A alegria é um caminho de santidade
Pe. Nicolás Schwizer – Ser santo significa estar enraizado em dois mundos. E o mais decisivo é pertencer ao outro mundo, esse ser homem “do mais além”.
Para ver nosso processo de crescimento interior, teremos de olhar nossa vida desde sua meta: a santidade. Existem leis de progresso e leis de retrocesso em nossa vida espiritual. E a pergunta é: estamos sob a influência das leis de progresso ou de retrocesso?
Leis de progresso
Pe. Kentenich cita duas leis de progresso: descontentamento consigo mesmo e valentia de começar cada dia de novo.
1. Se realmente queremos chegar a ser homens abertos “ao mais além”, então estaremos descontentes conosco mesmos até o final de nossa vida. Mas, não se trata de um descontentamento angustioso ou paralisante, mas sim de um descontentamento que traz impulso e estímulo para seguir lutando. Significa que temos diante de nossos olhos um ideal muito alto. Significa que ainda não pudemos alcançá-lo. A distância entre ideal e realidade continua sendo muito grande. Lembremos a frase do Pe. Kentenich: “O que eu sou saúda com tristeza a aquele que deveria ser”. E então permanece uma inquietude em nosso interior que não nos deixa tranquilos. E isso, do ponto de vista psicológico, significa que há em nós um anseio muito profundo. Se somos homens e mulheres que anseiam por algo, seremos na mesma medida homens e mulheres que realizaremos este anseio.
2. Se cultivamos essa saudade, irá se manifestar em nós a segunda lei de progresso: ter a coragem de começar cada dia de novo. Não é fácil levantar-se, com ânimo renovado, depois de cada queda. E tampouco é fácil passar por cima das derrotas e decepções pessoais. Isso exige deixar para trás todo o passado e olhar para o futuro. Exige orientar-se de novo nos grandes ideais que marcam meu caminho rumo à perfeição.
Pe. Kentenich chega a dizer que começar cada dia aspirando e lutando de novo já é santidade. São Francisco de Assis disse em seu leito de morte: “Já é hora de começarmos de novo, porque, na verdade, não começamos ainda”.
Talvez devêssemos nos perguntar:
– O desejo de um alto ideal de santidade continua vivo no meu coração?
– Apesar dos fracassos e desilusões, essa saudade se renova e até vai crescendo em minha vida?
– Tenho coragem e força suficiente para começar cada dia de novo a luta?
Leis de retrocesso
Entre as leis de retrocesso na vida espiritual, podemos citar especialmente uma que devemos ter sempre presente: o estado ou espírito de tibieza.
O que se entende por tibieza? É um estado de indiferença ou de habituar-se ao pecado. Não se trata de cometer algum ou outro pecado, mas é uma maneira de “absorver” habitualmente os pecados, sem lutar e nem se preocupar com eles. Tibieza é, pois, um estado de imobilização ou de enfermidade moral-religiosa.
Quais são as causas desta situação de tibieza? Segundo a experiência, a causa principal é a falta de alimentação espiritual-religiosa. O que Pe. Kentenich entende por isso? A falta de alimentação espiritual é, para ele, a falta de cultivo da vida religiosa, das atitudes e das práticas religiosas. Bem concreto: se trata do descuido, menosprezo ou descumprimento de nossa vida sacramental, vida de oração, vida de Consagração à Mãe de Deus.
Isso se manifesta, por exemplo, quando por razões insignificantes deixamos de cumprir uma tarefa ou a cumprimos em parte, e depois buscamos auto justificar-nos. Pode ser também que não demos suficiente importância ao nosso Santuário Lar ou ao “Lugar schoenstattiano” – onde temos o quadro da Mãe e Rainha, em nossa casa – apesar de sabermos muito bem que todos estes elementos fazem parte de nosso caminho para a santidade.
Perguntas para a reflexão
1. Encontro-me sob a lei do progresso ou do retrocesso na santidade?
2. Como estou em minha vida sacramental?
3. É meu costume participar da missa dominical, além da dominical ou diária?
Se desejar escrever, comentar o texto ou dar seu testemunho, escreva para: pn.reflexiones@gmail.com
Foto: Marcia Kazumi