Como Jesus rezava? Como nós devemos rezar? São essas perguntas que o Pe. José Kentenich deseja responder na seguinte reflexão:
E se agora perguntarmos: “Como era a oração de Jesus?” Qual é a resposta?
Oh, foi algo admiravelmente belo o modo como Jesus rezava. Bem, agora deveríamos estudar este modelo de oração que é Jesus.
Certa vez alguém se admirou como o povo simples entendia o que Jesus ensinava. Então Jesus disse: “De quem eles aprenderam tudo isso?” E a resposta: do Pai. Por fim Jesus rezou: “Pai, eu te agradeço porque revelaste estas coisas aos pequeninos”, mas para os entendidos, para os saciados, fechaste a porta e por isso não captam nada disso (cf. Mt 11, 25).
Portanto, a quem Ele se dirigia na oração? SEMPRE AO PAI!Sim, mas se agora quiserem olhar, mais uma vez, com profundidade para a vida de Jesus, devem examinar com atenção a oração sacerdotal que ele rezou (Jo 17). […] Vamos agora repetir essa oração. É maravilhosa. Ele sempre se volta para o Pai: Pai justo! Pai bondoso!… E então presta contas de si mesmo. “Pai – diz Ele – todos os que me deste eu os guardei. E eu te devolvo todos, exceto um, o filho da perdição” (cf. Jo 17,12).
Vejam, e de outro lado, novamente a prestação de contas: sim, o que fiz? Pai, dei a conhecer o teu nome de Pai, para isso vim ao mundo, para proclamar o teu nome aos homens (cf. Jo 17,26). Ele sempre se voltou para o Pai, em tudo, tudo, voltou-se para o Pai. No trabalho girou em torno do Pai, na oração girou tem torno do Pai.
[…] Quando voltarem para casa, ou quando tiverem oportunidade, por favor, rezem a oração sacerdotal de Jesus, o discurso de despedida de Jesus, que se encontra em São João (Cap. 17), e examinem quantas vezes Jesus diz: “Pai”, “Pai”. É como se Ele não soubesse pronunciar outra palavra a não ser sempre: Pai, Pai, Pai. (…)
E no último suspiro, a última oração de sua vida foi: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). Portanto, sempre: Pai, Pai, Pai.
E agora devem refletir: A quem se dirige a minha oração?
Em todo o caso, agora entendemos bem melhor […] porque também a oração que Ele nos recomendou também se dirige ao Pai.
É singular. Os apóstolos eram judeus e por isso, como judeus, tinham aprendido a rezar. Observavam muitas vezes Jesus que se retirava em oração, para rezar. Por isso, certa vez fizeram a pergunta: Senhor, Mestre, ensina-nos a rezar como o fazes (cf. Lc 11, 1). E o que diz Jesus? “Quando orardes, dizei: Pai nosso” (Lc 11,2). Tudo se dirige ao Pai. E a vontade de quem deve ser feita? O Reino de quem deve se estender aqui na terra? “Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome” (Mt 6,9), o nome do Pai. O vosso Reino deve acontecer, o Reino do Pai. Vossa vontade deve ser feita como no céu, assim também na terra (cf. Mt 6,10). Os senhores compreendem, tudo gira continuamente em torno de Deus Pai. É quase como se Jesus quisesse dizer: fora com o eu, tudo para o Pai!
Por isso, novamente a pergunta: E comigo, como se dá? Não me preocupo demasiado com meu pequeno eu? Não estou sempre no centro? E quem deveria estar no centro? O Pai do céu!
“Sede perfeitos como é perfeito vosso Pai celeste” (Mt 5,48).
Clique e leia a Oração Sacerdotal de Jesus
Pai, é chegada a hora. Glorifica teu Filho, para que teu Filho glorifique a ti e para que, pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe entregaste. Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste. Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer. Agora, pois, Pai, glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tive junto de ti, antes que o mundo fosse criado.
Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e os deste a mim e guardaram a tua palavra. Agora eles reconheceram que todas as coisas que me deste procedem de ti. Porque eu lhes transmiti as palavras que tu me confiaste e eles as receberam e reconheceram verdadeiramente que saí de ti, e creram que tu me enviaste.
Por eles é que eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. Neles sou glorificado. Já não estou no mundo, mas eles estão ainda no mundo; eu, porém, vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que sejam um como nós. Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.
Mas, agora, vou para junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no mundo para que eles tenham a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade. Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
Santifico-me por eles, para que também eles sejam santificados pela verdade. Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim.
Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que vejam a minha glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me enviaste. Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lhes manifestar, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles.
São João, Capítulo 17, Bíblia Ave Maria
Conferências para Casais em Milwaukee/EUA, 9 e 23 de julho de 1956
KENTENICH, Pe. José. Cristo Minha Vida, Textos escolhidos sobre Cristo. Instituto Secular Padres de Schoenstatt, 1997, 1ª edição.