O exemplo de Sr. João Pozzobon e a Campanha da Mãe Peregrina
Jorge e Marcia Audibert – Estamos vivendo os 70 anos da Campanha da Mãe Peregrina e, conjuntamente, o ano do Sr. João Pozzobon (10/setembro/2019 a 10/setembro/2020). Pe. José Kentenich dizia que anos jubilares são anos de graças. Não é difícil compreender essas palavras, pois temos a oportunidade de conhecer ou mesmo reviver a vida santa do Sr. João Pozzobon durante este ano dedicado a ele.
A vida do Sr. João Pozzobon é um universo de momentos lindíssimos ofertados à Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Quando da aceitação da missão, em 10 de setembro de 1950, a partir da entrega da imagem a ele, o Sr. João Pozzobon não tinha consciência da dimensão que a Campanha da Mãe Peregrina alcançaria: “Eu vou rezar todas as noites o rosário” [1]. Notemos que ele não era jovem (12/12/1904), tinha sete filhos, esposa e poderia argumentar uma vida repleta de afazeres para não assumir essa missão. Ao invés disso, se entregou gradativamente nas mãos da Mãe e Rainha, sempre observando o que a Divina Providência lhe indicava: “Somente me pus à disposição como pequeno instrumento, como uma criancinha. Que Ela me levasse aonde quisesse. Eu iria aonde Ela me indicasse, mesmo quando enfermo” [2].
Em 1959 foi organizada a visita mensal das pequenas peregrinas às famílias. Nove anos parece um tempo grande, considerando o início da Campanha, mas a Mãe e Rainha sempre exigiu dele – e exige de todos nós – provas de fidelidade. Nesse período o Sr. João Pozzobon passou por tantos momentos de lutas e de graças alcançadas que os escritos sobre sua vida não podem quantificar. Um homem que também tinha muitas dificuldades com a visão e a leitura e por isso prestava atenção a tudo que ouvia. Ele se mostrava corajoso para enfrentar qualquer situação. Sabia que a Mãe e Rainha sempre caminhava com ele e tudo que pudesse acontecer estava nos planos da Divina Providência.
No ano de 1979 o Sr. João Pozzobon visitou pela primeira vez o Santuário original e outros centros schoenstattianos, dando a conhecer a “Campanha do Terço”, como era conhecida a Campanha da Mãe Peregrina. Foi guiado pelos Irmãos de Maria por diversos Santuários da Alemanha. Questionado se o método da Campanha do Terço funcionaria na Alemanha, respondeu singelamente: “Mas, por acaso os senhores experimentaram aqui? Porque também no Brasil eu achava que não dava, mas experimentei e deu” [3]
Em 30 de novembro de 1983, 25 imagens peregrinas foram enviadas à Argentina, tornando a Campanha internacional: “Bentas desde o Santuário no Brasil para serem portadoras deste Movimento a todo o continente americano…” [4]
Falar do Sr. João Pozzobon em tão poucas palavras é tarefa difícil. Por meio da sua biografia temos a oportunidade de conhecer sua vida santa e digna. Se em algum momento nos compararmos ao Sr. João Pozzobon poderemos nos sentir desanimados diante de tanta força espiritual e tantas realizações. A vida do Sr. João Pozzobon é única, sua missão no tempo (o momento e a cultura da época) e no espaço (no local em que viveu com suas características peculiares) não pode ser realizada por outra pessoa. Mas foi assim também com nosso Pai Fundador, Pe. José Kentenich, que viveu uma missão única, insubstituível. Se olharmos os santos de forma geral veremos que também tiveram uma missão original em suas vidas.
Quando nos perguntamos o que os santos – incluindo as pessoas com fama de santidade, como João Pozzobon, que são acompanhadas pela Igreja – tiveram em comum para cumprir as suas missões encontramos pelo menos uma resposta: eles acreditaram nos seus ideais, de forma consciente ou inconsciente, e o entregaram com todo amor nas mãos de Deus. Talvez ainda não tenhamos entendido o poder de santidade contido nos nossos ideais pessoais. Mas se acreditarmos nele como uma missão original e intransferível, nós também faremos coisas grandiosas diante de Deus. Para tal, é preciso se entregar inteiramente nas mãos da Mãe e Rainha, confiando que possa nos educar e nos faça semelhantes ao seu filho Jesus.
A missão do nosso ideal pessoal é única, mas o seu florescer depende da nossa fé e da nossa confiança na Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Quem sabe quantos “João Pozzobon” não estão prontos a desabrochar.
*Contribuição da União Apostólica de Famílias de Schoenstatt
[1] 140.000 Km a Caminho com a Virgem, pag. 28, ed. 1985
[2] 140.000 Km a Caminho com a Virgem, pag. 31
[3] 140.000 Km a Caminho com a Virgem, pag. 82
[4] 140.000 Km a Caminho com a Virgem, pag. 100