Muitas vezes, em nossas vidas, Deus age de forma que não conseguimos entender
Jaqueline Montoya – O período de exílio do Pe. José Kentenich foi também um tempo de provação para toda Obra de Schoenstatt. Desde 1951, por determinação da Igreja, o Fundador estava afastado da Obra, chegando a Milwaukee/EUA em 1952. No dia 13 de setembro de 1965, porém, ocorre o início das ações que colocariam fim ao exílio. Era uma segunda-feira, por volta de 17h30min, quando, através de uma chamada telefônica, um telegrama foi transmitido ao Fundador em inglês. A mensagem original dizia: “Em nome do Padre Geral, venha a Roma imediatamente”. [1] A partir daí, a Providência age para que, em 22 de outubro, o exílio chegasse oficialmente ao fim.
Um telegrama misterioso
No dia 16 de setembro Pe. Kentenich partiu para Roma, onde a grande surpresa ocorreu. Ao chegar na Casa Generalícia dos Palotinos, no dia 17, iniciou-se a confusão: ninguém havia enviado o telegrama. A notícia da chegada do Fundador a Roma espalhou-se rapidamente. Na verdade, era esperado que isso acontecesse somente em outubro, o que causou perplexidade e até zanga por parte dos cardeais do Santo Ofício. Todo o trabalho realizado por anos, lentamente, para que a Obra fosse reconhecida e o exílio chegasse definitivamente ao fim estava em risco.
Por semanas a tensão se instaurou, sendo uma das possibilidades até mesmo o regresso imediato do Pe. Kentenich a Milwaukee. Essa opção preocupava todos schoenstattianos, pois o Pai já estava com idade avançada e mais uma viagem longa poderia afetar sua saúde. Mesmo em meio a essas incertezas, Pe. Kentenich se mantinha tranquilo, a ponto de dizer a um de seus colaboradores: “O senhor verá, tudo correrá bem. A Santíssima Virgem vencerá. Já estive em tormentas maiores, e a Virgem sempre venceu”.
E o Fundador estava certo, pois, em 22 de outubro finalmente colocou-se um fim a todo o imbróglio: o Papa Paulo VI confirmou a decisão dos cardeais e encerrou oficialmente o exílio do Pe. Kentenich. A notícia foi anunciada exatamente 14 anos do dia em que começara o exílio.
O desfecho da confusão, porém, não pôs fim às investigações sobre a origem do misterioso telegrama, que permanece um mistério. Até mesmo tentativas de comprovações com a agência telegráfica foram feitas, mas nada de concreto foi deduzido.
A ação da Divina Providência
Para muitos pode parecer que a própria Família de Schoenstatt poderia ter enviado o telegrama, afim de resolver “o quanto antes” a questão do exílio do Fundador. Porém, essa teoria não faz o menor sentido, pois ninguém queria atrapalhar o processo da libertação do Pe. Kentenich junto à Roma – e antecipar sua vinda à Cidade Eterna poderia causar ainda mais problemas para Schoenstatt. Essa possibilidade se torna ainda mais improvável, pois a visita do Pe. Kentenich a Roma já era prevista para o mês de outubro.
O próprio Fundador admite singelamente que no caso do telegrama “não se tratava de outra coisa senão de uma intervenção extraordinária daquela que sempre manifestou seu poder em sua vida e na história de Schoenstatt: a Mãe de Deus, a Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt”. Por tal ação misteriosa, a Família de Schoenstatt batizou o caso como “o telegrama de São Miguel”, pois não se encontrou nenhum indício humano do envio da mensagem.
Quantas vezes, também em nossas vidas, Deus age de maneira que não podemos compreender? Também nós, em muitos momentos recebemos estes “telegramas” inexplicáveis. Neste dia em que lembramos essa data crucial para Família de Schoenstatt, imploremos à Santíssima Virgem para que aprendamos a abrir nossos olhos e ouvidos para as mensagens que o Pai nos envia diariamente por meio dos acontecimentos, pessoas e circunstâncias.
[1] URIBURU, Pe. Esteban J. Um profeta de Maria – Biografia do Padre José Kentenich