Quando o desemprego bate à porta de tantas casas, a experiência de uma família schoenstattiana nos mostra como Deus está cuidando de tudo, sempre!
Luiz e Mara Dellaroza – “Tomou, pois, o senhor Deus o homem e o colocou no jardim do Éden para que o cultivasse e o conservasse em ordem” (Gn 2, 15)
“Viverás do trabalho de tuas mãos, viverás feliz e satisfeito” (Sl 128 v.2)
Com estas palavras, vemos que o trabalho foi pensado por Deus e faz parte da vida do homem desde a criação, portanto, realizá-lo deve levar-nos a sentir satisfação e felicidade.
E sua falta? Na grande maioria das pessoas, sem dúvida, sua falta gera infelicidade, angústia, incerteza, desânimo, etc.
Vivemos tempos em que o desemprego é grande e ele não escolhe pessoas; atinge a todos, independentemente de cor, sexo, grau de instrução, idade, cristão ou não cristão… Enfim, o desemprego muitas vezes pode bater na porta das pessoas e das famílias, não escolhendo em que fase da vida estão.
O pai e esposo
Experimentamos em nossa família natural esta realidade. De um ótimo emprego em uma grande empresa ontem, para um desempregado hoje. Tínhamos, na época, quatro filhos, entre 18 e 9 anos de idade, ou seja, ainda muito a ser feito em relação principalmente ao sustento e a formação.
Pessoalmente, como pai, inicialmente veio a pergunta: Por que isso agora? Por que comigo? A isso se juntou uma profunda tristeza, lágrimas… Mas nunca fomos tomados pelo desânimo e abatimento.
Os filhos
Nossos filhos relatam um pouco de suas impressões naquele momento:
…senti-me culpada, porque naquele momento iria estudar fora e, com isso, representaria mais gastos…
…formou-me pela primeira vez a ideia de que precisamos, juntos, nos esforçar para economizar e passar por esse momento…
…foi um período de bastante aprendizado e crescimento como família. Durante este período vivemos de maneira bem simples, porém nossa situação não era comparável com outras famílias que passam por essa mesma experiência, pois nunca nos faltou coisa alguma, mesmo com o desemprego.
…Hoje, passado mais de 10 anos, consigo entender o que enfrentamos e vejo que não passamos por grandes necessidades por três motivos: Confiança em Deus, esforço pessoal e união em família. Confiança em Deus de que dias melhores viriam e que não adianta tentarmos ter controle sobre tudo. Esforço, ao percebemos, durante esse período, o quanto é importante o esforço pessoal, tanto para viver sem os confortos que tínhamos no passado, como para superar a situação, pedir e confiar em Deus. União em família, pois ninguém cresce e supera desafios sozinho, neste período mais do que nunca a união nos ajudou a seguir em frente, a dar força e a superar o momento que vivíamos
…foi no momento da minha adolescência que percebi minha fé em Deus e descobri que nossa realidade é frágil e que precisávamos que Deus cuidasse de nós.
Sim, é isto que temos que mais praticar nestes momentos. A fé. A fé na Providência Divina. Nossos filhos sabiam de tudo, cada um fazia sua parte dentro de sua possibilidade e especialmente cada um entregava a Deus e a Maria as suas ofertas.
O Fundador de Schoenstatt, Pe. José Kentenich, nos diz que: “…todos os golpes do destino que nos atingem, todas as situações, todas as circunstâncias da vida em que nos encontramos não são frutos do acaso – não provêm do acaso; não, estamos convictos de que os meus, os teus, todos os nossos golpes do destino, todas as situações e circunstâncias da vida são previstos, providenciados, determinados e conduzidos por Deus” [1].
A mãe e esposa
Como esposa, meu trabalho estava mantido, por isso, cabia a mim trabalhar, economizar e ajudar os filhos a serem felizes e crescerem em maturidade naquela situação. Rezava muito e entregava tudo, sempre com alegria, sem queixas ou cobrança, só ajudando.
Neste sentido vemos e sentimos a importância destas palavras de São Tiago: “Considerai como suprema alegria, meus irmãos, quando vierdes a encontrar-vos em provação de toda espécie” (Tg 1, 2).
Neste contexto, surge um tesouro que nos foi presenteado e deixado a toda Família de Schoenstatt pelo Pe. Kentenich: o Santuário Lar. Num ato de total confiança e entrega, coroamos a MTA em nosso Santuário Lar como Rainha da Providência, na certeza de que Ela intercederia junto ao Pai, tudo ficaria bem e nossas necessidades seriam atendidas.
E assim, fortalecidos uns nos outros e com maior vínculo e entregas junto ao Santuário Lar, seguimos a vida. Novas portas se abriram e possibilitaram uma retomada normal em nossa vida familiar. Nunca nos sentimos desamparados – “Nada sem ti, nada sem nós”.
O que aprendemos
Apesar de ter sido um momento de muitos sacrifícios, temos a certeza de que este fato, vivido em nossa família, marcou de forma positiva nossas vidas, pois pudemos estar mais abertos à sempre e constante providência de Deus em todos os acontecimentos de nossas vidas. Aprendemos uns com os outros que juntos podemos muito, o espírito de consciência e sacrifício cresceu entre nós. Vivenciamos o Mater Perfectum habibit Curam (A Mãe de Deus cuidará perfeitamente). Também aprendemos o verdadeiro sentido do “Nada sem ti, nada sem nós”.
Damos graças a Deus por tudo que Ele e sua Mãe nos concederam e seguimos confiantes que o Deus misericordioso estará sempre conosco.
* Contribuição do Instituto de Famílias de Schoenstatt
Foto: Karen Bueno
[1] Anos Decisivos – Tomo 1 – pag. 72