimidade sempre exalou dos homens em Schoenstatt, como, por exemplo, entre os jovens reunidos no Congresso de Hoerde (1919). Eles aspiravam a santidade para a renovação do mundo em Cristo e declararam: somos movimento apostólico, leigos educados no espírito da Igreja. Ou seja, queremos, com nossa autoeducação, renovar nosso modo de ser paternal para construir aqui o Reino do Pai.
O ideal do homem
O ideal do homem, de acordo com a sua natureza, é ser “PUER ET PATER”, ou seja, “filho e pai”. Ninguém pode ser pai se, ao mesmo tempo, não é um filho!
Nosso fundador é enfático: “O Reino do Pai não pode vir suficientemente a nós, se ao menos nossa coluna masculina não imitar, não reproduzir a paternidade do Deus vivo, se não formar imagem desta paternidade do Pai Eterno”. [1]
A paternidade terrestre é, primeiro, expressão da paternidade de Deus; segundo, é um meio para gravar no filho a paternidade divina; finalmente, é também uma contínua proteção da imagem do pai e da imagem do Pai Celeste para os filhos.
O ideal da paternidade começa no momento em que nós começamos a nos educar. Nesse momento, o homem se torna pequenino e se põe como um filho singelo diante de Deus, em verdadeira filialidade, segundo o que Cristo falou: “Se não vos tornardes como as crianças, não entrareis no Reino do Céu” (Mt 18, 3).
Sentindo-se filho diante de Deus, o homem, já adulto, deve buscar também outro ideal: “Deveis ser perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito!” (Mt 5,48). Embora valha para todos, as palavras se direcionam especialmente para o pai como homem, que deve se tornar a imagem mais perfeita possível de Deus Pai. Ou seja, pede que sejamos como o Deus bíblico: imutáveis (posição inabalável no bem), onipresentes (vinculado ao filho), oniscientes (conhece o filho) e portadores de sabedoria.
Assim, por intercessão de São José e por meio dos ideais de Schoenstatt, que cada homem seja um líder santo, marcante e serviçal, para a reconstrução na terra do Reino do Pai!
[1] KENTENICH, Pe. José. A Nova Imagem do Pai. Conferência aos Homens, Schoenstatt – 18.06.1966. Manuscrito.