Entre as grandes tendências apontadas por especialistas para o “mundo pós-pandemia”, está a busca por novos conhecimentos e novas habilidades [1], nas mais diversas áreas de conhecimento. Apesar de parecer uma “nova onda” gerada pelo Covid-19, essa tendência vai de encontro a um conselho muito antigo que Jesus mesmo deu numa parábola: “Senhor – disse-lhe – confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei” (Mt 25, 20).
Existem infinitas coisas a se aprender, seja no campo pessoal, profissional, familiar, intelectual, etc. No campo das artes também existem inúmeras experiências a serem desbravadas. Quem conta mais sobre isso é o seminarista Rafael Flausino, do Instituto dos Padres de Schoenstatt:
Quando me pediram para escrever sobre a evangelização através da arte, eu nem sabia por onde começar. Vou aproveitar, então, a oportunidade para contar um pouco sobre a minha experiência com a arte como seminarista dos Padres de Schoenstatt. Bom, eu nem me apresentei. Olá a todos e todas, sou Rafael Flausino, de Poços de Caldas/MG, e este é o meu nono ano no seminário.
Minha experiência no mundo da arte vem de antes de entrar no seminário. Desde jovem tive interesse pelo teatro e pela música, entretanto, foi durante meus anos no seminário que eu descobri outra paixão que tomou um lugar de destaque dentro da minha vocação e missão: a pintura. Não que eu seja bom nisso, me refiro a que ela tem um lugar de importância para a minha felicidade e realização pessoal como seminarista e futuro sacerdote. Por isso mesmo gostaria de falar um pouco sobre ela.
Quem nunca se emocionou olhando para a imagem da Mãe de Deus? Muitos carregam no pescoço uma medalhinha dela, ou de Jesus, ou uma Cruz da Unidade. Esses símbolos ou imagens nos levam a um contato muito profundo e íntimo com Deus. Na minha vida de oração, pouco a pouco eu fui percebendo que muitas vezes eu necessitava dessas imagens para conversar com Ele. Às vezes a gente se esquece que Deus, quando veio ao nosso mundo, veio com um rosto concreto, humano, que tinha um olhar que deveria ser profundo e que olhava nos olhos dos discípulos, nos olhos de Maria, de todos aqueles com quem Ele se encontrava no caminho. Mas isso aconteceu há 2000 anos. E hoje, como será que Jesus faz para mostrar o seu rosto a cada um de nós?
Deus sempre está saindo de si mesmo para vir ao encontro da gente. A arte é como um lugar privilegiado para esse encontro, porque faz com que Deus bata nas portas da nossa alma, por meio dos nossos sentidos (visão, audição, tato, etc.), para que a gente possa abrir para ele entrar. E todos os seres humanos estão abertos à experiência sensível da beleza. A beleza nos comunica algo bom, agradável. Para um católico que quer entrar em diálogo com as diversas realidades do mundo, a arte é um ótimo instrumento, pois transmite uma verdade universal: a experiência estética da beleza, que não está muito distante da experiência da presença de Deus, para aquele que crê.
Em um mundo onde as polarizações estão cada dia dividindo mais as pessoas, as famílias, a sociedade em si, a arte é um meio de evangelização que aproxima todo tipo de pessoa, crente ou ateu, numa linguagem comum, que é a da admiração e do assombro. Acredito que hoje Jesus quer se mostrar no rosto de muitos homens e mulheres de maneiras tão distintas quanto podemos imaginar. Por isso busco, por meio da pintura de retratos, mostrar alguns sinais da presença de Deus em rostos humanos. Nada mais humano e mais divino que um rosto.
Basicamente, minha experiência é esta. Graças a Deus fui tomando consciência da importância dessa minha missão durante os anos da minha formação ao sacerdócio na comunidade dos Padres de Schoenstatt e hoje posso dizer que a arte (em suas distintas expressões) é parte essencial da minha vocação. Para terminar, quero encorajar a todos os que gostam de desenhar, pintar, cantar, a começar a dar pequenos passos, para que Deus também te surpreenda e te dê uma missão dentro desse campo de evangelização. Qualquer coisa, conte comigo! Abraço!
Conheça algumas pituras do Rafael
[1] https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-04-13/como-o-coronavirus-vai-mudar-nossas-vidas-dez-tendencias-para-o-mundo-pos-pandemia.html