“Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 27)
Pe. Francisco José Lemes Gonçalves – Jesus exige radicalidade em seu seguimento: renunciar até mesmo a nossa família, os bens matérias e até a própria vida. Parece um absurdo! Para os parâmetros que nos são oferecidos no mundo de hoje, parece uma loucura e, às vezes, nos sentimos como aquele jovem que queria seguir Jesus, mas, por conta de sua riqueza, saiu da presença de Jesus entristecido. Ele, pois, não compreendeu o alcance da renúncia que nos traz a verdadeira felicidade e liberdade!
Nem sempre abraçar a Cruz nos é agradável, nem sempre aceitar o sofrimento nos traz alegria, nem sempre renunciar a algo nos traz uma garantia de que realmente estamos no caminho certo. Porém, se olharmos bem para a vida de Nosso Senhor, vemos que ele tem autoridade para dizer o que diz no evangelho deste domingo. Jesus deixou tudo: a glória do Pai; uma casa para morar e o seu lar em Nazaré – nem uma pedra tinha para reclinar a sua cabeça; deixou sua Mãe e a ela conferiu uma maternidade que não se fecharia no biológico (fato de tê-lo gerado no corpo); e mais: desprendeu-se de sua própria vida, entregando-a livremente na morte de Cruz. Sim… nosso Mestre e Senhor sabe o que está falando e por isso exige de seu discípulo e discípula igual disponibilidade para segui-lo.
Envia-nos unidos a Ti!
Se assim agirmos, sentiremos a verdadeira felicidade e liberdade. Sim, quando abraçamos a cruz em suas diversas maneiras de se expressar em nossa vida, experimentamos o que disse do Divino Mestre: a plenitude da ressurreição e a alegria plena. O problema é que nos enveredamos pela porta larga do mundo, que nos tira a aceitação da cruz como meio educativo do nosso ser. Hoje não gostamos de esperar por um minuto sermos atendidos nos balcões da vida, queremos preferencialidade em tudo, não sabemos mais renunciar às pequenas e grandes coisas, queremos a rapidez da internet em tudo, até nas orações… aí, para estes e outros, o evangelho deste domingo soa ofensivo!
Nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, compreendeu isso ao compor esta oração no Rumo ao Céu: “Usa-nos segundo a tua vontade (…). Podes usar-nos no trabalho, dar-nos cruz, sofrimento e aflição; no êxito ou no fracasso, anunciaremos teu amor” (8 -9). “Pai, eu te peço toda a cruz e sofrimento que preparaste para mim…” (393 – 400).
Pe. José Kentenich descobriu na cruz e no sofrimento a alegria de sua missão e a certeza de que Schoenstatt era um desejo de Deus, sob a mão carinhosa de Maria… E, falando nela, neste domingo celebramos a sua natividade, ou seja, seu nascimento. Maria é a aurora que anuncia, com seu nascimento, o Sol nascente que é Cristo. Por meio de seu ‘sim’, Jesus nos visitou e habitou entre nós. Celebremos em nossos Santuários de Schoenstatt a alegria de seu glorioso nascimento, que continua sendo aurora do Cristo que nos visita a cada santa missa no sacramento da comunhão.
Maria formou em seu ventre o Santos dos Santos: Jesus Cristo sabedoria encarnada do Pai. Na festa de seu nascimento, rezemos com nosso Pai e Fundador: “Maria é capaz de moldar santos para os nossos altares. Por isso imploramos: Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt, sê doravante também grande educadora e protetora de nosso povo, a fim de que cumpra sua missão universal. Amém” (Pe. José Kentenich. Maria Mãe e Educadora. Uma Mariologia aplicada, pág 76)