Cresce a Obra das Famílias
Olindo e Marilene Toaldo – Na volta do campo de concentração, o Fundador de Schoenstatt, Pe. José Kentenich, designa o Pe. Johannes Tick para iniciar o trabalho de organização, visando construir a Obra de Famílias. Ele trabalha intensamente junto às famílias, viajando em situações difíceis para visitá-las e formar grupos em diversas dioceses da Alemanha. Consegue realizar um encontro em Schoenstatt em 1947 e, no final de outro encontro, no ano seguinte, um grande grupo de 41 famílias consagra-se iniciando, assim, a Liga de Famílias de Schoenstatt – este dia era o Domingo da Santíssima Trindade. Para essa ocasião o nosso Pai escreveu a Carta de Santa Maria, depois declarada Documento de Fundação da Obra de Famílias.
Um ramo florescente nessa Obra: a União de Famílias
Pois bem, das famílias consagradas que iniciaram a Liga, 35 delas manifestaram a aspiração de participar de uma comunidade que oferecesse uma vida comunitária mais intensa. Para isso, iniciaram a sua candidatura com vistas à fundação da União de Famílias. Após um retiro preparatório de quatro dias, pregado pelo Pai e Fundador, ela se concretiza no dia 4 de junho de 1950, festa da Santíssima Trindade, quando, durante a missa no Santuário Original, ele recebe a consagração de 25 famílias que constituíram o I curso. Estava fundada a União de Famílias. Eram casais e filhos originários de seis Dioceses da Alemanha, distantes umas da outras: Münster, Paderborn, Colônia, Aachen, Munique e Rottemburg. [1]
Sacrifícios de fundação
É difícil hoje imaginar os sacrifícios que essas famílias pioneiras tinham que enfrentar para chegar a Schoenstatt e participar desse retiro e encontros. No período pós-guerra havia muita pobreza e as famílias tinham escassas condições econômicas. Viajavam de trem e para algumas a viagem durava um dia inteiro. Além disso, em Schoenstatt, na Casa de Retiros onde se reuniam, as condições eram precárias, não havia quase nada além do abrigo. Por isso, os casais, com seus filhos e as bagagens necessárias, ainda precisavam levar mantimentos para preparar as refeições. Eles chegavam à estação, em Coblença, distante 7 Km de Schoenstatt, trecho que devia ser percorrido a pé.
Conta-se que o pai levava parte da bagagem com a esposa e os filhos, andavam mais ou menos quinhentos metros. Ele deixava-os ali e voltava para buscar o restante da bagagem e os mantimentos e repetiam o mesmo ritual: andavam mais quinhentos metros e o pai voltava para apanhar o restante da bagagem e os alimentos e, assim, sucessivamente, até chegar à Casa de Retiros.
Reconquistar o espírito de origem
Seria muito importante para nós, mergulhar um pouco mais na história de nossas origens, nesses tempos de guerra e de tremendas dificuldades vividas pelas famílias, ler e refletir sobre os testemunhos de muitas delas para, quem sabe, despertar-nos (“despertai, despertai-vos uns aos outros!”) e ajudar-nos a compreender que nossas dificuldades nem sempre são tão grandes. Poderíamos perguntar-nos se, por vezes, não são desculpas, justificativas nem sempre honestas, em outros termos, não seria pouca generosidade/magnanimidade diante de nossos ideais, dos compromissos assumidos com nossas comunidades e ramos e do que prometemos à nossa Mãe e ao nosso Pai e Fundador.
Flores e frutos
Bem, a partir da irrupção de graças surgida nesse humilde início, nesse início simples, pequeno, fora da publicidade, mas ao mesmo tempo exigente na atitude sacrifical, como ocorre com as obras de Deus, a nova fundação cresceu, desenvolveu-se e espalhou-se pelo mundo. Hoje a União de Famílias é uma Comunidade internacional consolidada, presente em 18 países com um total de aproximadamente 2 mil famílias. No Brasil constituímos 34 Cursos com um total de 190 famílias.
Continua…
Leia também: 70 Anos da União de Famílias – Parte I
[1] Fontes, edição da União de Famílias na Alemanha, Tomo III, p. 50 e Relatório de Siegfried Breyer, membro do I Curso da União de Famílias.