1º Dia do Tríduo – A memória faz um povo ser forte
Ir. M. Nilza P. da Silva – Todo empreendedor de sucesso tem um tríplice olhar: observa as experiências do passado, a realidade presente e as perspectivas para o futuro. O Papa Francisco chama a atenção que aquele que segue em frente, sem olhar para o passado, desconsidera as obras de Deus na história e torna-se ele mesmo o centro. “A memória faz um povo ser forte, porque sente-se enraizado na sua história. Faz-nos entender que não estamos sozinhos. Peçamos ao Senhor que nos dê a graça de nunca perder ou esconder a memória.” [1]
A Família de Schoenstatt é forte, entre outros motivos, porque aprendeu do Fundador, Pe. José Kentenich, a guardar memória das obras que Deus realiza em sua história. Há 100 anos, a graça divina irrompeu em Schoenstatt, na força de Pentecostes, durante um congresso de dois dias, realizado na pequena cidade de Hoerde, Alemanha (leia a história aqui). Deus confiou à Mãe de Deus a missão de renovar o mundo, a partir do pequeno Santuário, e ele é fiel aos seus planos: atrai corações juvenis e os educa. O empreendedorismo desses jovens leigos, o fogo missionário que os impulsionou no Congresso e durante toda a vida, é ação do Espírito Santo.
Um acontecimento divino
Pequenez dos instrumentos: Os protagonistas são jovens; soldados ainda em processo de recuperação física e psicológica do que viveram nos campos de batalha; leigos numa Igreja clerical (antes do Concílio Vaticano II)
A grandeza das dificuldades: O período é pós-guerra, com muitas misérias humanas e econômicas; os participantes não têm experiência alguma em empreendimentos e organizações; até Hoerde, nunca participaram de algum congresso schoenstattiano e alguns nem sequer conhecem o Santuário; o Fundador não comparece ao evento (ele envia alguns congregados marianos, seminaristas, que o representam).
Grandeza dos êxitos: Esse Congresso é a fundação do Movimento Apostólico de Schoenstatt além dos âmbitos restritos do seminário; um Movimento que abrange mais de cem países no mundo todo; só no Brasil o Movimento colabora na evangelização de mais de 10 milhões de católicos; uma espiritualidade que educou e educa santos para a Igreja e muito mais.
Incendiar-se no mesmo fogo
Sim, o centenário de Hoerde é uma data que deve ser celebrada como gratidão a Deus pelas grandes obras que Ele realizou, por meio da Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt em seu Santuário, como gratidão a cada pessoa que, no decorrer desses anos, deixou-se educar por ela, tornando nossa Igreja mais viva, mais alegre e missionária.
Celebrar um centenário não é fazer memória às cinzas, mas, é incendiar-se no mesmo fogo. É isso que nos adverte a base da moldura luminosa que envolve a imagem da Mãe e Rainha, no Santuário Original. Ali lemos: Ingolstadt 1914 – Schoenstatt 1919. Ingolstadt e 1914 faz relação a Fundação do Santuário e ao paralelo com a congregação mariana que mais ajudou a Igreja na Alemanha, durante o período da Reforma Protestante. Schoenstatt 1919 indica a atuação divina no Congresso de Hoerde e nosso compromisso com o fogo missionário que ali se incendiou. Lemos na ata do evento:
“Os congregados fizeram seu o plano do Fundador e ousaram algo de grande, numa Aliança de Amor: ‘Estamos dispostos a entregar-te tudo, mas com o pedido: desce Tu e aceita-nos em teu serviço, para a renovação do mundo em Cristo.’ Nós nos imbuímos e inflamamos do mesmo amor e da mesma fidelidade aos mesmos ideais que os congregados assumiram em 1914.”
O fogo de Hoerde não pode se apagar, se deixássemos isso acontecer, estaríamos privando a Igreja e o mundo todo da presença atuante da Mãe e Rainha, do atuar de Deus por meio dela. A história de Hoerde é um brado renovado de Jesus: “Eu vim trazer fogo à terra, e outra coisa não quero, senão que ele arda.” (Lc 12,49).
[1] Homilia em 2.11.2019