Que as tensões sejam criadoras, ou seja, aquelas que fazem surgir vida nova
Pe. Vitor Hugo Possetti – Dia 15 de novembro, comemoramos a proclamação da Republica do Brasil, uma tarefa sempre em construção.
Como discípulos de Jesus estamos chamados também a participar desse processo, como sal da terra e luz do mundo (Mt 5, 13-14), fermento na massa (Lc 13, 20-21), com o ouvido no coração de Deus e a mão no pulso do tempo.
Rezemos e trabalhemos pelo Brasil. Deus é o Deus da vida, atua na historia, também por seus instrumentos livres, e nos convida a colaborar em seu projeto de amor. A oração que suplica também nos abre para Sua vontade e Graça. Nada sem Vós, nada sem nós.
De fato, muitos schoenstattianos vivem essa vocação em um serviço público concreto, como forma elevada de caridade, atuando diretamente nos poderes executivo, legislativo ou judiciário de nosso país. Mas as estruturas republicanas devem ser acompanhadas de um espírito republicano da vida diária, e das práticas cotidianas. De pouco adiantariam leis e instituições justas se nos movesse um coração corrupto (Mt 15, 19). Sempre encontraríamos um jeitinho de burlar as regras ou usá-las a serviço dos próprios interesses, prejudicando aos demais.
Penso que Schoenstatt pode contribuir nessa tarefa educativa, junto a nossa Mãe e Educadora, com a formação de um homem novo atento à “coisa-pública”, que, como cidadão livre, busca o bem comum e a dignidade de cada pessoa. Sujeitos de uma “cultura da aliança” que olha também aos irmãos, especialmente os mais necessitados, mais além de uma cultura egoísta da indiferença, que só se preocupa consigo mesmo.
Nesse sentido, podemos participar, sabendo que isso também implica tensões, já que somos uma república democrática e plural. O desafio é que essas tensões sejam criadoras e geradoras de uma vida mais plena. Assim compreende nosso Fundador, Pe. José Kentenich.
O problema é quando absolutizamos um lado, seja ele um partido, uma ideia, uma pessoa, com o risco de cair na idolatria, que faz odiar ao oposto, que deve ser difamado, destruído, aniquilado. Assim, sem possibilidade de escuta, de autocrítica e abertura, a tensão se torna destrutiva, destruindo famílias, grupos e até uma nação.
Para que essas tensões republicanas sejam realmente criadoras, o diálogo deve estar movido pelo amor desinteressado e fundado na verdade, sempre buscando algo melhor, lembrando que mesmo em meio as mais intensas controvérsias é dever do cristão guardar uma atitude de respeito frente ao próximo. De fato somos chamados a amar e rogar pelos inimigos (Mt 5, 43-48).
Quanto à verdade, sabemos que são muitas as mentiras que nos chegam pelas redes sociais, pela imprensa, na fofoca do dia a dia. Temos que estar atentos e ser astutos. São tantas notícias que é quase impossível checar a fonte de todas e às vezes nos agrada reforçar certas opiniões que já temos, e acabamos partilhando coisas que não são verdadeiras. Quando somos conscientes de que tal notícia é falsa e, mesmo assim, divulgamos ou as inventamos, pecamos seriamente, lembrando que o Demônio é o pai da mentira (Jo 8, 44).
De todo modo, nossa grande contribuição sempre será seguir e anunciar a pessoa de Jesus, com obras e palavras, buscando, em Aliança com Maria, realizar a vontade de Deus aqui em nossa amada pátria brasileira, para um dia juntos sermos família na desejada pátria celeste.
Que Maria seja, também nesse ano, Rainha da Verdade, do Amor e da Esperança. Nossa Mãe e Educadora. A Rainha do Brasil.