Experiências de quem teve esse privilégio.
Ir. M. Nilza P. da Silva / Karen Bueno – “Eu não o vejo tanto como um peregrino da Mãe, mas como um pai de família. Para mim, que tive seis filhos, ele me marcou como pai de família, por essa fidelidade, os cuidados em casa de prover todas as coisas necessárias para a família. Isso, para mim, é um valor enorme do Sr. João”. Com essas palavras, a Sra. Tecla Eichelberger Hoppe revela a visão que ela guarda sobre João Luiz Pozzobon.
Tecla, junto com seu esposo Juarez, já falecido, integra o primeiro Curso da União de Famílias de Schoenstatt no Brasil. Ela conheceu o Diác. Pozzobon cedo, quando era estudante, e enxergou nele a simplicidade e a grandeza que o acompanhavam.
Acompanhe as palavras e o testemunho dessa artista plástica que conheceu pessoalmente o Servo de Deus João Pozzobon:
Como a senhora conheceu João Pozzobon?
Eu o conheci em 1971, quando fui morar no Juvenato das Irmãs de Maria, pois queria ser Irmã. Talvez eu o tivesse visto antes, mas a primeira memória que tenho dele é na Escola Pe. Caetano, onde a gente estudava, quando ele foi com a Mãe para rezar o Terço. Nós nos reunimos no pátio e a imagem estava colocada num livro, numa posição superior, de uma forma que a gente podia enxergá-la por cima. O meu interesse era ver o João, conhecer o homem “louco” que fazia aquele trabalho todo. Eu pensei: “Mas que homem bobo, ele nem aparece”. Eu só fui entender depois, pela humildade dele, por sua simplicidade, que ele não fazia questão alguma de ser o centro das atenções. Também tive uma vivência com ele no Juvenato, porque ele ia nos falar da Campanha, falar das peripécias e andanças dele, dos perigos, do cansaço que sentia, às vezes a fome, a sede que passava.
Hoje eu vivencio muito, na paróquia, a história de pessoas que se dedicam à Campanha, que são missionárias porque conheceram o João; elas lembram que quando crianças o João passou na casa delas, pediu um copo de água, e outras histórias. Então eu carrego essa alegria no coração, de trabalhar também com pessoas que o conheceram nas caminhadas.
O que te causava esse interesse por João Pozzobon, essa curiosidade?
Eu acho que isso tem um pouco a ver com o meu temperamento e a minha origem, porque eu também cresci no interior, na roça, e eu me sentia uma “colona”. Quando eu o vi, com aquele aspecto humilde e rude – literalmente como um “colono” –, então essa foi minha primeira identificação com ele. Mas, por outro lado, eu o achava muito corajoso. A gente olhava para ele e ele parecia “um ninguém”, mas quando começava a falar, ele falava manso, falava baixinho, com as palavras meio intrincadas – ele não tinha um vocabulário perfeito – e isso me chamou muito a atenção, foi o que primeiro me chamou a atenção e eu me identifiquei com isso, com essa simplicidade dele.
Tecla, a senhora, uma artista, ajudava na confecção de coroas e também ajudou a montar a Via Sacra da Vila Nobre da Caridade. Conte para nós, então, como vivenciou a confecção dessa Via Sacra…
Não ajudei muito nessa confecção, pois foi um período em que eu tive uma gravidez cercada de todos os cuidados. Mas, de vez em quando, Ir. M. Senira [Biscaro] me pedia ajuda para modelar algumas coisas e aí eu tive essa vivência rica com o João. Ele foi lá já cego, praticamente não enxergava, e queria saber como estava a Via Sacra, porque ele tinha uma pressa sem fim e era um processo um tanto demorado. Ele, com as mãos, ia tateando os moldes e, de repente, disse assim: “Esta aqui deve ser a Verônica”. E era. Tinha essa sensibilidade, ele vivia esse mundo, parecia que a Via Sacra estava totalmente dentro dele.
Se fosse sintetizar João Pozzobon em poucas palavras, o que a senhora falaria?
A gente quer muito que ele seja canonizado, mas, para mim, ele já é um santo. Eu vejo em João Pozzobon, em sua pessoa, uma simplicidade grandiosa e uma sabedoria maior ainda. Quem olhava para o João, para sua aparência, não podia imaginar a riqueza que ele tinha. Ele é esse homem simples, dedicado e sábio. E essa sabedoria ele expressava tão naturalmente e tão delicadamente, porque tinha uma sensibilidade extraordinária de captar as coisas. Para mim foi extraordinário e valioso esse contato, ainda que pouco, que tive com o João.
Qual foi a maior ajuda que o exemplo de Pozzobon te trouxe, que Deus te presenteou por meio de João Pozzobon?
O João Pozzobon era um termômetro para o meu temperamento, porque quando eu via as dificuldades que ele tinha, e mesmo assim mantinha o equilíbrio, para mim esse exemplo dele foi muito intenso, em minha autoeducação como pessoa e como mãe.
Se hoje a senhora voltasse a se encontrar com ele, o que lhe diria?
Acho que não falaria nada. Eu simplesmente ia abraçá-lo e sentir. Porque acho que quando a gente encontra a perfeição não precisam palavras.
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