“Senhor, torna-me madura como um grão de trigo, alimento para os famintos e desvalidos.
Que toda minha vida seja uma oferenda, doação total, então, estarei vazia de mim mesma e madura para a eternidade!” (Ir. M. Emilie Engel)
Karen Bueno – Tem pessoas que, só pelo olhar, já transmitem um pouco daquilo que é divino. São pessoas comuns, que estão na padaria, no supermercado ou na farmácia, mas que carregam um segredo particular: elas deixam escapar, em seus traços, a experiência que fizeram com o amor de Deus.
Um sorriso, uma palavra ou o simples estar próximo são os “super poderes” dessas pessoas, que fazem do céu uma realidade mais próxima e mais presente do nosso dia a dia. Quer um exemplo? Basta olhar a imagem acima. Ir. M. Emilie Engel, cujo aniversário é celebrado em 6 de fevereiro (isso mesmo, hoje), foi uma dessas pessoas especiais.
É uma mulher normal. Ao olhar para sua expressão serena, ou mesmo para as suas vestes de consagrada, não a imagine com dons sobrenaturais ou com habilidades excepcionais. Seus “super poderes” eram diferentes.
Ir. M. Emilie soube transparecer o divino – ser reflexo de Cristo – em todos os estágios da vida: na alegria, na confiança, na criatividade, na vinculação, na entrega, na dor, no sofrimento…
Mas nem sempre foi assim. A princípio, desde criança, Emilie era medrosa por natureza e sofria com crises de angústia. Os complexos de inferioridade, que muitas vezes nós também carregamos, marcaram suas lutas pela santidade. Como se diz muitas vezes, ela é “gente da gente”.
Mas Emilie conseguiu avançar muito além do seu ser débil e incapaz. E isso ela alcançou porque sempre estava aberta para a graça divina. Vejamos, para nos inspirar, três de suas características que a tornaram mais semelhante a Cristo:
Alegria – Quem quer refletir Cristo para o mundo precisa ser alegre, afinal, não existe cristão autêntico com “cara de pimenta com vinagre”, diz o Papa Francisco [1]. Ir. M. Emilie, como se sabe, foi diagnosticada com tuberculose e sofreu muito pela doença. Mesmo assim era uma pessoa alegre e também alegrava os demais. Em seus apontamentos, escreve: “Afirmar com alegria minha condição e vê-la como uma prova de amor da parte de Deus. Suportar ocultamente meus pequenos e grandes sofrimentos com o rosto alegre, para que ninguém os perceba” [2].
Filialidade – Ela mesma descreve como queria viver essa característica: “Penso que devo transferir para a minha vida espiritual, para o meu relacionamento com Deus e com os que o representam, o procedimento natural de um bom filho. O fundamento deve ser a consciência do meu total desamparo, do meu nada e de um profundo espírito de fé, que me impulsionem a lançar-me nos braços paternais de Deus. Desse espírito de fé deve brotar a simplicidade da criança, o olhar dirigido unicamente a Deus” [3].
Espírito sacrifical – Ir. M. Emilie não queria “dar somente seu sim a todos os sofrimentos e dificuldades interiores e exteriores, mas também agradecer por isto e, inclusive, desejá-los como um meio de santificação” [4]. Unida interiormente ao sofrimento de Cristo, implora “poder amar meu abandono interior sabendo que, nele, Jesus se inclina para mim”.
Um grão de trigo
Tudo isso, e muito mais, a tornaram um pouco mais parecida com Cristo. O resultado não surgiu da noite para o dia; foi reflexo de uma vida toda, entre acertos e tropeços. E hoje, chamada de “venerável” pela Igreja, do céu ela pode nos ajudar a também sermos reflexos de Cristo: “Todos vocês, os que sofrem sob grande angústia, venham comigo no trem expresso da filialidade. Convido-os ao compartimento no qual estou sentada, à frente do qual está escrita a palavra ‘Providência’ e, em seu interior, vale a senha: ‘Ita Pater – Ita Mater’ (Sim, Pai – Sim, Mãe)”.
Oração pela canonização de Ir. M. Emilie Engel
Deus, nosso Pai, confiando filialmente em tua sábia e bondosa providência, Irmã Emílie trilhou o caminho de sua vida. Mesmo no sofrimento e na insegurança ela pronunciou o “Sim Pai” aos teus desejos e a tua vontade. Desta forma ela encontrou profundo abrigo em teu coração paternal, em meio a todos os temores e aflições. Nela manifestaste poderosamente teu amor e tua misericórdia.
Eu te peço a canonização de Irmã Emílie para a tua glória, para a honra da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt e para a bênção da humanidade.
Por sua intercessão, atende os meus pedidos, assim como corresponde a tua bondosa providência. Amém.
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[1] Papa Francisco. Homilia matutina, Casa Santa Marta, 10.05.2013
[2] Wolff, Margareta. Meu sim é para sempre. Sociedade Mãe e Rainha, Santa Maria/RS, 1ª edição
[3] Idem
[4] Ibidem