Um testemunho de amor a Jesus
Ir. Glória Maria Melo – Paralelo ao Ano João Luiz Pozzobon, a Igreja do Brasil prepara-se para vivenciar, em novembro, o XVIII Congresso Eucarístico Nacional. Neste contexto, os schoenstattianos encontram mais um motivo para contemplar, na vida do seu herói, o amor à Eucaristia, “fonte e ápice de toda a vida cristã” (LG 11).
Como disse o Papa São Pio V: “Se os anjos pudessem sentir inveja, nos invejariam porque podemos comungar”. Maravilhado por esta imerecida graça, João Pozzobon relatou certa vez como aprofundou em si a experiência da comunhão diária: “Eu participava da missa dominical, o que é dever de todos. E quando comecei a entrar na educação de Schoenstatt, do Santuário, então comecei a participar um dia a mais durante a semana. Depois mais dois e assim, aos poucos, cheguei à missa diária”.
Primeira peregrinação do dia para Jesus Eucarístico
Com fidelidade, até o seu falecimento, João Pozzobon dedicava sua primeira peregrinação do dia a Jesus eucarístico. Tão significativo tornou-se para ele este ato que, próximo à cabeceira de sua cama, vê-se um quadro com um desenho onde aparece sua casa e o Santuário Tabor. Este foi feito em comemoração aos 30 anos de peregrinação diária à Missa, no Santuário.
E não bastou para ele comungar Jesus, mas seu grande anseio era levá-lo aos irmãos. Assim, em 16 de fevereiro de 1972, na esplanada do Santuário Tabor, João Pozzobon recebeu a missão de ser Ministro Extraordinário da Sagrada Eucaristia, especialmente para levar a comunhão aos doentes. Em dezembro do mesmo ano foi ordenado diácono permanente. Posteriormente, escreveu um relatório ao Bispo Diocesano Dom Érico Ferrari sobre o exercício do seu ministério, onde testemunha: “foi como viver num jardim de flores, onde florescem sempre mais flores de alegria”.
Para João Pozzobon, a presença real de Cristo na Eucaristia era inseparável da presença real de Cristo no pobre ou no doente. Como ele gostava do simbolismo da rosa e de presenteá-la, fazia este gesto em suas visitas, como sinal de alegria. Disse ele, uma vez, a quem o acompanhava: “Não é preciso falar muito, só o sacrifício que fazemos vai convertendo, pouco a pouco, as pessoas. Não importa o que nós fazemos, mas da ação de Deus por meio de nós”.
Nas visitas, recordava às pessoas de sua dignidade de filhos de Deus, da riqueza de terem uma Mãe como a Virgem Maria, da grandeza de seu destino eterno na glória.
Peregrino dos tabernáculos
Também, em sua peregrinação aos tabernáculos da cidade de Santa Maria, levava rosas para Jesus. Assim como rosa e espinho formam uma unidade, amor e sofrimento na vida de João Pozzobon encontravam seu sentido na Eucaristia, onde Cristo, o trigo da humanidade, precisou ser triturado e se tornou alimento. Para João Pozzobon, peregrinar (muitas vezes jejuando a pão e água) para adorar o Cristo nos sacrários das igrejas era vivenciar o que disse Santo Agostinho sobre a presença de Jesus no Tabernáculo: “Ele (Jesus) se esconde porque quer ser procurado”.
O amor à Eucaristia em João Pozzobon também se fazia perceber nas horas de adoração que passava ajoelhado no Santuário. Ele acreditava naquilo que os santos diziam: “O tempo passado diante do Sacrário é o tempo mais bem empregado da minha vida” (Santa Catarina de Gênova). Além da importância do silêncio para a fecundidade apostólica, conforme diz o Papa Francisco: “O silêncio não se reduz a ausência de palavras, mas, sobretudo, a pré-disposição de ouvir outras vozes, a do nosso coração e mais ainda a do Espírito Santo”.
As tantas iniciativas apostólicas que herdamos de João Luiz Pozzobon só podem ser explicadas pela atuação do Espírito Santo em sua alma. E é a presença do Espírito Santo que tudo santifica e transforma. “O Espírito Santo consagra o pão e o vinho, reúne os fiéis a Cristo ‘num só corpo’ e transforma-os numa oferenda espiritual agradável ao Pai Celestial”, afirmou São João Crisóstomo.
Que o Ano João Luiz Pozzobon nos inspire a uma vivência mais profunda da Eucaristia.