De pai para pai: Reflexões de um “marinheiro de primeira viagem”
Álvaro Coutinho – O sentido de se ter um filho, uma filha, de chamar alguém para a existência e, como consequência, posteriormente ganhar o presente de ser chamado de “Pai” sem dúvidas é uma das missões mais nobres e sublimes da vida de um homem. Não tenho a pretensão de escrever belas palavras sobre a emoção de quando um filho nasce, até porque estou convencido de que isso seria impossível. Não caberia no recurso das palavras tamanha emoção que mudara para sempre o sentido da minha vida.
Ser pai, é poder ter a chance de experimentar, de maneira mais real, o amor de Deus por nós e toda a confiança para conosco, pois, ele nos confia alguém, uma nova vida e a ele devemos “prestar contas’’ de como vamos conduzi-la. Sabemos que a primeira escola de educação e formação humana é a família. Como pai cristão e schoenstattiano é pertinente que (junto com a mãe) busquemos dia a dia a promoção deste papel formativo insubstituível na vida de qualquer pessoa, o papel de ser pai. Lutamos com profundo comprometimento e esforço para viver nosso ideal, aliados a novos hábitos, costumes, horários, uma rotina totalmente diferente para uma viagem onde a chegada é ver nossos filhos saudáveis e felizes. É a largada para a iniciação cristã e a transmissão da fé aos nossos filhos que durará uma vida toda. É o maior desafio da vida!
Um plano da Divina Providência
Durante meu tempo de Jumas (Juventude Masculina de Schoenstatt) inúmeras vezes fui abordado pela expressão “Puer et Pater”, que traz a ideia de ser filho diante de Deus e pai para os homens. Isso, por sinal, sempre me atraiu muito. Quando tocamos nessa temática em nosso Movimento de Schoenstatt, estamos falando do ideal, da missão principal que é papel de todo homem; trata-se do ideal universal do homem. Ser Pai! Todos nós somos filhos e chamados a sermos pai. No Jumas tive esse grande carinho de Deus e da Mãe de Deus, pois ali pude vivenciar na prática essas experiências de “ser Pai”, principalmente quando dirigente de grupos de Pioneiros e Aliados – sem dúvidas foi minha grande escola. A Providência já conduzira o meu coração de filho ao coração do Pai por meio do serviço, do convívio e de tantos vínculos e sentimentos de paternidade construído no ramo.
Amor que se manifesta e cresce
Ser pai requer responsabilidades e, como mostram os ensinamentos da Igreja, aprendemos que os filhos são a maior riqueza do casal. De fato, o mundo todo não vale tanto quanto uma vida humana, amada por Deus e criada à sua imagem. Quem medita seriamente nisso não põe limites à geração dos filhos. A abertura à vida é exigência intrínseca do amor conjugal, mas, infelizmente, estamos enfrentando gravemente uma era consumista e materialista, a vida humana não recebe o respeito e o valor que merece. A vida do homem corre risco desde o ventre materno. Nenhum outro ser criado recebeu de Deus inteligência, vontade, liberdade, consciência, sensibilidade… Nenhum outro ser criado foi tão desejado por Deus antes até da criação do mundo e nós, como pais naturais, somos inteiramente responsáveis por defender a vida. Somos chamados por Deus para ser a fonte de vida e da educação dos filhos.
Aprender ser pai sendo pai
Dar banho, trocar fraudas acordar de madrugada ou nem dormir, ir ao médico são algumas das atividades que um pai de primeira viagem passa a exercer e aprender a realizá-las com a chegada de um bebê. Além de uma intensa mudança de hábitos e rotina. O recém-nascido muda a vida de um homem que exerce sua paternidade pela primeira vez. É um mundo de descobertas e desafios, mas, ao mesmo tempo, encantador e enriquecedor. No Movimento de Schoenstatt sinto-me seguro de que estou no caminho certo, cumprindo com meu papel de pai. Trago na bagagem, para essa viagem, ferramentas que fazem toda a diferença e que na medida em que vou sendo pai, mais eu valorizo o meu relacionamento com o Pai do céu. São elas: autoeducação, estudo dos temperamentos, Santuário Lar (que ainda vamos conquistar) e, claro, uma profunda confiança filial, tudo isso com muito amor dão força e sentido para essa jornada. Quando perguntei a mim mesmo: “Qual meu maior sonho como pai?” Depois de muito refletir posso afirmar: “É apresentar ao meu(s) filho(s) o maior tesouro que eu encontrei. O Tesouro que é: o caminho de Deus, que é Schoenstatt”.
No dia de hoje, não importa se seu pai (natural) está aqui na terra ou no céu, de qualquer modo se você não puder estar fisicamente com ele, eleve a Deus uma prece em sua intenção para que sua graça o alcance onde ele estiver. E, se já for pai, aproveite ainda mais o dia para partilhar ainda mais com seus filhos do amor que Deus lhe deu com o dom da paternidade.
Pai de multidões
Nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, de maneira plena e autêntica sempre se revelou a todos nós seus filhos espirituais como PAI. Muitos que com ele viveram puderam experimentar e encontrar nele um pai – é assim até hoje. Ele é pai porque soube cuidar dos seus, soube conduzi-los. “Estarei à disposição para ajudar em todos os vossos cuidados e necessidades terrestres e econômicas”. Isso nos disse nosso Pai e Fundador, dentre tantas outras palavras que nos deixou. Isso é ser pai, é estar junto com seus filhos lado a lado, em todos os momentos da vida.