“O homem contemporâneo está fazendo, hoje em dia, uma tentativa ateia de colocar em cena uma revolução na ordem do ser. Nossa meta não é a revolução da ordem do ser, mas a fidelidade à ordem do ser” [1]
“A revolução no plano do ser jamais triunfará. Justamente porque é uma revolução contra o eterno no ser humano. E esse elemento eterno é tão eterno como Deus mesmo, porque é reflexo de Deus” [2]
“Se queremos criar o homem do futuro, devemos contribuir na solução da crise dos sexos. Não é correto que hoje a mulher aspire a ter a mesma maneira de ser que o homem. Pode existir igualdade no valor, mas não na maneira de ser. (…)
O ser masculino e o ser feminino estão orientados, com toda intenção, a uma biunidade no ser, mediante uma mútua complementação” [3]
Sra. Maria Lúcia de Oliveira – Estas palavras do Pe. José Kentenich, colocadas acima, são de uma atualidade sem precedentes e o revelam como um verdadeiro profeta.
Neste ano do centenário da presença das mulheres em Schoenstatt, busquemos ‘escutar’ mais o que nosso Pai e Fundador, o Pe. José Kentenich, elaborou, falou, escreveu sobre o ser feminino. Citamos alguns exemplos:
“Metafisicamente, filosoficamente falando, qual é a essência da mulher? É um serviço silencioso, forte, permanecendo submersa em Deus. Naturalmente por trás está toda uma dogmática, a dogmática da elevação do ser não somente do homem, mas do cristão em geral, e especialmente da mulher. (…)
Um ‘servir’ permanecendo submersa em Deus, traspassada completamente por Deus, possuída por Deus. Uma expressão clássica da dogmática que se usava com muita frequência antigamente, mas hoje caiu no esquecimento e por isso o novo século apresenta uma nova essência do ser humano: a vida psíquica subconsciente. Por outro lado, isso opaca mais e mais a essência superior do ser, a participação na natureza divina. (…)
O eterno na mulher eleva, atrai especialmente ao homem para o alto. Segundo o desejo de Deus, o homem e a mulher estão vinculados entre si. O homem e a mulher estão numa relação mútua como fios magnéticos, que constantemente se atraem entre si. Atrai para o alto. E como a mulher eleva o homem? Quando encarna, quando vive a ‘mulher eterna’, quando o diabólico no homem é vencido pelo divino na mulher”. [4]
Esta elevação do ser é a participação na natureza divina, é a mulher eterna, expressada em ser “toda alma, toda entrega, toda pureza”.
Non erigitur vir nisi per feminam! O homem não é redimido se não for através da mulher!
Esta frase de São Bernardo recebe uma nova característica do Pe. Kentenich, que agrega:
O homem não é redimido se não for através da mulher redimida.
A Mãe de Deus é a mulher pré-redimida e plenamente redimida que, em íntima união a Cristo, é sua companheira e colaboradora em toda a obra da redenção. Assim, podemos afirmar que sem Ela é impossível a redenção. Tanto o ser feminino quanto o ser masculino devem encarnar o feminino em sua forma de ser, ou seja, o imensamente filial. “A filialidade é a raíz de um marcado serviço, a filialidade é também a raiz de uma virilidade sólida, ou de uma sólida paternidade” [5].
A mulher tem que ser redimida. Eu tenho que ser redimida interiormente pela graça divina. E chego a ser redimida se me entrego a Deus Pai com uma filialidade extraordinariamente profunda, terna, íntima….
Entregar-me a Deus Pai, estar submersa em Deus, permanecer em Deus. Para conseguir isso podemos, entre outras coisas, utilizar um meio eficaz: o silêncio. A Mãe de Deus também utilizou muito este recurso, já que “guardava tudo no silêncio do seu coração”.
“É muito, muito importante descobrir o que é o silêncio. Silêncio não é apenas não falar. Silêncio é algo mais profundo. Porque o maior barulho está dentro de nós mesmos. (…) O silêncio faz o homem ser mais parecido com Deus, porque Deus disse que ele é silêncio. Ele fala no silêncio. Nós o encontramos no silêncio e se você permanecer em Deus você se torna silêncio. (…)
O silêncio é realmente o momento onde eu me construo como um ser humano que se relaciona com Deus. E sem Deus, e sem silencio, nós estamos perdidos…” (Cardeal Robert Sarah).
“A humanidade feminina tem uma missão, uma missão para a redenção do homem e uma missão para a redenção da cultura de hoje. Disto concluo: na medida que desenvolvam em vocês o eterno, terão realizado o maior apostolado que poderiam realizar como mulheres” [6].
* Contribuição do Instituto Nossa Senhora de Schoenstatt
Foto: Stefan Wise, via cathopic.com
Referências:
[1] KENTENICH, Pe. José. Desafíos de nuestro tiempo
[2] KENTENICH, Pe. José. Jornada Pedagógica para a juventude, 1931
[3] KENTENICH, Pe. José. Jornada Pedagógica, 1934
[4] KENTENICH, Pe. José. Conferência durante o retiro para as Senhoras de Schoenstatt, 22.08.1966
[5] KENTENICH, Pe. José. Conferência durante o retiro para as Senhoras de Schoenstatt, 22.08.1966
[6] KENTENICH, Pe. José. Jornada Pedagógica para a Juventude, 1931