“Não querem refletir se e em que medida nossa alma atingiu o estado de transfiguração de Jesus? Precisam apenas se perguntar: em que medida sou inflamável para o que é grande e divino?” (Pe. José Kentenich) [1]
Pe. Francisco José Lemes Gonçalves – Neste nosso itinerário espiritual para celebrar a Páscoa da Ressurreição do Senhor somos convidados a nos desacomodar e nos colocar a caminho – e nisto não estamos sós, Deus caminha conosco (1ª leitura). A salvação vem de Jesus e não são as nossas obras que nos levam à salvação (2ª leitura). Neste domingo somos convidados a subir à montanha, pois lá Jesus nos revela sua glória, mas precisamos escutá-lo e também descer para o chão de nossas realidades, carregar a cruz de cada dia, ser “samaritano” diante das fragilidades de nossos irmãos – e, com Cristo, percorrido este caminho, chegaremos à Ressurreição e alegraremos a muitos.
Deus nos convida, como fizera com Abrão (depois se torna Abraão), a sair de nossa terra, ou seja, daquilo que muitas vezes nos acomoda. E creio que cada um sabe bem aquilo que o acomoda, impedindo muitas vezes de ouvir a voz de Deus. Sair é uma atitude heroica que muitos podem não compreender, pois a lógica hodierna é: quanto mais acomodados estivermos, melhor!
E, ao sair da comodidade, não estamos sós neste caminhar. Deus caminha conosco e nos faz pessoas abençoadas a partir de Deus, que é a fonte de todas as bênçãos. Hoje, o cristão deve estar disposto a este desafio de nosso Bom Deus, pois neste mundo estamos sempre em “saída” até o dia em que nos encontrarmos definitivamente na Pátria Celeste!
Na montanha santa do Tabor Jesus se revela a Pedro, Tiago e João; e ali Moisés e Elias confirmam a missão de Jesus e seu fim trágico de todo aquele que se compromete com a dor do outro; mas será vitorioso e a muitos conduzirá à vitória. Mas, para isso, é preciso ouvir a voz de Deus que nos exorta: ESCUTAI-O! É escutando o Filho que conseguiremos realizar as obras do Reino; é escutando o Filho que veremos nos fragilizados sua imagem; é escutando o Filho que teremos coragem de descer e sair, nos envolver e pôr a “mão na massa”. “É bom estar na montanha santa”, precisamos deste tempo de contemplação, oração, retiro… depois é hora de descer, pois a missão nos espera.
Nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, fez do Santuário de Schoenstatt um Tabor das glórias de Maria. Ela, nossa Mãe-Educadora, nos educará para melhor ouvir a voz do Filho Amado de Deus curando-nos do barulho e vozerio do mundo que nos acomoda e por vezes nos faz insensíveis à dor dos outros. Seu Santuário torna-se esta montanha santa, onde é bom estar. Ela nos atrai para seu Santuário, nos aproxima da Mesa da Palavra (instruídos por seu Divino Filho) e nos conduz à Mesa da Eucaristia, onde nos alimentamos, depois nos envia “montanha abaixo” para a missão de transformar o mundo num “belo lugar”.
Com nosso Pai e Fundador rezamos:
“Teu Santuário irradia em nosso tempo o esplendor e a glória do Sol do Tabor.
Onde o Sol de Cristo se manifesta claramente, como outrora no Tabor,
Ali é bom estar, como no paraíso, pois o Espírito Santo estabeleceu sua morada”
(Rumo ao Céu, 196-197)
Leituras do 2º Domingo da Quaresma de 2020:
1ª Leitura – Gn 12,1-4a
Salmo – Sl 32,4-5.18-19.20 e 22
2ª Leitura – 2Tm 1,8b-10
Evangelho – Mt 17,1-9
[1] Pe. José Kentenich, Santa Maria/RS, 2 de setembro de 1947. Disponível em: Tabor nossa Missão, col. Brasil Tabor, vol 1