Como iniciou a Coluna Feminina no Movimento?
Ir. M. Neiva Pavlak – No último mês de agosto a Família Internacional de Schoenstatt celebrou os cem anos do Congresso de Hoerde, que levou o Movimento Apostólico de Schoenstatt para fora dos muros do Seminário de Schoenstatt, local do seu nascedouro. Recordamos que, até então, os seguidores dos jovens seminaristas no front eram todos jovens do sexo masculino.
No entanto, nos campos de batalha da primeira guerra mundial, esses jovens schoenstattianos chamaram a atenção – por seu modo de ser e por sua religiosidade e devoção a Maria – também de mulheres que estavam envolvidas nos serviços da guerra, principalmente como enfermeiras nos locais de tratamento dos feridos.
Elas também sentiram o desejo de conhecer a “fonte de graças” a “escola de santidade” daqueles jovens tão diferentes dos demais. No ano seguinte ao Congresso de Hoerde, em 1920, elas ingressaram, com grande alegria e disponibilidade, no incipiente Movimento. Na realidade, nem o Fundador, Pe. José Kentenich havia pensado na possibilidade do ingresso de mulheres no Movimento. Não por não as desejar, mas porque tudo ainda estava surgindo como algo novo e ele se deixava conduzir pelos sinais que Deus lhe dava, através das pessoas e dos acontecimentos.
Como filho da Divina Providência, o Pai e Fundador sentiu, no desejo das jovens mulheres, uma indicação de Deus e da sua Rainha da Aliança e as aceitou com generosidade nas filas de Schoenstatt. Sobre aquele tempo existe um ‘diálogo’, num livro ainda não editado em português, entre o Pe. Kentenich e Pe. Alex Menningen se referindo à admissão de mulheres no Movimento:
Ainda gostaria de esclarecer uma pergunta e a ocasião é propícia.
– “Senhor Padre, e a questão das mulheres no nosso Movimento?”Pe. Kentenich sorri, porque percebe a intenção do seu colaborador.
– (Disse o Pe. Kentenich) “Pensas certamente no que, há seu tempo, o jesuíta Horstmann afirmou na jornada em Bernkastel, que seria perigoso que mulheres entrem na União, porque a levariam à ruína”– “Não, não pensei nisso!” (responde o Pe. Menningen)
Padre Kentenich continua: “Sabes, quando Gertraud de Bouillon, pouco depois da guerra, veio a Schoenstatt e pediu para ser admitida na União, eu primeiro também hesitei. Hoje, alegro-me por ter reagido aos sinais da Providência”.
Padre Menningenn: “Ela e Maria Christmann foram as primeiras mulheres a fazer sua consagração na União, em 1920. O movimento feminino cresceu rapidamente e realiza um trabalho fecundo. Os membros da União ou da Liga são representativos, são mulheres com perfil…”.
A partir da formação da União Feminina foram surgindo os outros Ramos Femininos e também dois Institutos Seculares: o Instituto das Irmãs de Maria, fundado em 1º de outubro de 1926, e o Instituto Nossa Senhora de Schoenstatt, em 1946. Pe. Kentenich, já a partir de 1920. percebera a importância e necessidade da presença feminina no Movimento. Ele vê em cada mulher uma imagem de Maria, portadora de riqueza espiritual e dotes peculiares, sem os quais nenhuma família pode ser completa e feliz. Procura educar e despertar em cada mulher o dom da filialidade, base de todo o desenvolvimento da personalidade e fundamento importante para toda a relação pessoal com Deus e com as pessoas. A filialidade cultivada e educada, como fruto da graça batismal, gera uma espontaneidade nobre e singela que, num primeiro momento, pode ser vista como “infantilismo”, mas que, em Aliança com Maria, na escola do Santuário, se transforma em maternidade madura, desprendida de si, que se doa em amor e generosidade aos demais, seja na família, no grupo a que pertence ou na comunidade eclesial.
Em Schoenstatt, ser mulher é dom e missão! Dom de Deus, que colocou na mulher as suas perfeições ‘femininas’ e a fez filha, esposa e mãe; igual ao homem em dignidade, porém, diferente em seu modo de ser e pensar, de forma que um complementa e enriquece o outro. Em Schoenstatt, cada mulher descobre a sua missão pessoal, seu ideal de vida, ou seja, aquilo que Deus sonhou para ela, desde a eternidade. Ser mulher no Movimento de Schoenstatt é possuir consciência de missão, é ter um perfil mariano, que conduz à plenitude de vida interior e a ser portadora de Cristo e Maria aos demais.