“Amigos vivem um-no-outro. O coração de um é a morada do outro. Para amigos verdadeiros vale o imperativo: “Totum pro toto!” Tudo por tudo!” (Pe. José Kentenich) [1]
Ir. Viviane Maria Penitente Ribeiro – “Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro” (Eclo 6, 14), assim se expressa tão belamente o autor sagrado. Quem já vivenciou uma amizade verdadeira não tem dúvida da genuinidade desta frase. De tal mensagem, inspirada na Sabedoria Eterna, haurimos bênçãos especiais e direcionamento seguro que norteiam nossa vida, nosso querer, pensar e amar.
Os sentimentos cultivados em uma amizade sincera são sempre uma valorosa arma contra a solidão e o desamparo.
A palavra “amizade” tem origem latina, amicitatem, e significa “estima, dedicação recíproca entre pessoas” (Dicio). Portanto, essa força também acolhedora é inerente à natureza humana, que persiste com vínculos e é dependente de vínculos.
Um estudo de 2012, realizado pelo Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade de Londres, concluiu que a amizade é especialmente importante para as mulheres. E por que isso acontece? Para as mulheres, as amizades exercem grande impacto sobre o tipo de pessoa que ela é e em quem ela vai se converter. As amizades são também benéficas, entre as mulheres, para fazer frente ao estresse, pois o sentimento de amizade provoca a liberação de ocitocina, o hormônio que reduz os níveis de tensão e gera um efeito calmante [2].
Estar com uma amiga, ou melhor, ter uma amiga significa, portanto, de maneira figurada, cultivar um oásis de paz.
Efeitos biológicos
Em situações de longa ansiedade e estresse nosso organismo sofre as consequências da presença de mediadores químicos que elevam a pressão sanguínea e os níveis de glicose no sangue. Esses são mecanismos naturais de adaptação para enfrentar tais situações que, se não tomados em consideração, podem levar ao desenvolvimento de problemas de saúde.
Todavia, no organismo feminino existe outro mediador secretado na corrente sanguínea em maior concentração que se comporta como uma verdadeiro contra-regulador, como já foi citado acima: a ocitocina.
A ocitocina é produzida em uma glândula localizada em nosso cérebro e armazenada na hipófise, tem diversas atuações, entre outras, atua no sistema límbico que está ligado aos sentimentos e relacionamentos entre iguais.
Efeitos espirituais
Na vivência da espiritualidade schoenstattiana nos deparamos com a realidade da Pedagogia das Vinculações e da Pedagogia da Aliança, que fazem parte das cinco estrelas condutoras.
O Pe. José Kentenich, Fundador da Obra Internacional de Schoenstatt, via nas vinculações e na vivência da Aliança de Amor o caminho de santidade que devemos trilhar, a fim de contribuirmos para a formação no novo homem na nova comunidade.
E quem melhor que a Mãe de Deus para cultivar em nossos corações femininos a verdadeira amizade, com a força do amor que une e assemelha? O Pe. Kentenich, certa vez, aconselhou a um grupo de moças da Juventude Feminina de Schoenstatt: “Pensem em quantas pessoas no mundo especulam por conquistar nosso coração. […] Suponham, ainda, que uma amiga queira meu coração para si. Primeiro pergunto à Mãe: posso doar meu coração àquela amiga?” . Ele refere-se, aqui, ao doar-se no sentido da amizade; dizia isso às jovens porque elas selaram a Aliança de Amor e, consequentemente, seus corações pertenciam, em primeiro lugar, à Mãe de Deus – por isso esse “pedir permissão à Mãe”. Era também uma forma de ajudar as meninas a escolherem amizades que seriam construtivas para a vida de cada uma.
Portanto, cultivar e aprofundar o vínculo com a Mãe de Deus no Santuário, por meio da contemplação de sua imagem, e torná-la sempre mais viva para nós na Aliança de Amor faz surgir para nós e para quem nos cerca um oásis de paz. Também nos ajuda a cultivar a paz interior e ser pólo de segurança para todos os que se encontram conosco em nosso dia a dia.
Contribuição do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, Província Schoenstatt-Tabor
Referências:
[1] Pe. José Kentenich. Santidade de Todos os Dias. O amor de amizade
[2] Estudo disponível em: https://jech.bmj.com/content/67/2/166 e https://taylorlab.psych.ucla.edu/