Reflexão para o dia 10 de dezembro
Sonia Tubino/ Maria Dulce Torres/ Thelma Soutello/ Juliana Dorigo – Estamos nos preparando para o Natal, a chegada do Salvador. Compartilhamos dessa ansiedade com Maria e José que caminham até Belém. É tempo de reconhecer que somos pequenos diante do amor de Deus por nós. Nesta espera, devemos praticar o amor ao próximo. “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12).
“Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram” (Mt 25,40). E assim fez João Pozzobon quando inicia a Vila da Caridade. O Sr. João foi um homem humilde, podemos enfatizar que ele entendeu a raiz da palavra Humus no seu sentido mais profundo: Ser também terra! Ele era parte da criação, era pó, algo leve, precário, passageiro e frágil, mas que também podia se transformar, se aglutinar e ser algo maior a partir das mãos de Deus.
Corrente de vida
Sua caridade nunca foi esmola, mas uma possibilidade de educação para o melhor. Ao escutar as queixas dos que lhe cercavam, ao ver as carências da realidade, colocava-se disposto a agir e atento ao que poderia extrair de cada um, movia-se como um elo na grande corrente da vida.
Havia uma família muito simples, uma avó e duas meninas, que morava num ranchinho. Elas não dispunham de um lugar para colocar a imagem da Mãe e Rainha que iria visitá-las, então a avó disse às netas: “Hoje de noite a ‘Santa’ (a Mãe Peregrina) vem para cá. Vamos dormir no curral com os cabritos para que eu possa colocar a Imagem no quarto de vocês”. Isso aconteceu no mês de julho, um mês de frio, bem gelado na região sul do país.
O senhor João Pozzobon soube dessa história um pouco antes do Natal, no dia 17 de dezembro de 1952. Quando a avó das meninas lhe contou sobre isso, ele ficou muito comovido e teve uma inspiração:
Perguntou-lhe: “Vamos construir uma capelinha?” “Com que dinheiro?”, disse a avó, “Somos pobres” “Também não tenho nada”, respondeu o Sr. João. E acrescentou: “Não existirá capim seco para cobrir a capela?”
Três dias depois, voltou o Sr. João e, com as pessoas que moravam nas redondezas, resolveram que os pais, as mães e as crianças arrancariam capim seco e outras plantas. Surgiu, assim, a primeira capela construída por ele, a “Capelinha de Capim”.
Em 1954 chega-lhe às mãos, por obra da Providência, uma pequena soma em dinheiro. Ele compra, então, um pedaço de terra. Com a ajuda de doações de pessoas generosas começou construindo, com os pobres do lugar, uma casinha de madeira, propondo-se a levantar uma a cada ano.
Pretendia assim fornecer “moradia gratuita aos pobres, para educar, fazê-los saber valorizar-se como pobre, formar cidadãos e também para que todos conhecessem a religião”. Tinha como meta legalizar a vida espiritual e civil dessas pessoas. Pensava ainda na oferta de trabalho.
Levantou pequenas casas e graças a ajuda de novos doadores, efetuava ali a distribuição de roupas e alimentos. Juntamente com as primeiras casas, foi fundada, na “Capelinha de Capim”, a primeira escolinha com 15 alunos.
Ser humilde
Foi assim, sendo humilde no caráter, mas com uma personalidade audaciosa e forte, que agrupou tantos outros e os incentivou na construção da Vila da Caridade. Colocava a mão na massa e compartilhava seus próprios recursos em favor do bem comum!
Ser humilde, ser terra é se dispor a se deixar modelar pelas circunstâncias e desafios que os tempos nos propõem e isso João Pozzobon sempre o fez, com arrojo, responsabilidade e confiança em Deus Pai.
Saiu de sua cidade natal e veio com a primeira esposa buscar um novo rumo e melhor tratamento para ela. Depois de seu falecimento, acolhendo sugestões casa-se novamente e forma uma bela família dirigida por seu pulso firme e coração educador.
Deu-lhes valores e exemplo do quanto esse Humus, esse pó tão pequenino e volátil é significante quando se deixa conduzir pelo amor providente do Pai. E até hoje todos seus filhos e netinhos sentem-se abençoados por terem tido essa formação em forma de amor e responsabilidade para com o outro.
Citações: Heroi Hoje, Não Amanhã. Esteban J. Uriburu