Porque não existem apenas problemas e dificuldades, mas vários presentes da Providência Divina
Ir. Cassiana Maria Jänisch – Se lançarmos um olhar à situação econômica, tida como o centro do mundo e capaz de resolver qualquer problema, a vemos indefesa frente ao coronavírus. As famílias estão sentindo o abalo econômico e administrar as despesas se torna quase um princípio de sobrevivência. Adquire-se somente o necessário para tentar assegurar a crise financeira; avalia-se o que é prioritário adquirir para a família.
Por outro lado, constata-se que nas casas onde existe uma espiritualidade cristã e os membros estão habituados às práticas religiosas e vivem as virtudes evangélicas da caridade, das boas obras, da renúncia, estas conseguem enfrentar a crise econômica com muito mais força e encontram novos caminhos para enfrentar a situação.
O Papa Francisco, em seu livro “Vida Após a Pandemia”, nos motiva quando afirma que “A nossa civilização […] precisa de uma mudança, de um balanço, de uma regeneração. Vós sois construtores indispensáveis desta mudança que já não pode ser adiada”[1].
Efetivamente, estamos fazendo parte da história dos desafios de nosso tempo. Estes devem ser oportunidades para sermos construtores de um mundo melhor que pensa no todo e não egoisticamente em si mesmo, em sua casa e em sua família. Pe. José Kentenich dizia que as “dificuldades são tarefas”. Não podemos permitir que as dificuldades diminuam nossa alegria de viver, de sermos gratos e fazermos a diferença. Desse modo, talvez a pergunta decisiva diante da situação em que o mundo vive, seria: Estamos aproveitando este tempo para sermos mais cristãos e pessoas mais espiritualizados? Jesus diz: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Será mesmo que estamos aproveitando este tempo como “oportunidade” imprescindível para descobrir o valor do que existe na minha “casa”? Por exemplo: descobrir o valor dos pais, dos irmãos, do esposo, da esposa e filhos, e isso, apesar de todos os defeitos que possam existir? As dificuldades não deveriam ser motivo para deixar desabrochar as nobres virtudes que existem nos membros da família, muito pelo contrário, podem ser indicadores de uma nova luz para vencer os desafios.
[1] FRANCISCO, papa. Vida após a Pandemia. Tradução de L’Osservatore Romano. Curta del Vaticano: Libera Editrice Vaticana, 2020