Em José vemos uma perfeita Aliança de Amor
Pe. Heitor Morschel – “São José, a vós nosso amor. Sede nosso bom protetor. Aumentai o nosso fervor!” Este hino a São José expressa, além da devoção popular, uma teologia intrínseca muito original: ninguém tem dúvida de que é um homem santo e, como homem santo, também pode ser nosso protetor. Então, nada mais justo que invocá-lo em nossas necessidades.
O vocábulo José, do hebraico “yôsef”, significa “que ele acrescente” ou, segundo outros estudiosos, “y’ôsef”, significando “que ele reúna” [1]. É um nome popular entre os judeus utilizado como nome pessoal ou nome tribal. No nosso caso, é o “esposo de Maria, da descendência de Davi” (Lc 1,27), o pai adotivo de Jesus. Este José somente é mencionado na Bíblia nos evangelhos da infância de Jesus e, muitas vezes, como figura secundária.
Contudo, ele é muito mais do que apenas uma devoção ou figura secundária dos evangelhos. Ele é considerado o “Patrono Universal da Igreja”. No Decreto Quemadmodum Deus do Papa Pio IX, de 8 de dezembro de 1870, lê-se: “Da mesma maneira que Deus havia constituído José, gerado do Patriarca Jacó, superintendente de toda a terra do Egito… Deus escolheu outro José, o fez Senhor e Príncipe de sua casa e propriedade e o elegeu guarda de seus tesouros mais preciosos” [2]. Que beleza de texto! E quem são os tesouros mais preciosos de Deus? Prontamente respondemos: Jesus e Maria.
Assim entendido, o Papa destaca em José um papel fundamental para todos os homens, aos pais de família e a toda a Igreja. E o mesmo Papa continua: “E Aquele que tantos reis e profetas desejaram ver, José não só viu, mas com Ele conviveu e com paterno afeto abraçou e beijou” [3]. Por isso, nada mais justo que o Papa Pio IX declarar São José como “Patrono da Igreja Católica”. O contexto desta época era difícil para o Papa e para a Igreja, motivado pela descrença e avanços da modernidade que se afastava de Deus e dos valores fundamentais da Igreja. Graças à coragem do Papa, hoje temos grande protetor.
Ele viveu a Aliança de Amor
Mas, na época de José, as dificuldades da vida não eram tão diferentes das nossas de hoje. Claro, com outras necessidades! Em José vemos uma Aliança de Amor perfeita: unido a sua esposa Maria na dedicação plena ao Filho Jesus. A superação das dificuldades na Família de Nazaré era construída sobre o fundamento do amor e da fé entre seus membros, sem contar com a graça de Deus que os acompanhava. Obedecendo à vontade de Deus, fizeram do seu lar “o primeiro lar cristão e a primeira Igreja doméstica”. O catecismo da Igreja Católica, ao discursar sobre a Igreja doméstica, nos diz: “o lar é assim a primeira escola de vida cristã e uma escola de enriquecimento humano” [4]. Nela o senhor “Jesus crescia em sabedoria e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2,40). E o Catecismo acrescenta: “É aí que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e mesmo reiterado, e, sobretudo, o culto divino pela oração e oferenda de sua vida” [5]. Por isso que a Família de Nazaré é o modelo perfeito a todas às famílias.
Pe. José Kentenich, num recolhimento às Famílias em 1953, nos estados Unidos, ao definir o ideal da família schoenstattiana, nos diz: “A família schoenstattiana é uma família que, por força da Aliança de Amor com a Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt, empenha-se a realizar eficazmente o ideal da Família de Nazaré” [6]. E qual é o ideal da Família de Nazaré ou quais as características que podemos cultivar em nossas famílias hoje? O Pai e Fundador responde: “Na Família de Nazaré o pai e mãe têm a posição que lhes é própria, conforme a intenção de Deus desde toda a eternidade. Nela o filho está no centro. Nela pai, mãe e filho estão unidos e entrelaçados pelo laço de um profundo e íntimo amor” [7]. Nesse modelo de família, o pai tem um papel fundamental que serve de exemplo a todos os pais: “O pai deve educar os filhos, não apenas gerá-los e alimentá-los” [8]. O pai é a cabeça da família. E por educação, entendemos a educação para a obediência e para a ousadia. O filho vendo o exemplo do pai, certamente vai querer imitá-lo.
Precisamos hoje redescobrir o valor e papel da figura paterna nas nossas famílias e na sociedade. Nisso São José tem muito a nos ensinar.
*Contribuição da União dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt
Referências:
[1] McKENZIE, John. Dicionário Bíblico. São Paulo. Paulus, 1984
[2] Ver todo o Decreto Quemadmodum Deus do Papa Pio IX, de 08 de dezembro de 1870, disponível no site: http://www.amoranossasenhora.com.br/decreto-quemadmodum-deus-do-papa-pio-ix-proclamando-sao-jose-como-patrono-da-igreja/.
[3] Idem
[4] Catecismo da Igreja Católica n.1657
[5] Idem. n. 1657
[6] Kentenich, José. Família serviço à Vida, Instituto das famílias de Schoenstatt, Vol. I, p. 61
[7] Idem. p. 23.
[8] Idem. p. 62.