Família: comunidade de corações, escola de amor
Pe. Nicolás Schwizer – Formar, na família, uma comunidade de corações não é tarefa fácil. Exige muita nobreza, dedicação, paciência e amor desinteressado da parte de cada um. Existem muitos obstáculos nesse caminho, principalmente por nossas limitações, nossa falta de autoeducação e maturidade pessoal.
É difícil para nós, por exemplo, querer bem, o tempo todo, a cada um, pela maneira distinta de ser , as excentricidades e loucuras que nos vão incomodando e cansando. Todas as famílias experimentam um ou outro tipo de dificuldade. E os mais jovens, que ainda não as viveram, viverão em seu momento.
Mas, apesar de todos os problemas, há que seguir lutando por uma profunda comunidade de corações. Porque sem isso, nossas famílias podem se transformar em pequenos infernos, nos quais reinam intrigas, invejas, ciúmes, vinganças.
E o que podemos fazer para chegar a ser uma verdadeira comunidade de corações? Ou, em outras palavras, como deve ser esse amor que nos une como vínculo na profundeza de nossas almas?
Qualidades de nosso amor
Para formar uma comunidade de corações, nosso amor deve ter três qualidades:
1. Deve ser um amor que protege o irmão. É um amor para sempre, que nunca deixa de protegê-lo. É como com um filho degenerado a quem toda a família rejeita, mas no coração de sua mãe sempre encontra um lar. É um amor que protege os demais, sem exceção.
Todos devem encontrar um lugar predileto em meu coração, em todas as situações, também em momentos de crise, de afastamento ou de queda.
2. Deve ser também um amor enaltecedor, nunca um amor que leve para baixo. E isso não é fácil na nossa sociedade atual, com todos os seus anti-valores. Mas nosso amor deve erguer e conduzir rumo às alturas, igual as chamas de fogo que querem levar tudo para cima.
3. Nosso amor deve ser um amor que aguenta e suporta. Um amor tão profundo, que nos quer conduzir a uma comunidade de corações, não pode existir sem sacrifícios e renúncias. Temos que aprender a nos suportar não apenas com amor, mas também com alegria. Temos que dar um sim pleno e total aos demais, isso quer dizer aceitar e suportar também todos seus caprichos e desvarios.
Educação de nosso coração
Como devemos educá-lo na relação com os demais?
1. Hei de procurar ter um coração respeitoso. Um coração que tem respeito e até veneração com cada pessoa. E esse respeito eu o mantenho inalterado frente às suas debilidades, limitações e fracassos. Na família que formamos, queremos chegar a ser um só coração e uma só alma, mas de maneira tal que ninguém perca sua originalidade, que cada um tenha liberdade de pensar e atuar.
2. Meu coração deve se tornar um coração sumamente bondoso. É uma bondade que não se importa com as limitações e debilidades alheias, que ignora as coisas ofensivas ou feridas dos demais. E tudo isto como fruto de uma bondade profunda do coração.
3. Meu coração deve sentir-se responsável pelos outros. Tenho que ser responsável por eles, por sua saúde, sua alegria de viver, sua maturidade afetiva, seu equilíbrio emocional, sua liberdade interior, sua independência frente à sociedade de consumo. Sou responsável pelo seu crescimento ascético e espiritual, sua aspiração aos ideais, seu cumprimento dos propósitos, sua fidelidade na luta pela santidade. Esta responsabilidade fraternal significa também falar com grande franqueza; fazer ver, com amor, seus erros e faltas; criticar, se é necessário, com humildade e sinceridade.
Todas essas reflexões são aprofundadas na Exortação Apostólica Amoris Laetitia, do Papa Francisco: clique para conhecê-la.
Perguntas para a reflexão
1. Tenho esse coração respeitoso que vê com profunda admiração cada familiar?
2. Possuo essa riqueza interior de uma bondade sincera e benévola, que se esquece das experiências ruins e olha apenas suas coisas boas?
3. Tenho esse coração responsável pelos outros?
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